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06/09/2011 - 14h28
Garoto de 15 anos esmaga cabeça de rival com ferro e mais de 35 facadas
José Trindade e Thais Tomie
Redação 24 Horas News
A violência dentro do Pomeri assusta até os próprios funcionários que não se envolvem e não admitem que menores sejam torturados. Várias denúncias já foram feitas, mas as mortes e a violência não param dentro de um local que teria que educar e ressocializar, mas faz diferente: dá aula de violência e diploma meninos especialistas em todos os tipos de crimes
“O barril de pólvora começou a explodir, pois a violência lá dentro está só começando. Aliás, violência lá é o que não falta”. Palavras de um garoto de 16 anos. O adolescente Maxuel Elias Silva Almeida, de 17 anos foi executado com requintes de crueldade. O menor foi morto com barras de ferro e ainda levou mais de 35 golpes de chuços (faca artesanal) dentro do Centro Sócio Educativo de Cuiabá, no Complexo do Pomeri.
Como quem mata um mata quantos o assassino achar que deve e precisa, o garoto B.A.B.L., de apenas 15 anos matou mais um. O outro que ele tirou a vida foi em Matupá (Nortão, a 700 quilômetros de Cuiabá). O garoto B foi transferido para Cuiabá porque estava sendo ameaçado de morte naquela cidade, e agora faz sua segunda vítima.
A morte teria acontecido após Maxuel ter taxado B de estuprador, partindo daí uma rixa e logo em seguida as cenas macabras de uma violência que já vem se tornando rotina dentro do Pomeri nos últimos tempos. Além das torturas denunciadas, também existem os casos de execuções, onde as vítimas têm seus corpos mutilados.
O garoto B simplesmente se armou com uma barra de ferro e um chuço. Quando todos os menores foram liberados para o corredor, B, chamou o rival para uma cela desativada e o matou covardemente, sem dar nenhuma chance para a Maxuel. Não contente em deformar o rosto e a cabeça da vítima, o matador ainda pegou um chuço e desferiu mais de três dezenas de golpes contra o “amigo” de cela.
O corpo de Maxuel foi liberado pela delegada Anaíde de Barros da equipe de investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O acusado foi preso e autuado em flagrante em mais um crime de homicídio triplamente qualificado.
“Foi horrível. A cabeça da vítima ficou deformada com as pancadas por barra de ferro. Cego de ódio o assassino ainda desferiu mais de 35 golpes de chuços contra a vítima”, narrou a delegada Anaídes Barros.
GUERA E TORTURA
As cenas de violência, principalmente de tortura, segundo denúncias de menores infratores e de alguns agentes prisionais que temem por suas próprias vidas, tem virado rotina nos últimos tempos dentro do Complexo do Pomeri.
A Polícia e o Ministério Público do Estado (MPE) estão investigando, por exemplo, denúncias de torturas só vistas nos tempos da ditadura militar extinta há mais de 20 anos no País. Muitos adolescentes confirmam que são espancados e alguns garotos apresentaram os sinais da tortura como braços quebrados, orelhas cortadas parcialmente e escoriações provocadas por balas de borracha ou similares.
A violência e as mortes não pararam. O garoto Donizete Tolentino dos Santos, de apenas 15 anos, foi executado em junho do ano passado dentro do Complexo Pomeri. “O Pomeri nunca foi e nunca será um centro de ressocialização. Lá os garotos aprendem ainda mais violência.
Esse é o reflexo de falta de política pública para atender com dignidade os adolescentes que infringiram a justiça. Não estamos aqui falando que deve passar as mãos na cabeça deles, pelo contrário, devem responder pelo que fizeram. Se o estado não tem competência para garantir a integridade física das pessoas que estão sobre sua responsabilidade pagando pelo que fez, isto por si só demonstra que está tudo errado na política de ressocialização. Os programas sensacionalistas aproveitam desse momento para dizer que os direitos humanos defendem “bandidos”, quando deveriam dizer a sociedade que tudo isto que vem acontecendo no sistema prisional devido o desleixo dos gestores públicos que jogam pessoas na masmorra para tranqüilizar a população e dar a falsa impressão que tudo está uma maravilho. O sistema penitenciário não tem uma metodologia de ressocialização adequada, pois, quem rouba uma caixa de fósforo, fica na mesma cela com quem cometeu um crime mais grave. Isto não funciona.
ResponderExcluirJoaquim Ventura
funcionário público