quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Rio que não queremos ter só na memória

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O Rio que não queremos ter só na memória


As remoções de moradores de comunidades pobres para dar espaço a obras de preparação para os megaeventos que ocorrerão no Rio de Janeiro virou notícia no The New York Times. Um artigo publicado no jornal americano neste domingo, 12 de agosto, alerta para o risco da política de despejos ilegais transformar a cidade maravilhosa em um “playground para ricos”.

Crianças do Morro da Providência. Foto: Leo Lima
A partir do relato das ameaças vividas pelos moradores do Morro da Providência, a favela mais antiga da cidade, o texto propõe uma reflexão sobre os efeitos desse processo no futuro de outras favelas e da cidade como um todo.
Veja a seguir alguns trechos do artigo, assinado por Theresa Williamson, editora de RioOnWatch.org, e Maurício Hora, diretor do programa Favelarte na favela Providência. Ele pode ser lido na íntegra aqui.
“Embora a prefeitura alegue que esses investimentos beneficiarão aos moradores da região, um terço da comunidade já foi marcada para remoção e as únicas “reuniões públicas” organizadas visavam apenas informar aos moradores qual seria seu destino. Durante o dia, as iniciais da Secretaria Municipal de Habitação e um número são pintados nas paredes das casas com tinta-spray. Moradores voltam para casa e descobrem que suas casas serão demolidas, mas não recebem nenhuma orientação sobre o que vai acontecer com eles e nem quando será.”
“Um passeio rápido pela comunidade revela a assustadora situação de insegurança em que os habitantes estão vivendo: no topo da colina, aproximadamente 70% das casas estão marcadas para despejo: uma área que a princípio deverá ser favorecida pelos investimentos que estão sendo realizados em transporte. Mas o teleférico de luxo vai transportar entre mil e três mil pessoas por hora durante os Jogos Olímpicos. Portanto, não serão os moradores os beneficiados, e sim os investidores.”
“Se o Rio conseguir desfigurar e desmantelar sua favela mais histórica, abrirá o caminho para novas destruições em centenas de outras favelas da cidade.  O impacto econômico, social e psicológico dos despejos é calamitoso: famílias removidas para unidades isoladas perdem o acesso aos significativos benefícios econômicos e sociais da cooperação comunitária, e também perdem a proximidade do trabalho e das redes de contato, sem mencionar os investimentos feitos por várias gerações familiares em suas casas.”
“O Rio de Janeiro está se tornando um playground para ricos. E a desigualdade gera instabilidade. Seria muito mais eficaz economicamente investir em melhorias urbanas, definidas com a ajuda das comunidades dentro um processo democrático participativo. Em última instância, essa estratégia poderia fortalecer a economia e desenvolver a infraestrutura da cidade; e ao mesmo tempo, reduzir desigualdades e fortalecer a população afro-brasileira, que ainda hoje é marginalizada.”

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