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Boletim eletrônico - Jubileu Sul Brasil - Número 74, julho de 2011
Editorial
Copa do Mundo e Olimpíadas jogam na contramão
da garantia dos Direitos Humanos e Sociais
Com os Jogos Panamericanos de 2007, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, segundo o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), de setembro de 2008 (disponível em: http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/imprensa/noticias/noticias_arquivos/Pan.doc ), aponta que os gastos totais chegaram a cerca de 3,3 bilhões de reais. Em 2001, porém, o orçamento previsto para o Pan era de aproximadamente 400 milhões de reais. O documento apresenta irregularidades significativas na prestação de contas dos jogos, fruto da falta de planejamento do Comitê Organizador. Destacam-se: o aumento dos preços das obras em função dos atrasos, e o alto custo total para estadia de cada atleta, estimado em R$ 1.137 por dia, muito superior às diárias de aproximadamente R$ 600 nos luxuosos hotéis da Barra da Tijuca que hospedaram dirigentes. Em relação à gestão urbana, obras tidas como chave para a aprovação do projeto na época, como o metrô para a Barra da Tijuca e a despoluição das lagoas, não foram realizadas. Houve também a privatização do maior centro de convenções da cidade, o RIOCENTRO, por um preço subvalorizado; ameaças de remoção de comunidades; construção de uma garagem para barcos na Marina da Glória em um local tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional; intervenções no entorno do Autódromo Nelson Piquet, que teve sua pista original descaracterizada; além do aproveitamento elitista da Vila do Pan.
Já está prevista a quantia de R$ 24 bilhões de recursos públicos (10 vezes o orçamento do Ministério dos Esportes em 2011) nas obras das 12 cidades sedes: Fortaleza, Recife, Natal, Salvador, Manaus, Cuiabá, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre. Além deste dinheiro, foi aprovada isenção de impostos para as construtoras dos estádios e dos campos de treinos nas outras cidades que atuarão como apoio à Copa, recebendo as seleções. Ora, por que não isentar de impostos a cesta básica dos/as trabalhadores/as? E qual será o legado social para cidade e para a população com estas obras? Vale destacar que há indicações, no caso da África do Sul, que com o alto custo de manutenção dos monumentais estádios, os responsáveis estão pensando em demolição. Nesta Copa e nas Olimpíadas, vamos jogar limpo, com participação, transparência, controle social e conquista de direitos. Confira a integra do documento da Articulação Nacional pelos Direitos Humanos no contexto dos Megaeventos.
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