sexta-feira, 2 de maio de 2014

Em jornada nacional, Sem Terra ocupam dezenas de latifúndios e prédios públicos

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Em jornada nacional, Sem Terra ocupam dezenas de latifúndios e prédios públicos

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Milhares de Sem Terra já deram início a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária deste ano, que concentra a maior parte das suas ações entre os dias 28 de abril e 10 de maio. Em nove estados, os Sem Terra já realizaram 19 ocupações de terra, 12 prédios públicos também foram ocupados, além de trancamento de rodovias, acampamentos e marchas pelas cidades.
De acordo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), neste ano, duas datas importantes da história da luta pela terra no Brasil são lembradas: os 18 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 Sem Terra foram brutalmente assassinados pela Polícia Militar, no município de Eldorado dos Carajás, Estado do Pará, em 1996, e os 50 anos do golpe militar.
Durante as mobilizações, os Sem Terra denunciam a estagnação da Reforma Agrária nos últimos três anos, exigindo um plano emergencial do governo federal para o assentamento das mais de 100 mil famílias acampadas, a paralisação do Programa Nacional de Habitação Rural, a reivindicação de um novo crédito para a agricultura familiar, a ampliação e fortalecimento de programas de compra de alimento direto dos assentados (PAA e Pnae), a retirada do tema da titulação dos assentados da MP 636 e medidas que garantam educação nos assentamentos.
Na próxima terça-feira, 06 de maio, cerca de 1,2 mil Sem Terra marcharão do município de Itapevi, Estado de São Paulo, e chegarão à capital no dia seguinte, onde realizarão mobilizações até a quinta, 09.
Em paralelo as mobilizações, mais de 45 universidades públicas também se somam à luta dos Sem Terra e promovem a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária, realizada ao longo de todo o mês de abril.
Acompanhe as mobilização da Jornada em cada estado:
Pernambuco
Cerca de 1,5 mil Sem Terra já realizaram 10 ocupações de terras e engenhos falidos em todo o Estado de Pernambuco. Na manhã desta terça-feira, 29, mais de 60 famílias ocuparam a Fazenda Paus Preto, em Floresta. Na segunda-feira, 28, em Vitória de Santo Antão, 220 famílias ocuparam o Engenho São Francisco, uma área da Usina Serra Grande. Além dessas áreas, também foi ocupado o Engenho Curupatí, da Usina Bulhões, em São Lourenço da Mata; o Engenho Moreno e uma antiga fábrica de roupas abandonada, em Moreno; o Engenho Cachoeira Cajóca, da Usina Nossa Senhora do Carmo, em Pombos; o Engenho Arranca e Almécega, na região Mata Sul do Estado; o Engenho Belo Horizonte, no município de Goiana; e a Fazenda Papagaio, em Petrolândia.
Em Pernambuco, há acampamentos que existem há mais de 14 anos, sendo que, nos últimos três anos, não houve nenhuma desapropriação de terra. No dia 15 de abril, o MST também realizou uma grande marcha pelas ruas de Recife, para relembrar o Massacre de Eldorado dos Carajás.
Rio Grande do Sul
Nesta terça-feira, 29, no Rio Grande do Sul, cerca de 800 famílias do MST e do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) ocuparam cinco fazendas, enquanto mais de 2 mil trabalhadores e trabalhadoras do MST, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) ocuparam quatro agências da Caixa Econômica Federal. Foram ocupadas fazendas nos seguinte municípios: em Capão do Leão, a fazenda Galapéia, de 3 mil hectares, com 150 famílias; em Pelotas, a fazenda da Palma, na Colônia Z3, de 2 mil hectares, com 150 famílias; em Catuípe, a fazenda da Família Cabral, com 863 hectares, por 80 famílias; em Cruz Alta, uma área de 104 hectares que pertenceria à Varig, com cerca de 100 famílias; e em Passo Fundo, uma fazenda do advogado Maurício Dal Agnol, foragido da Justiça brasileira, de 300 hectares, por 150 famílias do MST e MAB. As ocupações das agências da Caixa Econômica Federal foram realizadas nos municípios de Pelotas, Três Passos, Santa Maria e Passo Fundo, nas regiões Centro, Sul, Norte e Noroeste. Os trabalhadores Sem Terra exigem a liberação de recursos do Programa Minha Casa Minha Vida para o meio rural. Segundo os Sem Terra, somente a demanda de habitação dos assentamentos do MST no Rio Grande do Sul é de 1.300 projetos para a construção de novas casas.
Nesta segunda-feira , 28, em Pelotas, cerca de 400 pessoas do MST, movimento sindical, moradores das vilas Correntes, Posto Branco, Turusul e Capão do Leão e o movimento estudantil de Pelotas e região ocuparam o prédio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para discutirem o fim do pedágio no município com o término da concessão.
Alagoas
Duas agências da Caixa Econômica Federal foram ocupadas pelos Sem Terra nesta terça-feira , 29, em defesa do fortalecimento da política de habitação rural: as de Atalaia e de Piranhas. Na tarde desta terça, o Movimento também se reuniu com o governador Teotônio Vilela Filho, no Palácio República dos Palmares. No dia 14 de abril, cerca de 800 trabalhadores do MST bloquearam o acesso ao canteiro de obras do Canal do Sertão de Alagoas, no município de Inhapi. No mesmo dia, também foi ocupado o Departamento de Estradas e Rodagens (DER-AL) e as prefeituras de Olho D’Água do Casado, Pão de Açúcar e Flexeiras. Em Maceió, foi erguido um acampamento com cerca de 1.000 Sem Terra no começo das mobilizações em Alagoas, onde realizaram uma série de negociações com o poder público sobre as pautas dos Sem Terra no estado.
Santa Catarina
Nesta terça-feira, 29, cerca de 800 militantes da Via Campesina marcharam rumo à Caixa Econômica Federal, no município de Chapecó. Os manifestantes pedem ao governo federal maior agilidade e atualização do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). No último dia 09 de abril, os Sem Terra de Santa Catarina se juntaram à marcha das centrais sindicais, em Florianópolis, e se somaram aos cerca de 2.000 trabalhadores em luta na capital catarinense. A mobilização fez parte da 5ª Marcha dos Catarinenses. Ao chegarem no Poder Judiciário, os manifestantes realizaram uma mística deixando diversas cruzes para simbolizar o Massacre de Eldorado dos Carajás.
Minas Gerais
Desde segunda-feira, 28, cerca de 400 trabalhadores e trabalhadoras rurais do MST mantinham as praças de pedágio da rodovia Fernão Dias (BR 381), na altura do município de Santo Antônio do Amparo, abertas. Após 24h, os Sem Terra decidiram seguir para a capital mineira, onde cobrarão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) os compromissos assumidos que garantiram o encerramento da manifestação.
Sergipe
Cerca de 200 trabalhadores e trabalhadoras assentadas da região se mobilizaram no município de Tobias Barreto, nesta segunda-feira, 28, ao cobrarem dos bancos maior agilidade na liberação dos projetos de investimento. Segundo os Sem Terra, são centenas de projetos já elaborados pela assistência técnica, mas travados por causa da burocracia das instituições, principalmente do Banco do Nordeste. No domingo, 27, cerca de 90 famílias do MST ocuparam a Fazenda São Raimundo, no Povoado Rio Fundo do Abais.
Ceará
Duzentas famílias organizadas pelo MST junto ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Quixeramobim ocuparam, no dia 22 de abril, a Fazenda Boa Vista. Já em Ibaretama, no sertão central cearense, o MST ocupou a fazenda Bonito com 300 famílias, enquanto outras 100 famílias ocuparam a fazenda Viana, no município de Itarema.
Distrito Federal
No Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária (17 de abril), cerca de 500 trabalhadores e trabalhadoras do MST do Distrito Federal e entorno bloquearam trechos das rodovias BR 020 (Belém-Brasília), entre os municípios Planaltina e Formosa, Estado de Goiás, na altura do quilômetro 43, e a BR 070, sentido Águas Lindas de Goiás.
Pará
Entre os dias 10 a 17 de abril, os jovens do MST realizaram o Acampamento Pedagógico da Juventude Camponesa "Oziel Alves Pereira”, na curva do "S”, em Eldorado dos Carajás. O evento incluiu uma série de atividades culturais, como filmes, oficinas de dança, agitação e propaganda, teatro e percussão. Todas as tardes, exatamente às 17h, horário do genocídio contra os trabalhadores rurais Sem Terra, era realizado um ato na BR 155, palco do massacre.

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