diário de cuiabá
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=415170
Famílias convivem com ameaça de despejo
Moradores chegaram ao local em 2001 e tiveram o aval da prefeitura para ocupar os terrenos, que estavam repletos de lixo
STÉFANIE MEDEIROS
Da Reportagem
Setenta e seis famílias convivem com o risco de despejo no bairro Dom Aquino, em Cuiabá. O juiz Aristeu Dias Batista determinou o cumprimento de liminar de reintegração de posse à proprietária Constança Teixeira de Figueiredo. O processo atualmente tramita na 6° Vara Cível da Comarca de Cuiabá/MT.
Os moradores do bairro em questão estão no local há 12 anos e já conseguiram derrubar três liminares, que determinavam a remoção. Agora, uma nova determinação judicial está prestes a ser cumprida e pode gerar a desocupação da área, que tem 4.086 metros quadrados.
Na enchente do rio Cuiabá, em abril de 2001, várias pessoas ficaram desabrigadas. Com a autorização da prefeitura da Capital, os cidadãos foram autorizados a ocupar alguns terrenos vazios no Dom Aquino, com a garantia de que o processo de desapropriação seria encaminhado pela prefeitura.
Na época, o bairro Dom Aquino era uma região pouco desenvolvida, com vários terrenos baldios servindo como lixão. Com o aval dos governantes, os moradores atuais ocuparam quase toda a região, depositando nela todas as suas economias. Hoje, a área possui comércio e casas de bom padrão, habitadas por pessoas de todas as idades. “Nós depositamos todos os nossos sonhos aqui, lutamos pra construir nossas casas, e agora falam que temos que sair?”, questiona Rosenil Evangelista, morador da região.
No entanto, a desapropriação prometida pelos governantes não foi feita e hoje os moradores enfrentam a ameaça de despejo. Os habitantes das casas que devem ser desocupadas já redigiram um acordo para comprar seus lotes, que foi registrado em cartório. O preço oferecido por eles era R$ 70 por metro quadrado. No entanto, a proposta foi recusada pelos advogados da proprietária, alegando que o valor oferecido era “inverossímil” e muito abaixo em relação ao preço real dos terrenos. Mesmo com a recusa, os moradores continuam dispostos a negociar.
Uma das moradoras, Elizabeth de Souza, conta que está indignada com a situação. Ela diz que quando se mudou para o bairro, tudo o que encontrou era um lixão. “Eu gastei tudo o que eu tinha para tirar o lixo daqui e eu poder construir minha casa. Por que eles esperaram todo esse tempo pra falar que a gente tem que sair?”.
É também o que pergunta Dorotéia Silva, de 76 anos. Já doente, com problemas nos dois joelhos e mal conseguindo falar, ela conta que veio para o bairro Dom Aquino com os filhos, que se juntaram para construir a casa dela. “Essa casa foi construída com o suor dos meus filhos, nós não queremos sair”, diz.
De acordo com a representante dos moradores afetados, a advogada Lucilene Fagundes, haverá um ato contra a ordem de despejo na segunda-feira, às 16 horas. Os moradores, reunidos, dizem que farão o que for necessário para não terem de sair de suas casas. Segundo eles, há o temor de que se repita o que aconteceu no bairro Jardim Humanitá, onde ação da Polícia Militar foi considerada violenta.
No entanto, mesmo que isso aconteça, eles dizem que irão resistir. “Pode ter derramamento de sangue, confronto, corrente humana, o que for, mas nós não vamos desistir de nossos lares”, dizem.
A reportagem entrou em contato com o escritório do advogado da proprietária do imóvel, Jorge Aurélio Zamar Taques, mas foi informada que o profissional estava viajando e não podia atender.
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Famílias convivem com ameaça de despejo
Moradores chegaram ao local em 2001 e tiveram o aval da prefeitura para ocupar os terrenos, que estavam repletos de lixo
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Da Reportagem
Setenta e seis famílias convivem com o risco de despejo no bairro Dom Aquino, em Cuiabá. O juiz Aristeu Dias Batista determinou o cumprimento de liminar de reintegração de posse à proprietária Constança Teixeira de Figueiredo. O processo atualmente tramita na 6° Vara Cível da Comarca de Cuiabá/MT.
Os moradores do bairro em questão estão no local há 12 anos e já conseguiram derrubar três liminares, que determinavam a remoção. Agora, uma nova determinação judicial está prestes a ser cumprida e pode gerar a desocupação da área, que tem 4.086 metros quadrados.
Na enchente do rio Cuiabá, em abril de 2001, várias pessoas ficaram desabrigadas. Com a autorização da prefeitura da Capital, os cidadãos foram autorizados a ocupar alguns terrenos vazios no Dom Aquino, com a garantia de que o processo de desapropriação seria encaminhado pela prefeitura.
Na época, o bairro Dom Aquino era uma região pouco desenvolvida, com vários terrenos baldios servindo como lixão. Com o aval dos governantes, os moradores atuais ocuparam quase toda a região, depositando nela todas as suas economias. Hoje, a área possui comércio e casas de bom padrão, habitadas por pessoas de todas as idades. “Nós depositamos todos os nossos sonhos aqui, lutamos pra construir nossas casas, e agora falam que temos que sair?”, questiona Rosenil Evangelista, morador da região.
No entanto, a desapropriação prometida pelos governantes não foi feita e hoje os moradores enfrentam a ameaça de despejo. Os habitantes das casas que devem ser desocupadas já redigiram um acordo para comprar seus lotes, que foi registrado em cartório. O preço oferecido por eles era R$ 70 por metro quadrado. No entanto, a proposta foi recusada pelos advogados da proprietária, alegando que o valor oferecido era “inverossímil” e muito abaixo em relação ao preço real dos terrenos. Mesmo com a recusa, os moradores continuam dispostos a negociar.
Uma das moradoras, Elizabeth de Souza, conta que está indignada com a situação. Ela diz que quando se mudou para o bairro, tudo o que encontrou era um lixão. “Eu gastei tudo o que eu tinha para tirar o lixo daqui e eu poder construir minha casa. Por que eles esperaram todo esse tempo pra falar que a gente tem que sair?”.
É também o que pergunta Dorotéia Silva, de 76 anos. Já doente, com problemas nos dois joelhos e mal conseguindo falar, ela conta que veio para o bairro Dom Aquino com os filhos, que se juntaram para construir a casa dela. “Essa casa foi construída com o suor dos meus filhos, nós não queremos sair”, diz.
De acordo com a representante dos moradores afetados, a advogada Lucilene Fagundes, haverá um ato contra a ordem de despejo na segunda-feira, às 16 horas. Os moradores, reunidos, dizem que farão o que for necessário para não terem de sair de suas casas. Segundo eles, há o temor de que se repita o que aconteceu no bairro Jardim Humanitá, onde ação da Polícia Militar foi considerada violenta.
No entanto, mesmo que isso aconteça, eles dizem que irão resistir. “Pode ter derramamento de sangue, confronto, corrente humana, o que for, mas nós não vamos desistir de nossos lares”, dizem.
A reportagem entrou em contato com o escritório do advogado da proprietária do imóvel, Jorge Aurélio Zamar Taques, mas foi informada que o profissional estava viajando e não podia atender.
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