segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

David Cameron, o xenófobo

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David Cameron, o xenófobo

O programa do primeiro ministro britânico David Cameron contra a imigração de trabalhadores búlgaros e romenos é ilegal e carece de base quantitativa,


Editorial - El País
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Seu programa ilegal contra a imigração búlgara e romana carece de base quantitativa
 
Transcorrido o período transitório de sete anos para implantar sua livre circulação por todo o território da União Europeia (UE), os trabalhadores por conta alheia búlgaros e romanos podem, desde 1º de janeiro, movimentar-se por qualquer de seus Estados membros e instalar-se neles.
 
O primeiro ministro britânico, o conservador David Cameron, utilizou esta perspectiva para criar medo. Fez isso em um ominoso artigo publicado no dia 27 de novembro, com o mesmo falso argumento usado pelo líder ultradireitista austríaco Jörg Haider para tentar torpedear a ampliação da UE aos países do leste: a supressão de fronteiras provocaria um aluvião migratório de péssimas consequências para a economia e os serviços sociais britânicos.
 
Desde que Cameron abriu a veda, alunos de seus ministros vem competindo para graduar-se em sua mesma xenofobia, propondo medidas ilegais como a fixação de cotas anuais, a discriminação nas ajudas sociais a romenos e búlgaros, ou um assédio ativo para impedir o acesso à moradia ou à saúde. Pouca sorte encontrarão nos tribunais e isso se os liberais de Nick Clegg não conseguirem abortá-las antes.
 
O troféu de atuações agressivas contra concidadãos europeus já tem sido deslegitimado pela Comissão Europeia e pelas Nações Unidas, entre outros. Acaso o mais insidioso desta deriva, que troca o tradicional euroceticismo do conservadorismo britânico em agressiva euro-hostilidade, seja a falsidade de suas premissas quantitativas. Porque não se registrou nenhuma proclividade dos cidadãos romenos e búlgaros em instalar-se no Reino Unido: não chegam nem a 15% dos que se trasladaram nesses anos para a Espanha ou a Itália. E também porque quem pede essas ajudas sociais são pouquíssimos e, quanto aos serviços sociais, os jovens imigrantes aparecem entre os que menos utilizam as prestações sanitárias.
 
Mas, sobretudo, porque o precedente colocado contra si, o de polacos e húngaros, não foi, contra o que esgrime Cameron, “um erro monumental” de seus predecessores. Ao contrário, constituiu um fluxo muito benéfico para a economia britânica: o saldo líquido entre sua contribuição e seu custo se conta por bilhões de libras, e estudos independentes acreditam que essa imigração incrementou sua competitividade.

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