sábado, 1 de setembro de 2012

Garimpeiros brasileiros são acusados de matar 80 índios

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 30/08/2012 23h56

Garimpeiros brasileiros são acusados de matar 80 índios


   

Foto:  Arquivo/Folha
Diretor da Hutukara, Dário Kopenawa Yanomami: “Vamos ajudar nossos irmãos a saber o que aconteceu para cobrar punição”
VANESSA LIMA

A Hutukara Associação Yanomami de Roraima recebeu comunicado da Horonami Organização Venezuelana Yanomami sobre o suposto massacre de cerca de 80 indígenas de uma comunidade localizada na fronteira entre Brasil e Venezuela. Garimpeiros brasileiros são apontados como suspeitos. A organização indígena roraimense deverá colaborar nas investigações para esclarecer o ocorrido.

A informação extraoficial é de que os indígenas do subgrupo Sanomã teriam sido atacados pelos garimpeiros, há cerca de dois meses, na aldeia Irothatheri, próxima à aldeia brasileira de Auaris, onde o Exército mantém um Pelotão Especial de Fronteira (PEF). O Consulado da Venezuela em Roraima confirmou que o Ministério Público daquele país investiga o caso. Uma comissão foi indicada para apuração do suposto massacre, que somente nos últimos dias veio à tona.

O diretor da Hutukara, Dário Kopenawa Yanomami, disse que irá colher informações junto aos indígenas verificando a veracidade do caso. “A diretoria da Hutukara vai elaborar documento para encaminhar as autoridades sobre isso. Queremos saber se os garimpeiros mataram nossos irmãos”, disse.

Ele destacou não haver fronteiras entre os yanomami dos dois países. “Para nós não existe fronteira Brasil/Venezuela. Somos todos parentes, todos yanomami. Por isso vamos ajudar nossos irmãos a saber o que aconteceu para cobrar punição”, destacou Kopenawa.

O administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Roraima, André Vasconcelos, informou que enviou duas equipes para investigar a denúncia, mas do lado brasileiro da reserva yanomami não foram encontrados indícios do massacre. “Mas circula entre os índios a notícia das mortes”, disse. Ele fez um comunicado oficial a Brasília sobre o caso.


Organização venezuelana relata ataque com tiros, bomba e fogo

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiam), que congrega 13 organizações indígenas da Amazônia Venezuelana, divulgou na segunda-feira, 28, documento baseado no relato de sobreviventes Yanomami, da comunidade Irotatheri, localizada nas cabeceiras do Rio Ocamo, na fronteira do Brasil com a Venezuela.

O relato dá conta de que garimpeiros cercaram a casa coletiva e dispararam contra eles e jogaram bombas, posteriormente ateando fogo à aldeia. Os sobreviventes estavam na floresta no momento do ataque. O número de mortos ainda é incerto.

A denúncia foi apresentada perante a Promotoria-Geral e a Defensoria Popular, em Puerto Ayachucho, e também perante a 52ª Brigada de Guarnição Militar, que registrou os depoimentos.

O documento faz referências às frequentes denúncias dos Yanomami, que têm sido feitas desde 2009 aos diversos órgãos do Estado Venezuelano, sobre a crescente invasão garimpeira e o consequente aumento da violência entre os garimpeiros e os índios. Violência física, ameaças e a contaminação da água por uso de mercúrio causando a morte de vários Yanomami são alguns dos exemplos citados.

Os yanomami são uma das maiores tribos relativamente isoladas da América do Sul. Vivem em florestas tropicais e em montanhas no norte do Brasil e no sul da Venezuela. No Brasil, seu território tem o dobro do tamanho da Suíça. Na Venezuela, os índios yanomami vivem em uma região de 8,2 milhões de hectares no Alto Orinoco. Juntas, as duas regiões formam o maior território indígena florestal em todo o mundo. 

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