carta maior
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Agenda-internacional-para-a-semana-de-14-a-21-de-setembro-de-2014/6/31805
Flávio Aguiar, de Berlim
ISIS
A partir desta segunda-feira representantes de 20 países estarão reunidos em Paris na tentativa de concertar um plano para deter o ISIS e seu “Estado Islâmico”. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anuncia disposição de intensificar o combate ao grupo. Na mesma transmissão do assassinato do cidadão inglês David Haines, o ISIS anunciou que a próxima vítima será o também inglês Allan Henning. Apesar da oposição formal do governo de Bashar Al-Assad aos bombardeios norte-americanos contra o ISIS em território sírio, há informes de que o assunto é tema de debate interno no governo de Damasco.
Suécia
Coalizão de direita perde maioria, mas centro esquerda só pode formar governo minoritário. Nas eleições de domingo o Partido Social Democrata, do candidato a primeiro-ministro Stefan Lofven, o Partido Verde e o Partido de Esquerda (ex-comunista), obtiveram 43,7% dos votos, contra 39,1% da atual coligação de direita no governo, liderada pelo Partido Moderado do primeiro-ministro Fredrich Reinfeldt, que já renunciou. Com 160 cadeiras contra 142, os três partidos definidos como de “centro-esquerda” podem formar um governo minoritário. Entretanto o Democratas Suecos, de extrema-direita, de política xenófoba, conquistou 47 cadeiras, com 13% dos votos. Até o momento nenhum outro partido se dispôs a inclui-lo numa coligação. Os motivos apontados para a derrota da coligação conservadora incluem uma crescente insatisfação com sua política de priovatizações, sobretudo nas áreas do ensino, saúde e transporte, com seguidas denúncias de queda na qualidade dos serviços e de má gestão, e com os cortes nos investimentos públicos na área social. O desemprego é alto: 8%, sobretudo entre imigrantes e os mais jovens. Durante a semana os três partidos considerados vencedores apresentarão sua proposta de governo. Se emplacarem esta formação, as políticas mais ortodoxas de austeridade na União Europeia perderão um importante aliado, embora a Suécia não faça parte da Zona do Euro.
Antissemitismo
Manifestação no portão de Brandemburgo, em Berlim, contra o antissemitismo reuniu milhares de pessoas no domingo. A própria chanceler Angela Markel participou da manifestação, o que é raro, falando no seu encerramento. Havia duas alas muito claras nela: uma que tomava a manifestação como a favor do Estado de Israel, e outra que enfatizav mais a luta contra qualquer forma de intolerância, inclusive (em número mais discreto) contra palestinos e muçulmanos. Ataques antissemitas têm aumentado na Europa inteira neste ano, sobretudo na França, Itália, Inglaterra e também na Alemanha. Em julho a polícia alemã registrou 131 ocorrências de antissetmitismo, com 53 em junho. Os casos envolvem o espancamento de pessoas identificadas como judias, depredação ou profanação de túmulos em cemitérios judaicos e ataques contra sinagogas, inclusive com coquetéis molotov. A polícia aponta sobretudo jovens imigrantes e muçulmanos como responsáveis pelos ataques, devido à animosidade contra o governo israelense em alta depois dos massacres de civis palestinos em Gaza, mas há indícios também de que tradicionais organizações antissemitas clandestinas estão surfando nesta onda.
Eleições regionais na Alemanha
As eleições regionais na Turíngia e em Brandemburgo, realizadas neste domingo, confirmaram crescimento do partido conservador Alternative für Deutschland. O Afd, formado há pouco tempo, é considerado um partido “eurocético”e à direita da CDU da chanceler Angela Merkel, também conservador. Desde sua criação quase entraram no Bundestag, Parlamento Federal alemão, conseguiram sete cadeiras no Parlamento Europeu, tiveram 10% dos votos na Saxônia e agora 10% na Turíngia e 12% no estado de Brandemburgo, que fica em torno da capital, Berlim. Na Turíngia a CDU foi o partido mais votado, com 34,1%. Mas a Linke, com 27,9%, o SPD, com 12,4% e os Verdes, com 5,6% (somando 45,9%) poderão formar um novo governo, deslocando a CDU, já que seu tradicional parceiro, o FDP (“business friendly”), ficou fora por não atingir a clásula de barreira de 5%. O NPD, neonazi, também ficou de fora. Em Brandemburgo, o SPD foi o mais votado, com 32,4%, seguido da CDU, 22,3%. A Linke caiu para o terceiro lugar, com 18,9% e os Verdes ficaram com 6,6%. Mais uma vez o FDP caiu fora do Parlamento. Deste modo, apesar da perda do segundo lugar pela Linke, este partido e o SPD poderão manter a coligaçào que atualmente dirige o estado, ficando em suspenso se os Verdes integrarão ou não o governo. Até o momento nenhum partido se dispôs a coligar-se com o AfD, cuja proposta vem roubando votos de todas as outras agremiações, mas sobretudo do PDP e da CDU. O partido defende a saída do euro e o fim do que considera o subsídio alemão para os países endividados da Europa, como Portugal, Espanha, Irlanda, e outros. O partido nega qualquer implicação racista em seu programa, mas decididamente não tem um perfil simpático a políticas sociais para imigrantes.
Ucrânia
Apesar de violações seguidas, trégua na Ucrânia continua de pé, pelo menos formalmente, com diminuição de atividaes militares e trocas de prisioneiros. Durante o fim de semana a Rússia enviou mais 400 caminhões com ajuda humanitária para as regiões de Donetsk e Luhansk, cuja população está sem água corrente, luz elétrica e fornecimento de gás, além de faltarem medicamentos.
Entretanto o comboio teve de retornar à fronteira por não ter a aprovação do governo de Kiev – que, por sua vez, não tem enviado ajuda àquelas populações. Fica claro também que do lado de Kiev existe uma divisão, com o presidente Petro Poroshenko mais inclinado a uma proposta de paz e o primeiro-ministro Arseny Yatseniuk mais empenhado em combater os separatistas e acusar os russos de serem os únicos responsáveis pelos conflitos no leste do país. Do lado dos separatistas fica mais difícil estabelecer se há dissensões quanto à trégua e a proposta de paz, porque a maior parte da mídia se limita a demonizá-los como agentes da política de Putin, ou então diretamente como soldados russos. A União Europeia e os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra a Rússia, sobretudo no setor energético e financeiro, bloqueando fundos e o acesso a recursos financeiros do Ocidente. Em retaliação, a Rússia anunciou a proibição de importações de carros (sobretudo usados) e de bens de consumo, como vestimentas. Isto se soma aos vetos de importação de laticínios e carnes de frango, bovinas e suínas dos países que adotaram as sanções. Por outro lado, o Brasil vem aumentando a venda de carne bovina à Rússia, aproveitando a brecha aberta pelo veto ao produto procedente de outros países.
Argentina
A Câmara de Deputados aprovou a lei que permite pagamento de credores no mercado financeiro nacional ou na França, já aprovada no Senado, e agora sancionada pela presidenta Cristina Kirchner. Pela lei os credores que aceitaram ou aceitarem a renegociação da dívida poderão trocar seus títulos por novos pagáveis naqueles mercados. É uma maneira de contornar a proibição de pagá-los no mercado norte-americano, a partir da sentença judicial do juiz Thomas Griesa, entendendo que o governo de Buenos Aires só poderia pagar os credores que renegociaram suas dívidas depois de pagar os que não aceitaram, caracterizados como “fundos abutres”. A votação na Câmara foi de 139 a favor da lei a 99 contra. Ou seja, 99 deputados preferiram preterir a soberania nacional em favor de encurralarem a presidenta, quebrando o país.
Escócia
Cresce expectativa em torno do plebiscito sobre independência no dia 18, quinta-feira. A partir da divulgação de pesquisas de opinião na semana passada dando maioria ao “sim” (a favor da independência), houve uma ofensiva pelo “não” em várias frentes. Todos os partidos do Parlamento do Reino Unido se empenharam na campanha pelo “não”, além de prometerem mais autonomia para a Escócia.
Agentes financeiros, o FMI e empresários entraram de rijo na campanha, anunciando catástrofes caso o “sim”ganhe. Os bancos escoceses disseram que sem mudarão para a Inglaterra; o FMI acenou com inadimplências; empresas tambem ameaçam deixar de lado uma Escócia independente. A própria Rainha veio à público, recomendando “cautela” na hora de votar. Pesquisas mais recentes votaram a dar uma pequena maioria ao “não”, mas as perspectivas permanecem incertas, devido ao grande número de indecisos (17% segundo algumas pesquisas) e às diferenças de metodologia. As pesquisas que davam vitória ao “sim” foram feitas pela internet, enquanto as favoráveis ao “não” recorreram ao telefone. Mas ninguém saiu à rua com cartelas para perguntar se “sim” ou se “não”.
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Agenda-internacional-para-a-semana-de-14-a-21-de-setembro-de-2014/6/31805
Agenda internacional para a semana de 14 a 21 de setembro de 2014
A partir desta segunda representantes de 20 países estarão reunidos em Paris na tentativa de concertar um plano para deter o ISIS e seu Estado Islâmico.
ISIS
A partir desta segunda-feira representantes de 20 países estarão reunidos em Paris na tentativa de concertar um plano para deter o ISIS e seu “Estado Islâmico”. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anuncia disposição de intensificar o combate ao grupo. Na mesma transmissão do assassinato do cidadão inglês David Haines, o ISIS anunciou que a próxima vítima será o também inglês Allan Henning. Apesar da oposição formal do governo de Bashar Al-Assad aos bombardeios norte-americanos contra o ISIS em território sírio, há informes de que o assunto é tema de debate interno no governo de Damasco.
Suécia
Coalizão de direita perde maioria, mas centro esquerda só pode formar governo minoritário. Nas eleições de domingo o Partido Social Democrata, do candidato a primeiro-ministro Stefan Lofven, o Partido Verde e o Partido de Esquerda (ex-comunista), obtiveram 43,7% dos votos, contra 39,1% da atual coligação de direita no governo, liderada pelo Partido Moderado do primeiro-ministro Fredrich Reinfeldt, que já renunciou. Com 160 cadeiras contra 142, os três partidos definidos como de “centro-esquerda” podem formar um governo minoritário. Entretanto o Democratas Suecos, de extrema-direita, de política xenófoba, conquistou 47 cadeiras, com 13% dos votos. Até o momento nenhum outro partido se dispôs a inclui-lo numa coligação. Os motivos apontados para a derrota da coligação conservadora incluem uma crescente insatisfação com sua política de priovatizações, sobretudo nas áreas do ensino, saúde e transporte, com seguidas denúncias de queda na qualidade dos serviços e de má gestão, e com os cortes nos investimentos públicos na área social. O desemprego é alto: 8%, sobretudo entre imigrantes e os mais jovens. Durante a semana os três partidos considerados vencedores apresentarão sua proposta de governo. Se emplacarem esta formação, as políticas mais ortodoxas de austeridade na União Europeia perderão um importante aliado, embora a Suécia não faça parte da Zona do Euro.
Antissemitismo
Manifestação no portão de Brandemburgo, em Berlim, contra o antissemitismo reuniu milhares de pessoas no domingo. A própria chanceler Angela Markel participou da manifestação, o que é raro, falando no seu encerramento. Havia duas alas muito claras nela: uma que tomava a manifestação como a favor do Estado de Israel, e outra que enfatizav mais a luta contra qualquer forma de intolerância, inclusive (em número mais discreto) contra palestinos e muçulmanos. Ataques antissemitas têm aumentado na Europa inteira neste ano, sobretudo na França, Itália, Inglaterra e também na Alemanha. Em julho a polícia alemã registrou 131 ocorrências de antissetmitismo, com 53 em junho. Os casos envolvem o espancamento de pessoas identificadas como judias, depredação ou profanação de túmulos em cemitérios judaicos e ataques contra sinagogas, inclusive com coquetéis molotov. A polícia aponta sobretudo jovens imigrantes e muçulmanos como responsáveis pelos ataques, devido à animosidade contra o governo israelense em alta depois dos massacres de civis palestinos em Gaza, mas há indícios também de que tradicionais organizações antissemitas clandestinas estão surfando nesta onda.
Eleições regionais na Alemanha
As eleições regionais na Turíngia e em Brandemburgo, realizadas neste domingo, confirmaram crescimento do partido conservador Alternative für Deutschland. O Afd, formado há pouco tempo, é considerado um partido “eurocético”e à direita da CDU da chanceler Angela Merkel, também conservador. Desde sua criação quase entraram no Bundestag, Parlamento Federal alemão, conseguiram sete cadeiras no Parlamento Europeu, tiveram 10% dos votos na Saxônia e agora 10% na Turíngia e 12% no estado de Brandemburgo, que fica em torno da capital, Berlim. Na Turíngia a CDU foi o partido mais votado, com 34,1%. Mas a Linke, com 27,9%, o SPD, com 12,4% e os Verdes, com 5,6% (somando 45,9%) poderão formar um novo governo, deslocando a CDU, já que seu tradicional parceiro, o FDP (“business friendly”), ficou fora por não atingir a clásula de barreira de 5%. O NPD, neonazi, também ficou de fora. Em Brandemburgo, o SPD foi o mais votado, com 32,4%, seguido da CDU, 22,3%. A Linke caiu para o terceiro lugar, com 18,9% e os Verdes ficaram com 6,6%. Mais uma vez o FDP caiu fora do Parlamento. Deste modo, apesar da perda do segundo lugar pela Linke, este partido e o SPD poderão manter a coligaçào que atualmente dirige o estado, ficando em suspenso se os Verdes integrarão ou não o governo. Até o momento nenhum partido se dispôs a coligar-se com o AfD, cuja proposta vem roubando votos de todas as outras agremiações, mas sobretudo do PDP e da CDU. O partido defende a saída do euro e o fim do que considera o subsídio alemão para os países endividados da Europa, como Portugal, Espanha, Irlanda, e outros. O partido nega qualquer implicação racista em seu programa, mas decididamente não tem um perfil simpático a políticas sociais para imigrantes.
Ucrânia
Apesar de violações seguidas, trégua na Ucrânia continua de pé, pelo menos formalmente, com diminuição de atividaes militares e trocas de prisioneiros. Durante o fim de semana a Rússia enviou mais 400 caminhões com ajuda humanitária para as regiões de Donetsk e Luhansk, cuja população está sem água corrente, luz elétrica e fornecimento de gás, além de faltarem medicamentos.
Entretanto o comboio teve de retornar à fronteira por não ter a aprovação do governo de Kiev – que, por sua vez, não tem enviado ajuda àquelas populações. Fica claro também que do lado de Kiev existe uma divisão, com o presidente Petro Poroshenko mais inclinado a uma proposta de paz e o primeiro-ministro Arseny Yatseniuk mais empenhado em combater os separatistas e acusar os russos de serem os únicos responsáveis pelos conflitos no leste do país. Do lado dos separatistas fica mais difícil estabelecer se há dissensões quanto à trégua e a proposta de paz, porque a maior parte da mídia se limita a demonizá-los como agentes da política de Putin, ou então diretamente como soldados russos. A União Europeia e os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra a Rússia, sobretudo no setor energético e financeiro, bloqueando fundos e o acesso a recursos financeiros do Ocidente. Em retaliação, a Rússia anunciou a proibição de importações de carros (sobretudo usados) e de bens de consumo, como vestimentas. Isto se soma aos vetos de importação de laticínios e carnes de frango, bovinas e suínas dos países que adotaram as sanções. Por outro lado, o Brasil vem aumentando a venda de carne bovina à Rússia, aproveitando a brecha aberta pelo veto ao produto procedente de outros países.
Argentina
A Câmara de Deputados aprovou a lei que permite pagamento de credores no mercado financeiro nacional ou na França, já aprovada no Senado, e agora sancionada pela presidenta Cristina Kirchner. Pela lei os credores que aceitaram ou aceitarem a renegociação da dívida poderão trocar seus títulos por novos pagáveis naqueles mercados. É uma maneira de contornar a proibição de pagá-los no mercado norte-americano, a partir da sentença judicial do juiz Thomas Griesa, entendendo que o governo de Buenos Aires só poderia pagar os credores que renegociaram suas dívidas depois de pagar os que não aceitaram, caracterizados como “fundos abutres”. A votação na Câmara foi de 139 a favor da lei a 99 contra. Ou seja, 99 deputados preferiram preterir a soberania nacional em favor de encurralarem a presidenta, quebrando o país.
Escócia
Cresce expectativa em torno do plebiscito sobre independência no dia 18, quinta-feira. A partir da divulgação de pesquisas de opinião na semana passada dando maioria ao “sim” (a favor da independência), houve uma ofensiva pelo “não” em várias frentes. Todos os partidos do Parlamento do Reino Unido se empenharam na campanha pelo “não”, além de prometerem mais autonomia para a Escócia.
Agentes financeiros, o FMI e empresários entraram de rijo na campanha, anunciando catástrofes caso o “sim”ganhe. Os bancos escoceses disseram que sem mudarão para a Inglaterra; o FMI acenou com inadimplências; empresas tambem ameaçam deixar de lado uma Escócia independente. A própria Rainha veio à público, recomendando “cautela” na hora de votar. Pesquisas mais recentes votaram a dar uma pequena maioria ao “não”, mas as perspectivas permanecem incertas, devido ao grande número de indecisos (17% segundo algumas pesquisas) e às diferenças de metodologia. As pesquisas que davam vitória ao “sim” foram feitas pela internet, enquanto as favoráveis ao “não” recorreram ao telefone. Mas ninguém saiu à rua com cartelas para perguntar se “sim” ou se “não”.
Créditos da foto: Arquivo
0 ComentáriosInsira o seu Comentário !
Mais Lidas
Mais Lidas
Editorial
Editorial
Blog do Emir
Blog do Emir
Leia Mais
Leia Mais
PARCERIAS
Nenhum comentário:
Postar um comentário