quarta-feira, 28 de maio de 2014

Fim de uma lenda: Subcomandante Marcos dá adeus à liderança do Exército Zapatista

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Fim de uma lenda: Subcomandante Marcos dá adeus à liderança do Exército Zapatista

Mateus Ramos
Adital

Foto: ReproduçãoUma história recheada de lutas pelos povos sofridos do México, cheia de mistério acerca de sua identidade. O enredo poderia muito bem ser da história de um herói dos quadrinhos, mas não é. Trata-se de uma pessoa real, de carne, osso e muito espírito. Falamos do agora ex-líder do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), mais conhecido como subcomandante Marcos, que divulgou um comunicado anunciando sua saída do comando da guerrilha mexicana.
Apesar de não ser um herói com superpoderes, aqueles que o subcomandante Marcos chegou a ajudar o consideram sim um herói. Uma lenda viva. Sua verdadeira identidade nunca foi conhecida oficialmente e, mesmo com sua despedida do comando do EZLN, o mistério deve se perpetuar.
A história envolvendo o nome "Marcos” é controversa. Em 1994 o próprio subcomandante revelou em um comunicado o porquê do nome: "Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul, asiático na Europa, hispânico em San Isidro, anarquista na Espanha, palestino em Israel, indígena nas ruas de San Cristóbal, roqueiro na cidade universitária, judeu na Alemanha, feminista nos partidos políticos, comunista no pós-guerra fria, pacifista na Bósnia, artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde, jornalista nas páginas anteriores do jornal, mulher no metropolitano depois das 22h, camponês sem terra, editor marginal, operário sem trabalho, médico sem consultório, escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México. Enfim, Marcos é um ser humano qualquer nesse mundo. Marcos é todas as minorias não toleradas, oprimidas, que resistem, exploradas, dizendo Já Basta! Todas as minorias na hora de falarem e as maiorias na hora de se calarem e aguentarem. Todos os não tolerados buscando uma palavra, sua palavra. Tudo que incomoda o poder e as boas consciências, este é Marcos."
De acordo com o livro "Os ideais do Subcomandante Marcos”, que conta as origens, a influência e a ideologia do movimento zapatista, o subcomandante Marcos é dono de uma habilidade rara para entrevistas e discursos e de uma escrita recheada de metáforas e poemas, que atrai milhares de jovens em todo o mundo. O escritor Marco Brige, autor de livro sobre os zapatistas, o intitula de "Homem Lenda”, que se tornou ainda mais famoso pelo mistério envolvendo sua verdadeira identidade, sempre protegida por um gorro de lã preto.

O fim da lenda
O Subcomandante Marcos está morto e quem fez o anúncio foi ele mesmo, a pessoa que criou a personagem surgida na selva chiapanesca em janeiro de 1994, durante a revolta armada do EZLN contra a injustiça e o Estado mexicano.
Em um comunicado com mais de 15 páginas o enigmático líder anunciou, no domingo, 25 de maio, que deixa a liderança do movimento armado, alegando "mudanças internas" no grupo. Ele ainda descartou que a decisão tenha sido tomada por problemas de saúde.
"Não estou, nem estive doente. Nem estou ou estive morto. Se alimentamos esses boatos é por ser conveniente. O Subcomandante Marcos deixa de ser porta-voz e dedica-se a confundir. Se me permitem definir a personagem Marcos diria sem titubear que foi um ridículo.”, afirmou em uma mensagem marcada com seu já reconhecido tom irônico e difundia para as mídias alternativas.
"Por minha voz, o Exército Zapatista de Libertação Nacional não falará mais", encerrou o ex-líder, no momento em que o surgimento da guerrilha completa 20 anos.
O Exército Zapatista conseguiu obter o reconhecimento de organizações de defesa dos direitos humanos de todo o mundo, ao denunciar as violações dos direitos dos indígenas. A luta do EZLN iniciou em 1994, no Estado de Chiapas, México, quando se deu o início ao Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA na sigla em inglês), entre Estados Unidos, Canadá e México.

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