domingo, 7 de outubro de 2012

GT MEIO AMBIENTE E JUVENTUDES - versão 4


VERSÃO 4 (ainda em construção)
GT MEIO AMBIENTE E JUVENTUDES


PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO,
DIREITOS HUMANOS
E DA TERRA / PEEDHT
  

PRINCÍPIOS GERAIS

Consideramos que os defensores ou pessoas que atuam nos Direitos Humanos (DH) preocupam-se em dar visibilidade aos grupos sociais marginalizados ou aos fenômenos que carecem ser percebidos pela sociedade. Todavia, é necessário primeiramente considerar que tais pessoas também estão invisibilizadas, ainda que a maioria tenha ouvido sobre DH, raramente temos leitores de relatórios, militantes ou atuações no campo dos DH. É urgente também redimensionar que a vida humana é somente um dos elos, entre outros que representam a vida no planeta, e está na dependência desses vários outros e que outras vidas necessitam igualmente de proteção. Também será imprescindível reconhecer que as vidas, humanas e não humanas estão na dependência da água,  do ar e do fogo no mosaico dos elementos que juntos garantem a existência do planeta Terra. Neste contexto, um dos princípios será construir um Plano Estadual de Educação, Direitos Humanos e da Terra do estado de Mato Grosso. Assim, elencamos nossos princípios gerais:

1.       Considerar que os Direitos Humanos estão na dependência de outras formas de direito, como vidas não humanas e elementos que circundam a Terra e, portanto, é preciso sempre ter em consideração os Direitos Humanos e da Terra (DHT);

2.       Fomentar processos que possam oferecer visibilidade aos defensores e militantes dos DHT;

3.       Compreender o significado de DIREITO para além de suas perspectivas individuais, mas sobremaneira em suas abrangências coletivas e difusas (dizem-se transindividuais, pertencendo a um grupo ou comunidade composta por pessoas indeterminadas e indetermináveis);

4.       É essencial respeitar os jovens em sua plenitude,  acolhendo as mudanças nos processos dos diálogos intergeracionais;

5.       Conhecer as identidades, os conflitos socioambientais, as violações de direitos humanos e os danos ambientais de MT, no marco do contexto do mapeamento social;

6.       Promover as políticas públicas em DHT em vários idiomas e linguagens, especialmente considerando os povos indígenas, garantindo a pluralidade cultural;

7.       Acompanhar as relatorias oficiais do Governo, mas, sobretudo valorizar o contrainforme da sociedade civil;

8.       Concretizar um processo sustentável do PEEDHT, promovendo os diálogos entre diversas instituições, para que seja um processo em longo prazo e não apenas uma campanha pontual da construção do plano;

9.       Garantir o orçamento do Governo para que as ações do PEEDHT sejam um processo de sustentabilidade.

Atendendo as orientações do Ministério de Educação (MEC), o GT Meio Ambiente e Juventude propõe a transversalização dos DHT em 5 eixos principais, com suas considerações e proposições, a saber: (I) Educação Básica; (II) Educação Superior; (III) Educação não-formal; (IV) Educação para os profissionais dos sistemas de justiça e segurança; e (V) Educação e Mídia.


(1) EDUCAÇÃO BÁSICA

1.1.        PRINCÍPIOS
·        Assegurar a formação de professores nos seus processos iniciais e permanentes, por meio dos processos de DHT, valorizando o profissional  e as condições dignas de trabalho;
·        Construir uma orientação curricular que possa despertar o espírito crítico à construção de uma vida social ética, no compromisso com os fenômenos e pessoas “invisíveis”;
·        Reconstruir o ensino médio que respeite os jovens e adolescentes, abandonando as posturas de negar as inovações e mudanças da vida;
·        Valorizar as identidades regionais nos processos educacionais contra os estereótipos hegemônicos, na complexidade das relações étnico-raciais, orientações sexuais, religiosas ou qualquer outra diferença que possa ser caracterizada como inferior;
·        Aceitar os princípios do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e de Responsabilidade Global como princípio da educação, direitos humanos e ambiente;


1.2.        AÇÕES PROGRAMÁTICAS

1.2.1.   Jornada Única de Trabalho
·        Ação: Valorizar os trabalhadores da educação por salários e condições de trabalho dignos, estimulando programas de formação inicial e permanente que favoreça o debate sobre os DHT, no compromisso ético da construção de uma sociedade mais fraterna e justa.
·        Responsáveis: Governo do Estado de MT, principalmente as Secretarias de Estado de Educação (SEDUC), Meio Ambiente (SEMA) e Justiça e Direitos Humanos (SEJDH), além dos Ministérios da Educação (MEC), Meio Ambiente (MMA) e Justiça;
·        Parceiros: Sindicatos, prefeituras, universidades, organizações não  governamentais, redes, fóruns e movimentos da sociedade civil;
·        Prazos: médio e longo prazo.


1.2.2.   Educação Integral
·        Ação: Fortalecer as políticas públicas que garantam a permanência dos estudantes na escola integral, modificando a estrutura curricular com bases também nos princípios dos DHT. Acelerar os processos que evitem a evasão e a repetência, na guinada da mudança da percepção neoliberal de que “a boa escola é aquela que reprova ou premia”;
·        Responsáveis: Governo do Estado de MT, principalmente as Secretarias de Estado de Educação (SEDUC), Meio Ambiente (SEMA) e Justiça e Direitos Humanos (SEJDH);
·        Parceiros: Coletivos Jovens, Rede da Juventude e Meio Ambiente (REJUMA), Ministérios da Educação (MEC), Meio Ambiente (MMA) e Justiça (MJ); além das prefeituras, universidades, organizações não governamentais, redes, fóruns e movimentos da sociedade civil;
·        Prazos: médio e longo prazo.


1.2.3.   Escolas Sustentáveis Inclusivas
·        Ação: Fomentar a construção de escolas sustentáveis, considerando o conforto térmico, o aproveitamento das luzes naturais, ventilação e bioarquitetura, além de outros espaços físicos como laboratórios, bibliotecas ou refeitórios e que seja assegurada a acessibilidade à escola pelos deficientes físicos e mentais na promoção da educação inclusiva.
·        Responsáveis: Governo do Estado de MT, principalmente as Secretarias de Estado de Educação (SEDUC), Meio Ambiente (SEMA), Planejamento (SEPLAN) e Justiça e Direitos Humanos (SEJDH), além dos Ministérios da Educação (MEC), Meio Ambiente (MMA) e Justiça (MJ);
·        Parceiros: Prefeitura, universidades, Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJMT), organizações não governamentais, redes, fóruns e movimentos da sociedade civil;
·        Prazos: curto, médio e longo prazo.


1.2.4.   Projeto de Educação Ambiental (PrEÁ)
·        Ação: Dar continuidade ao Projeto de Educação Ambiental da SEDUC, por meio de incentivos (inclusive financeiros) às escolas, para pequenos Projetos Ambientais Escolares Comunitários, que reforcem a dimensão dos DHT; e que envolva os gestores, professores, estudantes e membros da comunidade do entorno da escola. Nesta ação, é essencial a valorização dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJMT) que possuem princípios próprios de atuação e organização.
·        Responsáveis: Governo do Estado de MT, principalmente as Secretarias de Estado de Educação (SEDUC), Meio Ambiente (SEMA) e Justiça e Direitos Humanos (SEJDH);
·        Parceiros: Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJMT), Rede da Juventude e Meio Ambiente (REJUMA), Ministérios da Educação (MEC), Meio Ambiente (MMA) e Justiça (MJ); além das prefeituras, universidades, organizações não governamentais, redes, fóruns e movimentos da sociedade civil;
·        Prazos: curto, médio e longo prazo.



(2) EDUCAÇÃO SUPERIOR

2.1 PRINCÍPIOS
·        Construir uma universidade mais ética que considere os DHT como tática autônoma do Estado (Governo e Sociedade Civil), orientada em  favor da vida e contra as alianças espúrias, as feridas patológicas e os terrorismos que promovem as injustiças socioambientais;
·        Valorizar os DHT na formação dos diversos estudantes, nos processos iniciais e permanentes da profissionalização;
·        Aceitar os processos universais ou globais dos DHT, mas sempre evidenciar a importância dos fenômenos locais e no reconhecimento do outro (alteridade);
·        Conceber uma universidade que vença as hierarquias de saberes, valorizando todos os conhecimentos dos diversos grupos sociais marginalizados e de suas identidades plurais;
·        Enfatizar um processo educativo que lute contra o genocídio indígena, principalmente, mas também de demais grupos sociais, comunidades ou povos tradicionais com índices de suicídio ou ameaças de morte;
·        Estabelecer uma nova relação de ternura com a sociedade humana e não humana, com a vida e não vida no ciclo planetário;
·        Manter o quadrante acadêmico da docência, extensão, pesquisa e internacionalização, mantendo diálogos que promovam o cuidado com a sociedade e a natureza.


2.2. AÇÕES PROGRAMÁTICAS

2.2.1. Reforma Universitária
·        Ação: Realizar a reforma no contexto intrínseco da docência, da extensão, da pesquisa e dos diálogos internacionais, respeitando a autonomia universitária, e com abertura dos diálogos com a sociedade para fazer emergir a função social das universidades no contexto dos DHT;
·        Responsáveis: Universidades, Ministérios da Educação (MEC) e Governo do Estado de MT;
·        Parceiros: Movimento Sindical, Movimento Estudantil, organizações não governamentais, redes, fóruns e movimentos da sociedade civil;
·        Prazos: médio e longo prazo.


2.2.2. Produção Acadêmica
·        Ação: Refletir sobre os caminhos competitivos estabelecidos nas universidades, tomando cuidado para que a academia seja capaz de tratar a fraternidade, cooperação e amorosidade também como elementos essenciais à produção acadêmica;
·        Responsáveis: Universidades, Ministérios da Educação (MEC) e Governo do Estado de MT;
·        Parceiros: Sociedade
·        Prazos: curto, médio e longo prazo.



(3) EDUCAÇÃO NÃO FORMAL

3.1. PRINCÍPIOS
·        Promover os DHT com respeito à autonomia e às escolhas dos povos e comunidades tradicionais, por meio da democracia participativa;
·        Relacionar a Pedagogia do Oprimido à educação popular e à educação não formal, considerando a importância da consciência crítica, da liberdade e do poder de escolhas dos diversos grupos sociais vulneráveis (índios, quilombolas, artesãos, ribeirinhos, negros, homossexuais, mulheres e diversos outros grupos);
·        Dar ampla visibilidade às situação dos direitos humanos no Estado de Mato Grosso para auxiliar na formação de membros das organizações da sociedade civil e na construção de políticas públicas que fortaleçam as comunidades locais e os diferentes grupos sociais;
·        Buscar ampla mobilização e “articulamento” que vise ampliar as ações em Educação em Direitos Humanos desenvolvidas por organizações da sociedade civil e grupos sociais.


3.2. AÇÕES PROGRAMÁTICAS

3.2.1. Mapeamento Social
·        Ação: Conhecer MT pelas margens, a partir dos diversos grupos sociais marginalizados do capital, seus conflitos socioambientais, as violações de direitos humanos e as táticas de resistência;
·        Responsáveis: Universidades, Governo do Estado e Sociedade Civil de MT;
·        Parceiros: Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJMT), organizações não governamentais, redes, fóruns e movimentos da sociedade civil;
·        Prazos: curto, médio e longo prazo.

3.2.2. Fórum de Direitos Humanos e da Terra
·        Ação: Conhecer e divulgar os “contrainformes” construídos pelo Fórum de Direitos Humanos e da Terra (FDHT), em sua ampla atuação, notadamente em políticas públicas, conselhos, comissões e comitês (temporários e permanentes) que se relacionem com: saúde; educação; comunicação; jovens, idosos e diálogos intergeracionais; comitê da verdade; comitê da copa; migração; trabalho escravo; agrotóxicos; situação dos presídios; violências às mulheres, adolescentes e crianças; e grupos sociais diversos.
·        Responsáveis: Fórum de Direitos Humanos e da Terra e Sociedade Civil
·        Parceiros: Governos
·        Prazos: curto, médio e longo prazo.

3.2.3. Diálogos com os Ministérios Públicos
·        Ação: Atuar conjuntamente com os dois ministérios públicos: estadual e federal, essencialmente no combate as violações de direitos humanos e agressões ambientais em: (a) povos indígenas; (b) atingidos da copa; (c) atingidos pela mineração; (d) atingidos da barragem; (e) contravenções oriundas do código florestal estadual; (f) a garantia do zoneamento socioeconômico ecológico; (g) o combate aos latifúndios improdutivos, grilagens e conflitos fundiários; (h) a fiscalização intensiva contra a retirada de madeira; (i) a fiscalização sobre a agropecuária, o programa “Brasil food” e as operações ilegais em supermercados; (j) o controle no uso excessivo dos agrotóxicos; e (k) a fiscalização e o controle das queimadas e a emissão de CO2.
·        Responsáveis: Ministérios Públicos (Estadual e Federal), Grupo de Trabalho de Mobilização Social (GMTS), Fórum de Direitos Humanos e da Terra (FDHT), Rede Mato-Grossense de Educação Ambiental (REMTEA), Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (FORMAD), Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJMT) e demais setores da Sociedade Civil;
·        Parceiros: Governos e sociedade civil;
·        Prazos: curto, médio e longo prazo.


(4) EDUCAÇÃO PARA OS PROFISSIONAIS DOS SISTEMAS DE JUSTIÇA E SEGURANÇA

4.1. PRINCÍPIOS
·        Considerar que ninguém oferece direito a outra pessoa, já que os direitos já estão garantidos, mas é essencial abrir diálogos para que os DHT sejam amplamente alcançados por todos;
·        Garantir para que as defensorias públicas sejam asseguradas nas regiões, auxiliando principalmente as pessoas economicamente desfavorecidas e garantindo a ampla geografia dos DHT;
·        Respeitar os direitos humanos nos sistemas prisionais e carcerários, garantindo os serviços civis que humanizam e revitalizam os sistemas de justiça e segurança.

4.2. AÇÕES PROGRAMÁTICAS

4.2.1. Desburocratização dos processos judiciários
·        Ação: Acelerar e desburocratizar os processos judiciários, combatendo a “política do favor” e garantindo a transparências e urgências nas questões jurídicas;
·        Responsáveis: Governo do Estado de MT;
·        Parceiros: Sociedade civil, Tribunal de Justiça, Defensoria Pública, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT);
·        Prazos: curto, médio e longo prazo.


(5) EDUCAÇÃO E MÍDIA

5.1. PRINCÍPIOS
·        Garantir a popularização regional, ainda que mantendo as conexões globais, respeitando as informações locais e as identidades construídas, essencialmente no tocante aos DHT;
·        Assegurar o acesso aos veículos de comunicação de massa em horários de audiência, principalmente quando a pauta se relacionar com os DHT;
·        Valorizar as diferentes estéticas, principalmente regionais, contra a hegemonia dos fenótipos eurocêntricos;
·        Garantir a mídia alternativa com liberdade de expressão;
·        Construir mecanismos legais e pactos éticos que possam garantir uma comunicação efetiva na dimensão dos DHT;
·        Promover processos formativos permanentes que possam despertar a capacidade crítica da leitura de informações, principalmente na Internet, que abalem a moral, a autoria ou a fidedignidade da informação virtual.

5.2. AÇÕES PROGRAMÁTICAS

5.2.1. Regulamentação de programas de TV e Rádio
·        Ação: Regulamentar sobre os excessivos programas religiosos, eleitoreiros ou partidários nas rádios e TV, despertando a capacidade crítica contra a lavagem cerebral;
·        Responsáveis: Governo Federal Brasileiro e do Estado de MT, especialmente a Secretaria de Comunicação Social (SECOM);
·        Parceiros: Sociedade civil
·        Prazos: médio e longo prazo.

5.2.2. Programas de Educomunicação nas Escolas
·        Ação: Pautar a comunicação como tema transversal nas escolas, por meio de programas e projetos que tragam a consciência crítica e ética das informações, além de fortalecer os programas de educomunicação;
·        Responsáveis: Governo Federal Brasileiro; do Estado de MT; Universidades e Sociedade Civil;
·        Parceiros: Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJMA), Rede Mato-Grossense de Educação Ambiental (REMTEA), organizações não governamentais e sociedade civil;
·        Prazos: curto, médio e longo prazo.



GT MEIO AMBIENTE E JUVENTUDE

Coordenadores
Relatoras
Regina Aparecida da Silva, FDHT
Romário Augusto M. Souza, CJMT

Elizete Gonçalves dos Santos, CJMT
Michèle Sato, FDHT

Fórum dos diálogos intergeracionais de Juventude e Meio Ambiente
Cuiabá: 28 de setembro de 2012.

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