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Extremos climáticos se agravaram nos últimos 20 anos
- Pesquisa contesta teoria de que aquecimento global foi interrompido
RIO - O derretimento das geleiras do Ártico, o aumento dos dias de calor extremo em diversas regiões e os verões inclementes até mesmo no Hemisfério Norte mostram como o aquecimento global segue em marcha acelerada. Um estudo divulgado esta semana pela revista “Nature Climate Change” mostra como o número de dias com temperaturas recordes cresce no mundo. Em algumas localidades, os termômetros superavam a média da temperatura máxima até dez vezes num ano. Agora, isso ocorre 50 vezes no mesmo período.
A pesquisa, assinada por cientistas australianos, canadenses e suíços, contesta o que seria uma “pausa” no aquecimento global desde o fim do século XX. Este fenômeno é atribuído à captação de energia solar pelo oceano, enquanto a temperatura média da superfície permaneceu relativamente estável.
Os autores do estudo, no entanto, ressaltam que o aquecimento global não deve ser ligado apenas ao aumento da temperatura da superfície terrestre.
De acordo com a pesquisa, o uso do termo “pausa” para explicar uma suposta desaceleração na escalada dos termômetros é leviano e “deslocado do contexto das mudanças climáticas”.
— Em vez de procurar uma explicação para o hiato no aquecimento global, observamos que eventos extremos quentes são cada vez maiores e mais frequentes — conta Lisa Alexander, coautora do estudo e pesquisadora Instituto de Ciências Atmosféricas e do Clima de Zurique. — Não podemos olhar apenas para a temperatura média da superfície terrestre. Este é apenas um dos indicadores para determinarmos a dimensão das mudanças climáticas.
Ondas de calor matam milhares
Segundo Lisa, a área da superfície terrestre com mais de 50 dias de calor extremo por ano aumentou desde 1997 — quando o aquecimento global teria dado uma trégua. Os termômetros subiram principalmente no Ártico e nos trópicos. Em algumas regiões, o número de dias com temperaturas maiores do que a média praticamente dobrou até 2012, ano em que a pesquisa foi encerrada.
Os extremos climáticos, porém, também provocam desastres em outras regiões. Uma onda de calor, que assolou diversos países do Hemisfério Norte, matou 66 mil pessoas. Sete anos depois, o mesmo ocorreu na Rússia, deixando 55 mil mortos.
Vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Suzana Kahn lista fenômenos que poderiam ser provocados pela negligência ao estudo do aquecimento global.
— O oceano aqueceu nos últimos anos e, quando isso ocorre, ele pode se expandir e, assim, há um aumento do nível do mar — alerta. — A incidência de enchentes aumenta e corremos o risco de perdermos habitats, inclusive os marinhos, como os recifes de corais. No Brasil, teremos chuvas torrenciais na Região Sudeste e estiagem no Nordeste
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