quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Os escândalos e polêmicas do pontificado de Bento 16

bbc
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Os escândalos e polêmicas do pontificado de Bento 16

Atualizado em  11 de fevereiro, 2013 - 15:46 (Brasília) 17:46 GMT
Papa (Foto Reuters)
Bento 16 teve de lidar com os escândalos de pedofilia na Igreja
Iniciado em 2005, o curto pontificado do Papa Bento 16 foi marcado por várias polêmicas e alguns escândalos.
Declarações do próprio pontífice provocaram críticas de muçulmanos, judeus, ativistas de defesa de direitos civis e autoridades médicas – estes últimos especialmente preocupadas com sua condenação do uso de preservativos.
Entre os escândalos, ele teve de lidar com acusações de que o Vaticano teria ajudado a acobertar casos de pedofilia e, mais recentemente, um escândalo desatado pelo vazamento de documentos sigilosos que faziam referência à corrupção nos negócios da Igreja Católica com empresas italianas.
Abaixo, confira alguns dos mais controversos episódios do seu pontificado:

Declarações sobre Maomé

Em 2006, em um discurso na Universidade de Ratisbona, Bento 16 fez uma declaração sobre Maomé que levou a uma série de protestos em países e comunidades islâmicas.
Na ocasião, durante uma palestra intitulada "Fé, Razão e a Universidade", o papa citou o que seria, segundo ele, uma frase do imperador bizantino Manuel 2º Paleologus sobre a prática de espalhar a fé com violência: "Mostre-me o que Maomé trouxe de novo, e lá você encontrará apenas coisas más e desumanas, como o seu comando de espalhar pela espada a fé que ele pregava".
A declaração foi repudiada em todo o mundo muçulmano.
Em Nablus, na Cisjordânia, duas igrejas foram atacadas com bombas. O governo do Paquistão pediu explicações para o embaixador do Vaticano no país e até o Parlamento europeu aprovou uma resolução recriminando o papa.
"É lamentável que o líder religioso dos cristãos tenha tão pouco conhecimento do Islã, e que fale sem vergonha disso", disse na época o clérigo iraniano Ahmad Khatam.

Discurso em Auschwitz

Durante uma visita ao local onde ficava o mais conhecido campo de concentração nazista na Polônia, em maio de 2006, Bento 16 atribuiu a culpa do Holocausto a "um bando de criminosos" que teriam "abusado" do povo alemão.
As declarações em Auschwitz foram censuradas por importantes figuras da comunidade judaica, para quem as palavras do pontífice teriam reduzido a responsabilidade de aliados e cúmplices do nazismo.
O presidente da União de Comunidades Judaicas Italianas, Claudio Morpurgo, se disse "perplexo" com a declaração de Bento 16 - primeiro papa alemão desde o século 11 - e o grande rabino de Roma, Riccardo di Segni, classificou o discurso como "problemático".

Preservativos

Durante uma visita a África, em Março de 2009, Bento 16 criticou a distribuição de camisinha para combater o problema da Aids no continente, que concentra 75% das mortes pela doença no mundo.
“O problema da Aids é uma tragédia que não pode ser derrotada só com dinheiro ou pela distribuição de preservativos - que até pode agravar o problema”, disse o pontífice, ao conversar com jornalistas no avião, a caminho da capital de Camarões.
A Igreja católica prega que a castidade e a abstinência são a melhor maneira de combater a Aids e, segundo o papa, "a única solução" para o problema seria uma mudança "espiritual" que faria as pessoas adotarem um "comportamento correto em relação ao corpo".
As declarações provocaram protestos de entidades médicas e organizações de combate a Aids.
Pedro Chequer, por exemplo, representante no Brasil no órgão da ONU para o combate à doença, chegou a classificar o discurso de Bento 16 como "genocida".

Pedofilia

As denúncias mais graves de pedofilia na igreja atingiram seu auge em 2009 e 2010. Segundo elas, dioceses locais e o próprio Vaticano foram cúmplices no acobertamento de inúmeros casos de pedofilia, hesitando em punir padres pedófilos e às vezes mudando-os para postos nos quais continuaram a praticar abusos.
Enquanto algumas autoridades católicas inicialmente qualificaram as acusações de serem parte de uma campanha contra a Igreja, o papa aceitou a responsabilidade pelos episódios, falando em "pecados dentro da Igreja".
Bento 16 encontrou vítimas e emitiu pedidos de desculpas inéditos. Enfatizou que os bispos notifiquem os casos de abusos e introduziu novas regras para apressar a apuração de denúncias de pedofilia.
Para os simpatizantes de Bento 16, ele foi o papa que mais agiu contra os abusos.
Críticos, porém, dizem que foi necessário um bom tempo para que o alemão compreendesse a seriedade dos crimes que lhe eram notificados e ele permitiu que os abusos ficassem sem resposta por anos para evitar arranhar a imagem da Igreja.

Corrupção

No ano passado, um escândalo foi desatado pelo vazamento de uma série de documentos do Vaticano sugerindo episódios de corrupção e lutas internas pelo poder nas altas esferas da Igreja Católica.
Alguns dos documentos teriam sido retirados do apartamento do próprio Bento 16, e o mordomo do papa, Paolo Gabriele, foi preso, acusado de conexão com o caso.
Gabriele, que teria entregue os documentos a um jornalista, disse que sua intenção era expôr a corrupção e as perversidades do Vaticano.
Ele foi condenado a 18 meses de prisão por roubo de documentos oficiais, mas foi "perdoado" pelo papa.
Outro empregado do Vaticano, Claudio Sciarpelletti, também foi condenado e perdoado pelo pontífice.

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