carta maior
http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/As-sementes-de-2014-em-nos/29910
por: Saul Leblon
Liste meia dúzia de fatos públicos que subverteram a sua indiferença em 2013.
O exercício rememorativo não busca o rigor dos balanços enciclopédicos, mas o frescor do impacto que impele à ação e faz da memória um pedaço do futuro.
O que mais te impressionou no Ano Velho?
A convalescência sem cura da desordem neoliberal; o custo histórico devastador dessa longa agonia?
A força fraca das praças e ruas cheias de protestos, mas vazios de projetos?
O afunilamento do establishment capitalista, ilustrada no esfarelamento de Obama e da UE ?
A versão nativa desse ponto de mutação; a despudorada endogamia entre a direita, a ‘terceira via’, o judiciário e a mídia no Brasil?
O espaço de exceção escavado na democracia brasileira pela AP 470; a cobrança de um aggiornamento político que essa ofensiva vem reiterar ao PT?
A morte de Chávez -- as rupturas que a roleta biológica impõe ao destino individual e coletivo, desprovido de contrapesos institucionais perenes?
A angústia ambiental marcada nos ponteiros de um futuro capturado pela lógica cega dos oligopólios?
A confirmação de que nunca mais estaremos sozinhos, como provou Edward Snowden?
A percepção de que é inadiável refazer o pacto do desenvolvimento brasileiro, interditado pela virulenta sabotagem conservadora?
A dura transição de uma América Latina cobrada a reconstruir o alicerce da esquerda na areia movediça da crise global?
A certeza de que viver e produzir como indivíduo e/ou famílias isoladas, diante das forças descomunais dos mercados, é a danação da liberdade individual e não o seu fastígio?
As combinações são inesgotáveis.
Mas dificilmente escapam à percepção, quase sensorial, de que o calendário e a história coincidem cada vez mais em direção à travessia do velho para o novo.
A opressão de uma existência sobrecarregada de demandas coletivas não contempladas não cairá por si.
De novo, é incontornável refletir sobre o peso decisivo do poder que essa travessia requisita.
O poder de Estado.
Os compromissos e escolhas que a luta dentro e fora dele impõe, mas sobretudo, as salvaguardas do processo que só a ampliação da democracia participativa pode assegurar.
O Brasil viverá nas eleições de 2014 um degrau importante dessa transição de ciclo.
Pelo seu peso geopolítico dentro e fora da AL, não é exagero dizer que a luta pela reeleição de Dilma pulsa na constelação dos divisores que vão ordenar o longo amanhecer do século XXI.
A sociedade que emergiu das conquistas acumuladas a partir de 2002, não cabe mais nos limites do atual sistema político nacional.
A democracia brasileira precisa se ampliar para que a riqueza possa convergir. E a economia voltar a crescer.
As costuras já não se sustentam com novos remendos.
Uma logística e uma industrialização planejadas para servir a 30% da população mostram a incompatibilidade do projeto elitista com o anseio de cidadania de milhões de brasileiros resgatados da fome e da miséria na última década.
Supor que uma novo equilíbrio emergirá do retorno a políticas nefastas dos anos 90, quando o país, seu patrimônio e sua gente foram reduzidos a um anexo dos mercados desregulados, é confundir o que anda para frente com o cortejo empenhado em ir para trás.
A responsabilidade de interferir nessa disputa requer certas estacas balizadoras que impeçam o retrocesso e assegurem o rumo progressista às mudanças.
O Brasil tem razões para não regredir.
A desigualdade entre nós ainda grita alto em qualquer competição mundial.
Mas indicadores de 150 países comparados pela Boston Consulting Group mostram que o Brasil foi o que melhor utilizou o crescimento dos últimos cinco anos para elevar o padrão de vida da população.
A narrativa conservadora sempre desdenhou da dinâmica vigorosa embutida nesse degelo social.
Reconhecer os novos aceleradores sociais do desenvolvimento não implica negar os gargalos prevalecentes e outros novos adicionados pela correlação de forças da última década.
Ambos são reais.
A coexistência de um Brasil urgente, vital e encorajador, com uma estrutura de comunicação anacrônica e monopolista, por exemplo, distorce e constrange as vozes que precisam ser ouvidas nesse Rubicão da nossa história.
A travessia não se completará de forma emancipadora se a mídia persistir como um poder ubíquo, dotado de meios e recursos leoninos para exacerbar o conflito, desqualificar projetos e fraudar opiniões que não comungam do seu ideário de nação e de mundo.
A importância desse debate e desse momento levou Carta Maior a definir uma nova etapa de sua história.
Para contemplá-lo renovamos o projeto gráfico e promovemos um salto editorial com a incorporação de vozes consagradas do debate democrático brasileiro.
Mudamos não para reforçar uma casamata de certezas graníticas.
Mas para ampliar a janela aberta ao ar fresco do desassombro, que inclui a crítica e a autocrítica das escolhas e experiências do próprio campo progressista nesse percurso.
Temos a convicção de que somente assim será possível enxergar melhor o caminho no longo amanhecer da sociedade de homens e mulheres livres que tenham o comando do seu próprio destino.
Que 2014 seja um degrau dessa caminhada é o engajamento fraterno que une Carta Maior e seus leitores a milhões de brasileiros empenhados em construir o verdadeiro Ano Novo.
http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/As-sementes-de-2014-em-nos/29910
As sementes de 2014 em nós
Que 2014 seja um degrau dessa caminhada é o engajamento fraterno que une Carta Maior e seus leitores a milhões de brasileiros empenhados em construir o Ano Novo
Liste meia dúzia de fatos públicos que subverteram a sua indiferença em 2013.
O exercício rememorativo não busca o rigor dos balanços enciclopédicos, mas o frescor do impacto que impele à ação e faz da memória um pedaço do futuro.
O que mais te impressionou no Ano Velho?
A convalescência sem cura da desordem neoliberal; o custo histórico devastador dessa longa agonia?
A força fraca das praças e ruas cheias de protestos, mas vazios de projetos?
O afunilamento do establishment capitalista, ilustrada no esfarelamento de Obama e da UE ?
A versão nativa desse ponto de mutação; a despudorada endogamia entre a direita, a ‘terceira via’, o judiciário e a mídia no Brasil?
O espaço de exceção escavado na democracia brasileira pela AP 470; a cobrança de um aggiornamento político que essa ofensiva vem reiterar ao PT?
A morte de Chávez -- as rupturas que a roleta biológica impõe ao destino individual e coletivo, desprovido de contrapesos institucionais perenes?
A angústia ambiental marcada nos ponteiros de um futuro capturado pela lógica cega dos oligopólios?
A confirmação de que nunca mais estaremos sozinhos, como provou Edward Snowden?
A percepção de que é inadiável refazer o pacto do desenvolvimento brasileiro, interditado pela virulenta sabotagem conservadora?
A dura transição de uma América Latina cobrada a reconstruir o alicerce da esquerda na areia movediça da crise global?
A certeza de que viver e produzir como indivíduo e/ou famílias isoladas, diante das forças descomunais dos mercados, é a danação da liberdade individual e não o seu fastígio?
As combinações são inesgotáveis.
Mas dificilmente escapam à percepção, quase sensorial, de que o calendário e a história coincidem cada vez mais em direção à travessia do velho para o novo.
A opressão de uma existência sobrecarregada de demandas coletivas não contempladas não cairá por si.
De novo, é incontornável refletir sobre o peso decisivo do poder que essa travessia requisita.
O poder de Estado.
Os compromissos e escolhas que a luta dentro e fora dele impõe, mas sobretudo, as salvaguardas do processo que só a ampliação da democracia participativa pode assegurar.
O Brasil viverá nas eleições de 2014 um degrau importante dessa transição de ciclo.
Pelo seu peso geopolítico dentro e fora da AL, não é exagero dizer que a luta pela reeleição de Dilma pulsa na constelação dos divisores que vão ordenar o longo amanhecer do século XXI.
A sociedade que emergiu das conquistas acumuladas a partir de 2002, não cabe mais nos limites do atual sistema político nacional.
A democracia brasileira precisa se ampliar para que a riqueza possa convergir. E a economia voltar a crescer.
As costuras já não se sustentam com novos remendos.
Uma logística e uma industrialização planejadas para servir a 30% da população mostram a incompatibilidade do projeto elitista com o anseio de cidadania de milhões de brasileiros resgatados da fome e da miséria na última década.
Supor que uma novo equilíbrio emergirá do retorno a políticas nefastas dos anos 90, quando o país, seu patrimônio e sua gente foram reduzidos a um anexo dos mercados desregulados, é confundir o que anda para frente com o cortejo empenhado em ir para trás.
A responsabilidade de interferir nessa disputa requer certas estacas balizadoras que impeçam o retrocesso e assegurem o rumo progressista às mudanças.
O Brasil tem razões para não regredir.
A desigualdade entre nós ainda grita alto em qualquer competição mundial.
Mas indicadores de 150 países comparados pela Boston Consulting Group mostram que o Brasil foi o que melhor utilizou o crescimento dos últimos cinco anos para elevar o padrão de vida da população.
A narrativa conservadora sempre desdenhou da dinâmica vigorosa embutida nesse degelo social.
Reconhecer os novos aceleradores sociais do desenvolvimento não implica negar os gargalos prevalecentes e outros novos adicionados pela correlação de forças da última década.
Ambos são reais.
A coexistência de um Brasil urgente, vital e encorajador, com uma estrutura de comunicação anacrônica e monopolista, por exemplo, distorce e constrange as vozes que precisam ser ouvidas nesse Rubicão da nossa história.
A travessia não se completará de forma emancipadora se a mídia persistir como um poder ubíquo, dotado de meios e recursos leoninos para exacerbar o conflito, desqualificar projetos e fraudar opiniões que não comungam do seu ideário de nação e de mundo.
A importância desse debate e desse momento levou Carta Maior a definir uma nova etapa de sua história.
Para contemplá-lo renovamos o projeto gráfico e promovemos um salto editorial com a incorporação de vozes consagradas do debate democrático brasileiro.
Mudamos não para reforçar uma casamata de certezas graníticas.
Mas para ampliar a janela aberta ao ar fresco do desassombro, que inclui a crítica e a autocrítica das escolhas e experiências do próprio campo progressista nesse percurso.
Temos a convicção de que somente assim será possível enxergar melhor o caminho no longo amanhecer da sociedade de homens e mulheres livres que tenham o comando do seu próprio destino.
Que 2014 seja um degrau dessa caminhada é o engajamento fraterno que une Carta Maior e seus leitores a milhões de brasileiros empenhados em construir o verdadeiro Ano Novo.
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