Novas manifestações de entidades de defesa de direitos humanos reforçam o alerta sobre a situação dos pescadores ameaçados na Baía de Guanabara.
Na quinta-feira, na Cinelândia, ativistas da Justiça Global promoveram um "Ato em Repúdio à Morte dos pescadores, da pesca artesanal e da Baía de Guanabara e Sepetiba". Leia aqui.
Sob o tema Sonhos Olímpicos, a Front Line Defenders selecionou o caso como emblemático do Brasil divulgando vídeo com depoimento do líder dos pescadores, Alexandre Anderson.
A Anistia Internacional emitiu em julho uma Ação Urgente instando as autoridades a investigarem as mortes e a garantirem proteção policial aos membros da AHOMAR. Veja como participar aqui.
O diretor da Anistia Internacional Brasil, Atila Roque, criticou o modelo de desenvolvimento adotado pelo País e a omissão do governo na proteção a ativistas ambientais e defensores de direitos humanos; leia aqui.
"Vítimas do desenvolvimento"
“Vítima do desenvolvimento”: assim dizia a faixa estendida no chão em frente a dois bonecos simbolizando pescadores assassinados. Foi uma imagem simbólica do ato público que encerrou um dia de mobilização e solidariedade em defesa da pesca artesanal e dos direitos dos pescadores da Baía de Guanabara.
São quatro pescadores assassinados e muitos outros ameaçados.
Alexandre Anderson de Souza, presidente da Associação Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR), hoje está no programa federal de proteção de defensores dos direitos humanos devido as constantes ameaças que sofre.
As ameaças estão relacionadas a denúncias apresentadas pelo grupo contra a construção de um gasoduto na baía e o dano ambiental ameaça o modo de vida tradicional dos pescadores.
O Complexo Petroquímico – COMPERJ pertence à Petrobras, BNDES e Grupo Ultra e tem financiamento do BNDES.
Durante o ato, os pescadores solicitaram que a Petrobras os recebesse e ouvisse suas demandas. Mas isso não aconteceu.
“A Petrobrás disse que não vai nos receber porque as falas aqui no ato usaram palavras hostis. Mas hostilidade é pescador ser assassinado” disse Alexandre Anderson, depois da recusa da empresa em recebê-los.
Algumas faixas no protesto diziam “Somos todos pescadores”, uma chamada para que a sociedade se solidarize e apóie a luta dos pescadores da Baía de Guanabara por sua sobrevivência.
As principais demandas são:
. Que os todos os quatro homicídios e as atuais ameaças aos pescadores da AHOMAR sejam investigados
. Que a Petrobras e as empresas a ela vinculadas nas obras do COMPERJ atendam às reivindicações dos pescadores
. Que os danos sócio-ambientais causados pelo COMPERJ sejam reparados
. A revisão das licenças de grandes empreendimentos, conforme o reconhecimento das denúncias da sociedade, graves riscos à natureza, à saúde e à vida.
Com colaboração de Renata Neder.
Tópico Direitos Humanos e Negócios