quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Morreram na contra mão

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ADITAL Jovem
04.12.2013
Morreram na contra mão

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Por Mozart Noronha em 29/11/2013

Morreram na contra mão, atrapalhando a Copa. Dois operários. Construtores de casas. Construtores de estádios para a Copa e para as Olimpíadas. Os espetáculos que acontecerão nas obras construídas pelas suas mãos e que não estarão ao seu alcance. São criadores de riquezas, mas não passam de pobres construtores de ARENAS, oferecendo seus corpos para os macabros espetáculos. Os combates de morte são presenciados pelos masoquistas com apetites vampirescos.

Agora o caso irá para a (in) Justiça. As empreiteiras, com ótimos advogados, culparão os trabalhadores pelas suas próprias mortes. Dirão que foram suicidas. O Judiciário vai aguardar a AÇÃO. Virão os embargos. A JUSTIÇA É CEGA.

Trabalhador não tem diploma universitário, não vale muita coisa. Seus filhos também não terão futuro promissor e não precisarão de grandes indenizações. Caso fossem filhos de juízes tudo seria diferente. Os governos dirão que as obras não poderão parar. A Copa não pode esperar. Operários existem muitos no "exército de reserva”. Trabalhador é coisa descartável. Os governos federal, estadual e municipal não têm nenhuma responsabilidade. Têm pressa. Estão ansiosos para verem as "arenas” concluídas. Confiam nas empresas construtoras. Elas vão ajudar nas próximas eleições. Têm compromissos com a FIFA. Imploraram de joelhos para que a Copa viesse para o Brasil.

O Lula chorou de alegria quando decidiram que as Olimpíadas veriam para cá. Ora temos muita mão de obra barata. É isto aí, amigos e amigas, até quando operários são levados ao altar do sacrifício pelos agentes do capitalismo? Certamente até que se cumpra a profecia do mestre Vinicius de Moraes:

"Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.

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