segunda-feira, 25 de março de 2013

Pastoral Carcerária e demais entidades realizarão relatório sobre sistema carcerário cearense

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Pastoral Carcerária e demais entidades realizarão relatório sobre sistema carcerário cearense
 
Tatiana Félix
Jornalista da Adital
Adital
Apesar de a população carcerária não ser lembrada e nem ser objeto de preocupação da sociedade, nos últimos nove dias a morte de 14 detentos em prisões no estado do Ceará (Nordeste do Brasil) tem chamado a atenção para a continuidade da violência dentro desses espaços e o descaso das autoridades em relação ao tratamento dispensado aos presos.
Na manhã desta quarta-feira (20), mais um detento morreu por consequência de uma briga ocorrida no dia 11, quando presos atearam fogo em vários objetos resultando em vários feridos na Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL) I, em Itaitinga, região metropolitana de Fortaleza. Com mais esta morte, sobe para nove o número de mortos neste caso.
Além desse motim, outras mortes têm sido registradas nos últimos dias, em penitenciárias provisórias da região metropolitana. Na última sexta-feira (15), Carlos Luan Oliveira Silva, de 21 anos, preso por envolvimento com tráfico de drogas, tornou-se na 13ª vítima da violência que assola os presídios cearenses. Segundo informações da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado (Sejus), ele foi carbonizado no espaço de Vivência F da Casa de Privação Provisória de Liberdade II (CPPL II), também em Itaitinga.
Diante desse quadro, padre Marcos Passerini, coordenador da Pastoral Carcerária no Ceará, informou que a entidade já está se mobilizando junto com a Defensoria Pública e outras instituições para fazer um levantamento aprofundado sobre o sistema penitenciário do estado. Por coincidência, uma Comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) também se reuniu hoje com integrantes da Pastoral e outras entidades para conhecer a situação do sistema prisional cearense. "Nossa preocupação com outras entidades é a partir desse fato desmistificar o que a Secretaria (Sejus) vem dizendo [sobre as mortes], que é só briga entre presos”, disse.
Ele comentou que é necessário abordar sobre os maus tratos e torturas dentro das prisões, sobre o direito à saúde, ao trabalho, e modificar esse "sistema penitenciário falido”. "O Sistema Penitenciário é como um barril de pólvora, o que aconteceu foi apenas o estopim de tantas outras coisas que acontecem”, ressaltou.
Para ele, é preciso haver um "olhar mais humano” para a população carcerária, e questionou o que significa a pessoa humana para juízes e policiais: "qual é o conceito de humano, de direitos? O fato de morrerem tantos presos queimados não faz [as autoridades] se questionarem sobre o que está acontecendo? Esses presos não são humanos? Os familiares não são humanos, para receberem esse tipo de tratamento?”.
Sobre o trabalho que as igrejas em geral fazem dentro dos presídios, padre Marcos Passerini comentou que a evangelização deve ir além dos presidiários e atingir a instituição, para a humanização do sistema carcerário. "Onde não existe respeito à pessoa humana, o que significa evangelizar”, indaga.

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