fonte: centro burnier
Por Keka Werneck, da Assessoria de Imprensa do Centro Burnier Fé e Justiça
Postado em 2011-09-02 00:00:00 por keka@centroburnier.com.br
Numa noite memorável, militantes de diversos movimentos sociais abriram, dia 1 de setembro, a Semana da Pátria, em Cuiabá (MT), com uma série de lançamentos culturais, que, de alguma forma, discutem a independência ou dependência do Brasil.
Gilberto Vieira, coordenador do Conselho Indigenista Missionário em Mato Grosso, falou sobre a importância do livro Povos Indígenas Isolados na Amazônia. Em Mato Grosso, são cerca de nove. Ele refletiu sobre a situação de indígenas diante da expansão do capital e na importância do respeito a esses povos.
As pesquisadoras Regina, Michelle Jaber e Michele Sàto apresentaram o mapa dos grupos sociais de Mato Grosso e defenderam os direitos de comunidades originárias de resistir e garantir a permanência na terra onde têm lastros históricos. Esse mapa, conforme a professora Michele Sàto é um avanço da academia, no caso da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), à qual as três pesquisadoras são ligadas, porque é fruto de pesquisas de alto nível acadêmico e de grande proximidade com movimentos populares.
O sociólogo Inácio Werner apresentou o Comitê Popular da Copa de Mato Grosso e explicou que várias entidades já se associaram. Informou que o objetivo desse comitê é acompanhar as desapropriações de imóveis para a construção de megaobras voltadas para a realização do campeonato internacional. Ele destacou a preocupação em garantir os direitos dessas pessoas que terão de sair da frente para a COPA passar. E também lembrou que não queremos que a COPA passe e deixa “elefantes brancos”, que não têm função real para a cidade.
Dalete Soares, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, apresentou o Relatório Estadual de Direitos Humanos, destacando que, em 83 páginas, constam os principais problemas identificados aqui, entre eles a dura realidade em assentamentos, trabalho escravo, conflitos indígenas e injustiças ambientais diversas.
A agrônoma da Fase, Fran Paula, e o professor da UFMT, Wanderlei Pignati, falaram sobre a Campanha Permanente contra o uso de agrotóxicos e Pela Vida, um levante nacional contra a qualidade dos alimentos que ingerimos.
Depois disso, calhou o filme “O Veneno está na mesa”, de Silvio Tendler. O documentário aponta o alto índice de contaminação da comida comum do brasileiro. Veja o documentário aqui. Desde 2008, o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos. O brasileiro consome 5,2 litros de venenos agrícolas por ano nas refeições.
Para o padre João Inácio Wenzel, coordenador do Centro Burnier Fé e Justiça, não temos escolha. “Ou mudamos o padrão alimentar, ou vamos morrer”.
No filme, gerou protestos a fala da senadora de Goiás Kátia Abreu, que saiu do DEM para ajudar a fundar o novo PSD. Segundo a senadora, a população pobre tem que comer com agrotóxicos mesmo, porque precisa pagar barato pela comida. Ela foi vaiada, como se estivesse presente.
Para Antônio Carneiro, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), “do ponto de vista dela, o que ela quer é isso mesmo, porque quanto mais gente pobre mais difícil de dominar o povo, então é melhor que morra. Por isso que ela acha que pobre pode comer com veneno mesmo”.
Na opinião do jornalista Caio Bruno, do Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad), o que mais chamou a atenção na noite foi justamente a reação das pessoas diante da fala da senadora. “Ela mentiu. Quando ela fala que a agricultura familiar é insustentável, ela está mentindo. E é isso que bancada ruralista vem fazendo, mentindo”.
João Roberto Buzato, da Delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário, considera que uma noite assim é fundamental para a história de Cuiabá e Mato Grosso. “São os movimentos sociais fazendo um contraponto a isso tudo que está colocado, em nome do progresso, do crescimento econômico, esse rolo compressor que vem detonando tudo. Quem desmata mata”.
A aniversariante da noite, Marilza Schuina, disse que “esse é um momento significativo, porque conseguiu reunir várias entidades que defendem a cidadania, que querem fazer prevalecer os interesses da população e essa noite traz essa marca, da gente nos fortalecer pela defesa da vida”. Ele é do Conselho Nacional do Laicato do Brasil.
Na opinião de Dalete Soares, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, “é tamanha a nossa luta, não dá para mensurar a qualidade das pessoas presentes, pessoas que não temem a luta e não estão de joelhos de maneira nenhuma para o sistema capitalista, que só explora. Por mais que a gente não seja milhares, nossa luta é mensurada pela qualidade dos militantes, que é enorme”.
Carneiro, do MST, completa que os lutadores populares, do povo, são muitos. “O problema é que estamos enfrentando uma crise ideológica e frustrações de projetos nesses últimos períodos, aquilo que a gente queria em parte conseguimos, mas em parte estamos vendo ser destruído, então os lutadores, vamos dizer assim, ficaram mais em casa nos últimos tempos. Mas é possível mobilizar, pessoas têm, militantes têm, com muito compromisso, mas agora é preciso uma nova unidade das forças”. Segundo ele, a gente não pode falar em independência, porque, por parte da classe trabalhadora, isso nunca existiu. “Sempre foi obrigada a cumprir aquilo que outros determinam. E se você for falar de nação, o Brasil é independente do que?”- pergunta.
O sociólogo Inácio Werner, do Centro Burnier Fé e Justiça, avalia que a noite foi excelente e “a gente percebe que precisamos continuar a fazer esse tipo de atividade, porque só assim vamos conseguindo promover uma mobilização social”.
Ele convoca todos e todas para o Grito dos Excluídos, dia 7 de setembro, marcha popular, que irá se concentrar às 7h30, no cruzamento das avenidas dos Trabalhadores e das Torres.
COMENTÁRIOS
"Foi uma noite como há muito tempo não presenciava mais, e demonstra que o povo não parou pra ver a banda passar. Apesar de os governantes continuarem \"ganhando\", com os legisladores do município, principalmente, na questão da Sanecap, ninguém se calou. Creio que um grupo como este que esteve na noite de lançamento, deveria tomar a direção e governar nossa capital,fazer valer nossos votos e mudar o rumo de nossa história. É sonho? Pode ser realidade".
Nildes Werner (Enviado em : 04-09-2011)
"O evento foi muito bom. Juntou gente de todas as idades e diferentes entidades. Perdeu quem não foi (Mas também não teria como acomodar mais gente nesse local, que demonstrou mais uma vez como historicamente A Paróquia do Rosário tem poder de aglutinar pessoas envolvidas em movimentos sociais) E a luta e os debates continuam...."
Maria Isabel Werner (Enviado em : 03-09-2011 12:04:18)
Autor/Fonte/Link: CBFJ
Numa noite memorável, militantes de diversos movimentos sociais abriram, dia 1 de setembro, a Semana da Pátria, em Cuiabá (MT), com uma série de lançamentos culturais, que, de alguma forma, discutem a independência ou dependência do Brasil.
Gilberto Vieira, coordenador do Conselho Indigenista Missionário em Mato Grosso, falou sobre a importância do livro Povos Indígenas Isolados na Amazônia. Em Mato Grosso, são cerca de nove. Ele refletiu sobre a situação de indígenas diante da expansão do capital e na importância do respeito a esses povos.
As pesquisadoras Regina, Michelle Jaber e Michele Sàto apresentaram o mapa dos grupos sociais de Mato Grosso e defenderam os direitos de comunidades originárias de resistir e garantir a permanência na terra onde têm lastros históricos. Esse mapa, conforme a professora Michele Sàto é um avanço da academia, no caso da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), à qual as três pesquisadoras são ligadas, porque é fruto de pesquisas de alto nível acadêmico e de grande proximidade com movimentos populares.
O sociólogo Inácio Werner apresentou o Comitê Popular da Copa de Mato Grosso e explicou que várias entidades já se associaram. Informou que o objetivo desse comitê é acompanhar as desapropriações de imóveis para a construção de megaobras voltadas para a realização do campeonato internacional. Ele destacou a preocupação em garantir os direitos dessas pessoas que terão de sair da frente para a COPA passar. E também lembrou que não queremos que a COPA passe e deixa “elefantes brancos”, que não têm função real para a cidade.
Dalete Soares, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, apresentou o Relatório Estadual de Direitos Humanos, destacando que, em 83 páginas, constam os principais problemas identificados aqui, entre eles a dura realidade em assentamentos, trabalho escravo, conflitos indígenas e injustiças ambientais diversas.
A agrônoma da Fase, Fran Paula, e o professor da UFMT, Wanderlei Pignati, falaram sobre a Campanha Permanente contra o uso de agrotóxicos e Pela Vida, um levante nacional contra a qualidade dos alimentos que ingerimos.
Depois disso, calhou o filme “O Veneno está na mesa”, de Silvio Tendler. O documentário aponta o alto índice de contaminação da comida comum do brasileiro. Veja o documentário aqui. Desde 2008, o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos. O brasileiro consome 5,2 litros de venenos agrícolas por ano nas refeições.
Para o padre João Inácio Wenzel, coordenador do Centro Burnier Fé e Justiça, não temos escolha. “Ou mudamos o padrão alimentar, ou vamos morrer”.
No filme, gerou protestos a fala da senadora de Goiás Kátia Abreu, que saiu do DEM para ajudar a fundar o novo PSD. Segundo a senadora, a população pobre tem que comer com agrotóxicos mesmo, porque precisa pagar barato pela comida. Ela foi vaiada, como se estivesse presente.
Para Antônio Carneiro, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), “do ponto de vista dela, o que ela quer é isso mesmo, porque quanto mais gente pobre mais difícil de dominar o povo, então é melhor que morra. Por isso que ela acha que pobre pode comer com veneno mesmo”.
Na opinião do jornalista Caio Bruno, do Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad), o que mais chamou a atenção na noite foi justamente a reação das pessoas diante da fala da senadora. “Ela mentiu. Quando ela fala que a agricultura familiar é insustentável, ela está mentindo. E é isso que bancada ruralista vem fazendo, mentindo”.
João Roberto Buzato, da Delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário, considera que uma noite assim é fundamental para a história de Cuiabá e Mato Grosso. “São os movimentos sociais fazendo um contraponto a isso tudo que está colocado, em nome do progresso, do crescimento econômico, esse rolo compressor que vem detonando tudo. Quem desmata mata”.
A aniversariante da noite, Marilza Schuina, disse que “esse é um momento significativo, porque conseguiu reunir várias entidades que defendem a cidadania, que querem fazer prevalecer os interesses da população e essa noite traz essa marca, da gente nos fortalecer pela defesa da vida”. Ele é do Conselho Nacional do Laicato do Brasil.
Na opinião de Dalete Soares, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, “é tamanha a nossa luta, não dá para mensurar a qualidade das pessoas presentes, pessoas que não temem a luta e não estão de joelhos de maneira nenhuma para o sistema capitalista, que só explora. Por mais que a gente não seja milhares, nossa luta é mensurada pela qualidade dos militantes, que é enorme”.
Carneiro, do MST, completa que os lutadores populares, do povo, são muitos. “O problema é que estamos enfrentando uma crise ideológica e frustrações de projetos nesses últimos períodos, aquilo que a gente queria em parte conseguimos, mas em parte estamos vendo ser destruído, então os lutadores, vamos dizer assim, ficaram mais em casa nos últimos tempos. Mas é possível mobilizar, pessoas têm, militantes têm, com muito compromisso, mas agora é preciso uma nova unidade das forças”. Segundo ele, a gente não pode falar em independência, porque, por parte da classe trabalhadora, isso nunca existiu. “Sempre foi obrigada a cumprir aquilo que outros determinam. E se você for falar de nação, o Brasil é independente do que?”- pergunta.
O sociólogo Inácio Werner, do Centro Burnier Fé e Justiça, avalia que a noite foi excelente e “a gente percebe que precisamos continuar a fazer esse tipo de atividade, porque só assim vamos conseguindo promover uma mobilização social”.
Ele convoca todos e todas para o Grito dos Excluídos, dia 7 de setembro, marcha popular, que irá se concentrar às 7h30, no cruzamento das avenidas dos Trabalhadores e das Torres.
COMENTÁRIOS
"Foi uma noite como há muito tempo não presenciava mais, e demonstra que o povo não parou pra ver a banda passar. Apesar de os governantes continuarem \"ganhando\", com os legisladores do município, principalmente, na questão da Sanecap, ninguém se calou. Creio que um grupo como este que esteve na noite de lançamento, deveria tomar a direção e governar nossa capital,fazer valer nossos votos e mudar o rumo de nossa história. É sonho? Pode ser realidade".
Nildes Werner (Enviado em : 04-09-2011)
"O evento foi muito bom. Juntou gente de todas as idades e diferentes entidades. Perdeu quem não foi (Mas também não teria como acomodar mais gente nesse local, que demonstrou mais uma vez como historicamente A Paróquia do Rosário tem poder de aglutinar pessoas envolvidas em movimentos sociais) E a luta e os debates continuam...."
Maria Isabel Werner (Enviado em : 03-09-2011 12:04:18)
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