Seminário será novo alerta contra venenos agrícolas
Por Fernanda Nazário, estagiaria do Centro Burnier Fé e Justiça
O coletivo que articula em Mato Grosso a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida se reuniu pela primeira vez este ano, semana passada, e estabeleceu como prioridade um seminário no inicio de abril com participação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), agricultores, secretaria da saúde, entre outros convidados. O objetivo é mais uma vez alertar a sociedade sobre os perigos do agrotóxico.
No seminário, serão exibidas experiências positivas de profissionais que utilizam a agroecologia como forma de cultivo, cujos ensinamentos pretendem contribuir na construção de estilos de agricultura de base ecológica e na elaboração de estratégias de desenvolvimento rural, tendo-se como referência os ideais da sustentabilidade. Além das palestras, durante o seminário, que terá a duração de dois dias, será lançada a segunda edição do filme “O veneno esta na mesa II” produzido pelo cineasta Sílvio Tendler.
Banidos da União Européia e dos Estados Unidos, os agrotóxicos considerados de risco á saúde humana estão sendo utilizados em outros países, um exemplo é o Brasil, que aderiu estes produtos na política agrícola desde 1960 a fim de exterminar pragas ou doenças que permeiam as plantações. Pesquisas alegam que o consumo de agrotóxicos podem trazer danos, tanto para as pessoas que trabalham em lavouras, quanto para os que compram frutas, verduras e legumes em supermercados, pois o contado direto ou indiretamente com a substância trás riscos. Como forma de protesto, foram desenvolvidas varias campanhas e organizações contestando o uso de inseticidas tóxicos, uma delas é a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, criada dia 07 de abril de 2011 com o intuito de sensibilizar a sociedade brasileira para os riscos que os agrotóxicos representam, e a partir daí tomar medidas para frear seu uso.
Com a sede executiva situada em Brasília, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida esta presente em 20 estados brasileiros, entre eles esta Mato
Franciléia Paula de Castro é engenheira agrônoma e defende o extermínio do agrotóxico em Mato Grosso.
Grosso, principal produtor de algodão do país e, segundo o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é também responsável por 32% da renda bruta da soja. Portanto, os agricultores mato-grossenses estão entre os principais compradores de agrotóxico do país. E para eliminar a comercialização do produto no Estado, a engenheira agrônoma e coordenadora da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida de Mato Grosso, Franciléia Paula, luta desde junho de 2011, quando a campanha foi lançada na região, contra o uso do inseticida nas lavouras de MT. Segundo ela, a ideia central do trabalho é reduzir ou eliminar o agrotóxico da vida alimentícia do cidadão, pois seu consumo atrai agravantes para a saúde, como o câncer, lesões no rim, distúrbios hormonais, entre outros problemas que podem levar a óbito.
Cid Ferreira é gerente de planejamento da Aprosoja – MT e acredita que, com o banimento do agrotóxico não existirá alimento.
Já para o gerente de planejamento da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja – MT), Cid Ferreira Sanches, se o agrotóxico for exterminado do mercado não existirão alimentos no Estado, pois, segundo ele, o custo das frutas, verduras e legumes serão altos e não haverá condição de comercialização. CID rebate a campanha e diz que antes de ir para o mercado o produto passa por um processo de avaliação feito pela Anvisa e, se aprovado, é liberado para ser comercializado. “O agrotóxico altamente prejudicial à saúde é barrado pela Anvisa. Além disso, o trabalhador rural precisa do acompanhamento de um engenheiro agrônomo para usar os inseticidas corretamente, misturando-o em água”.
Há controvérsias. Lucinéia Freitas, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirma que é possível produzir alimento de forma ecológica, sem prejudicar o meio ambiente e a humanidade. “A agricultura existe há 8 milhões de anos e o agrotóxicos há 60 anos. A fome no mundo não diminuiu com a aplicação do veneno tóxico na agricultura. Pelo contrário. O extermínio do agrotóxico irá beneficiar a sociedade”.
Em Mato Grosso, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida recebe denuncias pelo e-mailmtcontraosagroxicos@ gmail.com ou pelo Ministério Público que encaminhará a questão para o comitê composto pelo FORMAD – Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento, FASE- Federação de Orgãos Para Assistência Social e Educacional, MST- Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra, entre outras organizações.
O Brasil é o primeiro colocado no ranking mundial do consumo de agrotóxicos. Mais de um bilhão de litros de venenos foram jogados nas lavouras em 2010, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola. Para mudar esse quadro, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida mantém um site nacional (http://www. contraosagrotoxicos.org/) para os que desejam acompanhar os projetos do trabalho. “O comitê é um espaço que está aberto a sociedade em geral, um espaço de controle social sobre o estado em especifico sobre a questão dos agrotóxicos”. Conclui Franciléia Paula, que é contra o advento do agrotóxico na agricultura do Brasil
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