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http://www.ihu.unisinos.br/noticias/515224-pwc-aquecimento-global-chegara-a-6oc-ate-2100
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Consultoria aponta que a intensidade de carbono na economia mundial só foi reduzida em 0,7% em 2011 e que se essa taxa não for elevada para 5,1% ao ano pelas próximas quatro décadas ultrapassaremos em muito a temperatura máxima recomendada por cientistas.
A reportagem é de Fabiano Ávila e publicado pelo Instituto CarbonoBrasil, 05-11-2012.
Os governos são lentos. As negociações climáticas engatinham. Ações nacionais são pontuais e esporádicas. Estes problemas já são bem conhecidos de quem acompanha o noticiário sobre as mudanças climáticas, mas não é sempre que é possível provar estes fatos com números.
Este é o grande mérito do Low Carbon Economy Index 2012, elaborado pela consultoria PwC, e que traz o grave alerta de que a meta recomendada por cientistas de se manter o aquecimento global em menos de 2ºC está praticamente impossível de ser alcançada. Ao invés disso, os compromissos assumidos até agora pelos líderes mundiais apontam que até o fim deste século estaremos vivendo em um planeta 6ºC mais quente.
Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), uma elevação dessa magnitude nas temperaturas significa o aumento dramático da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, a extinção de milhares de espécies e drásticas transformações no nosso modo de vida.
“A realidade é muito mais desafiadora do que se pensava. Mesmo dobrando nossas atuais metas de descarbonização, ainda assim veríamos uma aquecimento de 6ºC em 2100. Parece altamente improvável que os governos consigam realmente manter o limite de 2ºC”, afirmou Jonathan Grant, diretor de sustentabilidade da PwC.
Para alcançar os 2oC, a consultoria afirma que seria preciso reduzir a intensidade de carbono na economia mundial em 5,1% ao ano durante os próximos 39 anos, algo que jamais foi realizado.
Mesmo com um ano marcado pela crise internacional, que resultou na queda da produção industrial, a descarbonização da economia não foi muito significativa em 2011.
“Constatamos que no ano passado a intensidade de carbono caiu apenas 0,7%. É muito pouco e muito tarde. Não se trata de alarmismo, é uma questão de matemática. Estamos nos encaminhando para um território desconhecido, no qual não sabemos que tipo de transformações e inovações tecnológicas serão necessárias. De qualquer forma, vale destacar que continuar com o modelo atual [business as usual] não é uma opção válida”, declarou Leo Johnson, do departamento de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas da PwC.
Descarbonização
Em 2011, os países europeus foram os que registraram as maiores quedas em sua intensidade de carbono, com Reino Unido, Alemanha e França apresentando uma redução maior do que 6%. Mas a principal razão para isso foi o inverno ameno, que reduziu o consumo de energia, e, é claro, a crise econômica que assola o continente.
Já os Estados Unidos apresentaram uma queda de 3,9%, também graças ao inverno com temperaturas altas e ao investimento na geração de energia com gás natural. A PwC sugere que o cenário futuro norte-americano é promissor, principalmente se a nova legislação de eficiência de combustível para automóveis for posta em prática.
A Austrália aparece como a grande vilã do índice, com um crescimento de 6,7% em sua intensidade de carbono em 2011 e um aumento de 8,7% nas emissões relacionadas ao setor de energia devido ao uso contínuo de termoelétricas à carvão.
Os países emergentes também não aparecem muito bem. A China e a África do Sul seguem possuindo uma relação entre carbono e PIB altíssima, com, respectivamente, 754 tC02/2011$m e 781 tC02/2011$m. A líder neste quesito é a Arábia Saudita, com 817 tC02/2011$m.
O Brasil se destaca positivamente nesta relação, com apenas 197tC02/2011$m graças à sua matriz hidrelétrica. O país apresentou em 2011 uma queda de 1% em sua intensidade de carbono, porém o percentual relacionado com a geração de energia aumentou em 1,7%. Durante a última década, a média brasileira foi de uma redução de 0,7% e a taxa anual necessária para até 2050 é estimada em -4,1%.
Com menos de um mês para a Conferência do Clima de Doha (COP 18), no Catar, fica claro que as nações terão que ser mais ambiciosas do que nunca na busca de um acordo que limite as emissões e reverta o quadro apresentado peloLow Carbon Economy Index 2012.
“É preciso implementar reduções da ordem das gigatoneladas por toda a economia, na geração de energia, na eficiência, no transporte e na indústria. Também precisamos estimular ferramentas como o REDD+ em países com grandes florestas”, concluiu Grant.
A reportagem é de Fabiano Ávila e publicado pelo Instituto CarbonoBrasil, 05-11-2012.
Os governos são lentos. As negociações climáticas engatinham. Ações nacionais são pontuais e esporádicas. Estes problemas já são bem conhecidos de quem acompanha o noticiário sobre as mudanças climáticas, mas não é sempre que é possível provar estes fatos com números.
Este é o grande mérito do Low Carbon Economy Index 2012, elaborado pela consultoria PwC, e que traz o grave alerta de que a meta recomendada por cientistas de se manter o aquecimento global em menos de 2ºC está praticamente impossível de ser alcançada. Ao invés disso, os compromissos assumidos até agora pelos líderes mundiais apontam que até o fim deste século estaremos vivendo em um planeta 6ºC mais quente.
Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), uma elevação dessa magnitude nas temperaturas significa o aumento dramático da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, a extinção de milhares de espécies e drásticas transformações no nosso modo de vida.
“A realidade é muito mais desafiadora do que se pensava. Mesmo dobrando nossas atuais metas de descarbonização, ainda assim veríamos uma aquecimento de 6ºC em 2100. Parece altamente improvável que os governos consigam realmente manter o limite de 2ºC”, afirmou Jonathan Grant, diretor de sustentabilidade da PwC.
Para alcançar os 2oC, a consultoria afirma que seria preciso reduzir a intensidade de carbono na economia mundial em 5,1% ao ano durante os próximos 39 anos, algo que jamais foi realizado.
Mesmo com um ano marcado pela crise internacional, que resultou na queda da produção industrial, a descarbonização da economia não foi muito significativa em 2011.
“Constatamos que no ano passado a intensidade de carbono caiu apenas 0,7%. É muito pouco e muito tarde. Não se trata de alarmismo, é uma questão de matemática. Estamos nos encaminhando para um território desconhecido, no qual não sabemos que tipo de transformações e inovações tecnológicas serão necessárias. De qualquer forma, vale destacar que continuar com o modelo atual [business as usual] não é uma opção válida”, declarou Leo Johnson, do departamento de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas da PwC.
Descarbonização
Em 2011, os países europeus foram os que registraram as maiores quedas em sua intensidade de carbono, com Reino Unido, Alemanha e França apresentando uma redução maior do que 6%. Mas a principal razão para isso foi o inverno ameno, que reduziu o consumo de energia, e, é claro, a crise econômica que assola o continente.
Já os Estados Unidos apresentaram uma queda de 3,9%, também graças ao inverno com temperaturas altas e ao investimento na geração de energia com gás natural. A PwC sugere que o cenário futuro norte-americano é promissor, principalmente se a nova legislação de eficiência de combustível para automóveis for posta em prática.
A Austrália aparece como a grande vilã do índice, com um crescimento de 6,7% em sua intensidade de carbono em 2011 e um aumento de 8,7% nas emissões relacionadas ao setor de energia devido ao uso contínuo de termoelétricas à carvão.
Os países emergentes também não aparecem muito bem. A China e a África do Sul seguem possuindo uma relação entre carbono e PIB altíssima, com, respectivamente, 754 tC02/2011$m e 781 tC02/2011$m. A líder neste quesito é a Arábia Saudita, com 817 tC02/2011$m.
O Brasil se destaca positivamente nesta relação, com apenas 197tC02/2011$m graças à sua matriz hidrelétrica. O país apresentou em 2011 uma queda de 1% em sua intensidade de carbono, porém o percentual relacionado com a geração de energia aumentou em 1,7%. Durante a última década, a média brasileira foi de uma redução de 0,7% e a taxa anual necessária para até 2050 é estimada em -4,1%.
Com menos de um mês para a Conferência do Clima de Doha (COP 18), no Catar, fica claro que as nações terão que ser mais ambiciosas do que nunca na busca de um acordo que limite as emissões e reverta o quadro apresentado peloLow Carbon Economy Index 2012.
“É preciso implementar reduções da ordem das gigatoneladas por toda a economia, na geração de energia, na eficiência, no transporte e na indústria. Também precisamos estimular ferramentas como o REDD+ em países com grandes florestas”, concluiu Grant.
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