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Fotos: Elza Fiuza/ABr
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ONU aponta ‘ascensão do Sul’ em desenvolvimento humano e destaca o Brasil
Relatório ressalta crescimento econômico acompanhado de desenvolvimento social nos países do Sul e cobra mudanças nas instituições de governança global. O Brasil, ocupando o 85º lugar no ranking, é tido como referência, mas governo contesta e exige a utilização de dados atualizados. “O Brasil subiria 20 posições no IDH,” diz o ministro Mercadante.
Vinicius Mansur
Brasília – O Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, lançado nesta quinta-feira (14) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD-ONU), dá ênfase à “notável transformação de um elevado número de países em desenvolvimento em grandes economias” e ao “impacto significativo no progresso do desenvolvimento humano” produzido nestes países.
O documento afirma que “a ascensão do Sul tem decorrido a uma velocidade e escala sem precedentes” e que “nunca, na história, as condições de vida e as perspectivas de futuro de tantos indivíduos mudaram de forma tão considerável e tão rapidamente”. Segundo o relatório, o mundo já atingiu a principal meta de erradicação da pobreza dos Objetivos do Milênio, que previa reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, o número de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia. O resultado é atribuído, sobretudo, a países populosos como Brasil, China e Índia que reduziram a percentagem de sua população em situação de pobreza. O Brasil passou de 17,2% em 1990 para 6,1% em 2009; a China, de 60,2% em 1990 para 13,1% em 2008; e a Índia, de 49,4% em 1983 para 32,7% em 2010.
O representando do PNUD no Brasil, Jorge Chediek, ressaltou que as projeções do estudo indicam que, até 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) combinado destes três países superará o PIB agregado das antigas potências industriais Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Estados Unidos.
O relatório também afirma que os países que apresentam maior progressão no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tem em comum a presença do Estado pró-ativo no domínio do desenvolvimento; a expansão das relações comerciais, especialmente no eixo Sul-Sul – e políticas sociais inovadoras.
Apesar do destaque dado a países do Sul, o documento também ressalta que nenhum país apresentou em 2012 um IDH menor do que o apresentado em 2000, ao contrário da década precedente, na qual 18 países registraram um valor de IDH mais baixo em 2000 do que em 1990. “À medida que se acelerava o ritmo de progresso nos países com IDH mais baixo, verificava-se uma convergência notável nos valores de IDH a nível mundial, ainda que esse progresso tenha sido desigual dentro e entre as várias regiões”, diz o texto.
O número de países com IDH inferior a 0,25 (o índice varia entre 0 e 1) diminui de 33, em 1990, para 15 em 2012. No extremo oposto, o número de países com IDH acima de 0,75 aumentou de 33 para 59 no mesmo período.
A Noruega lidera o ranking, seguida de Austrália e Estados Unidos. Na outra ponta estão Mali, Burquina Faso e Chade.
O IDH da América Latina cresceu em média 0.67% por ano entre 2000 y 2012, sendo a região que apresentou o maior incremento. “Mas segue tendo a distribuição de riqueza mais desigual de todas as regiões do mundo”, alerta o relatório. Chile, Argentina e Uruguai são os países da região com os mais altos índices. Com o pior desempenho estão Haiti, Nicarágua e Honduras.
Brasil
Com um IDH de 0,73, o Brasil é considerado um país com “desenvolvimento humano elevado” pela ONU, ocupando a 85º colocação no ranking dos 187 países avaliados. Apesar dos enormes desafios que o Brasil ainda tem pela frente, Chediek destacou que o IDH do país cresceu 24% desde 1990, colocando-o entre os 15 países que mais reduziram seu déficit no índice.
O resultado brasileiro foi alcançado porque o país obteve melhoras nas 3 dimensões avaliadas pela ONU: saúde, educação e renda. Segundo a organização, a expectativa de vida no Brasil é de 73,8 anos; a média de anos estudados é de 7,2; a projeção de escolaridade atual é de 14,2 anos; e a renda per capita é de 10,185 dólares. “O Brasil tem virado um super exemplo e nós temos uma demanda altíssima de todo o mundo para conhecer a experiência do Brasil”, disse Chediek.
O governo brasileiro, entretanto, ficou insatisfeito com o que viu. Poucas horas depois do lançamento do relatório da ONU, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, realizaram uma coletiva de imprensa e disseram que o relatório utiliza dados defasados do Brasil. Segundo Mercadante, o relatório diminui em 2,5 a quantidade de anos de escolaridade esperada no país e desconsidera 4,6 milhões de crianças matriculadas. “Com isso, o Brasil subiria 20 posições no IDH”, disse.
Mudanças na governança global
Diante dos avanços de países do Sul, o relatório insta a que sejam criadas novas instituições de governança global, uma vez que as atuais “foram concebidos com vista a uma ordem mundial muito diferente da atual, o que dá origem a uma sub-representação do Sul. As instituições internacionais, se quiserem sobreviver, precisam de ser mais representativas, transparentes e passíveis de responsabilização”, recomenda.
Além destas mudanças, o documento também alerta para que os progressos no IDH não sejam acompanhados pelo aumento das desigualdades de rendimento, padrões insustentáveis de consumo, despesas militares elevadas e uma fraca coesão social. Para superar os desafios a ONu propõe “melhorar a equidade - incluindo a dimensão do gênero; proporcionar uma maior representação e participação dos cidadãos - incluindo a dos jovens; enfrentar as pressões ambientais; e gerir as alterações demográficas”.
Confira aqui o relatório completo.
O documento afirma que “a ascensão do Sul tem decorrido a uma velocidade e escala sem precedentes” e que “nunca, na história, as condições de vida e as perspectivas de futuro de tantos indivíduos mudaram de forma tão considerável e tão rapidamente”. Segundo o relatório, o mundo já atingiu a principal meta de erradicação da pobreza dos Objetivos do Milênio, que previa reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, o número de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia. O resultado é atribuído, sobretudo, a países populosos como Brasil, China e Índia que reduziram a percentagem de sua população em situação de pobreza. O Brasil passou de 17,2% em 1990 para 6,1% em 2009; a China, de 60,2% em 1990 para 13,1% em 2008; e a Índia, de 49,4% em 1983 para 32,7% em 2010.
O representando do PNUD no Brasil, Jorge Chediek, ressaltou que as projeções do estudo indicam que, até 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) combinado destes três países superará o PIB agregado das antigas potências industriais Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Estados Unidos.
O relatório também afirma que os países que apresentam maior progressão no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tem em comum a presença do Estado pró-ativo no domínio do desenvolvimento; a expansão das relações comerciais, especialmente no eixo Sul-Sul – e políticas sociais inovadoras.
Apesar do destaque dado a países do Sul, o documento também ressalta que nenhum país apresentou em 2012 um IDH menor do que o apresentado em 2000, ao contrário da década precedente, na qual 18 países registraram um valor de IDH mais baixo em 2000 do que em 1990. “À medida que se acelerava o ritmo de progresso nos países com IDH mais baixo, verificava-se uma convergência notável nos valores de IDH a nível mundial, ainda que esse progresso tenha sido desigual dentro e entre as várias regiões”, diz o texto.
O número de países com IDH inferior a 0,25 (o índice varia entre 0 e 1) diminui de 33, em 1990, para 15 em 2012. No extremo oposto, o número de países com IDH acima de 0,75 aumentou de 33 para 59 no mesmo período.
A Noruega lidera o ranking, seguida de Austrália e Estados Unidos. Na outra ponta estão Mali, Burquina Faso e Chade.
O IDH da América Latina cresceu em média 0.67% por ano entre 2000 y 2012, sendo a região que apresentou o maior incremento. “Mas segue tendo a distribuição de riqueza mais desigual de todas as regiões do mundo”, alerta o relatório. Chile, Argentina e Uruguai são os países da região com os mais altos índices. Com o pior desempenho estão Haiti, Nicarágua e Honduras.
Brasil
Com um IDH de 0,73, o Brasil é considerado um país com “desenvolvimento humano elevado” pela ONU, ocupando a 85º colocação no ranking dos 187 países avaliados. Apesar dos enormes desafios que o Brasil ainda tem pela frente, Chediek destacou que o IDH do país cresceu 24% desde 1990, colocando-o entre os 15 países que mais reduziram seu déficit no índice.
O resultado brasileiro foi alcançado porque o país obteve melhoras nas 3 dimensões avaliadas pela ONU: saúde, educação e renda. Segundo a organização, a expectativa de vida no Brasil é de 73,8 anos; a média de anos estudados é de 7,2; a projeção de escolaridade atual é de 14,2 anos; e a renda per capita é de 10,185 dólares. “O Brasil tem virado um super exemplo e nós temos uma demanda altíssima de todo o mundo para conhecer a experiência do Brasil”, disse Chediek.
O governo brasileiro, entretanto, ficou insatisfeito com o que viu. Poucas horas depois do lançamento do relatório da ONU, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, realizaram uma coletiva de imprensa e disseram que o relatório utiliza dados defasados do Brasil. Segundo Mercadante, o relatório diminui em 2,5 a quantidade de anos de escolaridade esperada no país e desconsidera 4,6 milhões de crianças matriculadas. “Com isso, o Brasil subiria 20 posições no IDH”, disse.
Mudanças na governança global
Diante dos avanços de países do Sul, o relatório insta a que sejam criadas novas instituições de governança global, uma vez que as atuais “foram concebidos com vista a uma ordem mundial muito diferente da atual, o que dá origem a uma sub-representação do Sul. As instituições internacionais, se quiserem sobreviver, precisam de ser mais representativas, transparentes e passíveis de responsabilização”, recomenda.
Além destas mudanças, o documento também alerta para que os progressos no IDH não sejam acompanhados pelo aumento das desigualdades de rendimento, padrões insustentáveis de consumo, despesas militares elevadas e uma fraca coesão social. Para superar os desafios a ONu propõe “melhorar a equidade - incluindo a dimensão do gênero; proporcionar uma maior representação e participação dos cidadãos - incluindo a dos jovens; enfrentar as pressões ambientais; e gerir as alterações demográficas”.
Confira aqui o relatório completo.
Fotos: Elza Fiuza/ABr
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