quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Expulsão violenta de sem terras no Paraguai

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Expulsão violenta de sem terras no Paraguai

Mais de 300 agentes da polícia do Paraguai expulsaram nesta segunda-feira centenas de camponeses que ocuparam uma fazenda em Saltos del Guairá, leste do país. A correspondente do canal de televisão TelefuturoFátima Garay, confirmou a ação do Grupo Especial de Operações, vencido o ultimato dado aos camponeses para que desocupassem as terras, nas quais se encontravam desde a noite do sábado passado.

A reportagem está publicada no jornal argentino Página/12, 07-08-2012. A tradução é do Cepat.

A edição digital do jornal paraguaio La Nación, por sua vez, ostentou a manchete “Desalojamento e violência em Saltos del Guairá” e recolheu a informação de Garay sobre o uso do gás lacrimogêneo, embora não tenha entrado em detalhes sobre a expulsão. Os “invasores” seriam pessoas oriundas de Capiibary, Curuguaty e Santaní, segundo informação deAlberto Núñez, correspondente do referido jornal. Uma fonte da polícia disse que o fato de que os camponeses armassem quase 500 barracas em poucas horas, na noite de sábado, demonstrava que estão muito bem organizados e dispostos a defender sua permanência no local.

Segundo o jornal local Ultima Hora, a propriedade de 29 hectares pertence a um cidadão brasileiro de nome JoãoCarlos Bernardes. Os camponeses, aproximadamente mil, ocuparam as terras no sábado passado. No domingo pela manhã, o representante do Ministério Público do governo de Franco foi até o local, explicou aos trabalhadores que o título de propriedade das terras de Bernardes é original e que, portanto, deviam deixar a fazenda, já que se não o fizessem de forma pacífica, a promotoria procederia ao desalojamento e alguns camponeses poderiam ser presos.

“De agora em diante vamos analisar uma estratégia com a Polícia Federal para um procedimento futuro de acordo com a quantidade de pessoas que aí se encontram, sobretudo porque se procura uma maneira que não provoque vítimas nem lesionados”, manifestou na segunda-feira o promotor Diosnel Giménez. No momento da ocupação, os policiais, apoiados pelos empregados da fazenda, trataram de impedir a tiros a entrada dos trabalhadores. O enfrentamento deixou um saldo de oito camponeses feridos, com balas de borracha e projéteis de chumbo. Além disso, confirmou que cerca de mil trabalhadores e seus familiares desocuparam quase totalmente o lugar e assegurou que tudo foi realizado de forma pacífica. “Restam apenas alguns ocupantes que estão levantando as quase 500 barracas situadas ali e armadas por eles para sua permanência”, pontualizou.

Outros correspondentes afirmaram que os camponeses saíram e se postaram na margem direita da fazenda, numa tentativa de ficar à espera de uma negociação com o governo para obter terras onde viver e trabalhar. A problemática da terra é uma das principais no Paraguai, onde 2% da população concentra a propriedade de cerca de 80% das terras.

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