segunda-feira, 15 de junho de 2015

Quando é um playboy que esfaqueia

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Quando é um playboy que esfaqueia

Portal Vermelho
Adital

Um personagem tem 28 anos, é alto, forte, e conta oito passagens pela polícia por lesão corporal, invasão de domicilio e constrangimento ilegal, sendo conhecido por seu temperamento violento. No último sábado (6), na Gávea (RJ), portando um saca-rolha, ele perfurou três vezes o peito de Ana Carolina Romeiro, 21 anos, que está desde então em uma UTI, lutando pela vida. O noivo da moça, Gabriel Silva, que tentou defendê-la do ataque, teve a orelha decepada pelo agressor, e também está internado.
A delegada responsável pelo caso disse que o acusado, que confessou o crime mas alega apenas ter se defendido, "precisa responder por isso, não importa a sua classe social”.
Uns e outros
Outro personagem tem 16 anos, é baixo, franzino e com 15 passagens por roubo, furto e uso de drogas. No dia 21 de maio ele foi apreendido, acusado de ter assassinado a facadas, dois dias antes, o médico Jaime Gold, de 57 anos, na Lagoa, Rio de Janeiro. O menor negou o crime. Disse que estava em casa, na favela de Manguinhos, quando aconteceu o assassinato. O delegado responsável declarou, no momento da prisão: "duas coisas me chamaram a atenção nesse caso. A frieza do adolescente infrator e a forma covarde, sem nenhum sentimento pelo outro ser humano (como ele agiu) ”.
No dia 02 de junho, outro menor se apresentou à polícia, confessou a participação no crime e inocentou o primeiro menor de qualquer culpa. Abaixo, na foto da esquerda vemos a polícia conduzindo o morador de Manguinhos. Na foto da direita vemos a mesma polícia conduzindo José Phillippe Ribeiro de Castro (o do saca-rolha). Segundo o jornal O Globo, ele é de uma família "que é dona de uma usina de açúcar e faz negócios no ramo da pecuária e no mercado financeiro”. O escritório de advocacia "Bergher & Mattos”, está defendendo Phillippe e já anunciou que irá "recorrer à justiça para tentar libertá-lo logo”.

Imagem: Portal Vermelho

Uns e outros – a sentença nas redes sociais
A tragédia que vitimou o médico Jaime Gold teve ampla repercussão midiática. Seu caso foi usado como argumento para defender a redução da maioridade penal.
Quando o primeiro menor acusado do crime foi preso, inundou-se a rede com fartos exemplos de ódio e intolerância, suficientes para nausear o estômago de um tiranossauro. Um internauta postou no facebook: "Este menor foi apreendido. Deveria ter sido morto”. O hashtag deste cidadão é #balaneles. Ele mesmo comenta, sobre os menores infratores: "essas sementes do mal precisam ser eliminadas”.
Uma cidadã afirma, também no facebook, que os pais são os culpados: "Os pais que querem transar, que se protejam para não colocarem esses vermes entre nós”. Os autores destas declarações são cristãos. Ficaram indignados com a parada gay e o "desrespeito” à imagem do "Salvador”.
O "Salvador” em questão teria ensinado aos seus seguidores o amor ao próximo e, segundo reza a lenda, tinha tanta repugnância pela violência que, se agredido, o fiel deveria oferecer a outra face. Mas afinal, esta orientação só valeria para pessoas como o playboy da Gávea que, pelo perfil, deve ter participado das marchas contra a corrupção, em defesa da meritocracia e, se bobear, antes de dormir, reza pedindo sempre a benção de Deus e, portanto, merece a misericórdia divina, afinal, quem mora em Manguinhos, já está acostumado com o inferno.

Fonte: Notas vermelhas do Portal Vermelho

O catastrofismo, uma via para a catástrofe

http://cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/O-catastrofismo-uma-via-para-a-catastrofe/2/33654


O catastrofismo, uma via para a catástrofe

O futuro se constrói abrindo novos horizontes, novas perspectivas, novas utopias, resgatando o que fomos capazes de construir.

por Emir Sader em 05/06/2015 às 08:03




Emir Sader
- Seguir no labirinto ou jogar tudo pela janela? O falso dilema -
 
Quando a história nos coloca dilemas difíceis de resolver, o catastrofismo é um bom consolo: tudo vai para o pior dos mundos. Ou mudamos tudo radicalmente, abandonando tudo o que foi feito até aqui ou despencaremos inevitavelmente no abismo que nos aguarda ali na esquina.
 
Nessas visões coincidem vozes distintas. Por um lado, as bem intencionadas, que acusam como as formas predatórias de vida predominantes dilapidam os recursos naturais, aprofundam formas de vida irresponsáveis, fazem o mundo se aproximar de catástrofes naturais e sociais. São vozes que absolutizam tendências realmente existentes, sem levar em conta as contra tendências. É o problema de todo catastrofismo: isolam tendências e as projetam para o futuro, sem tomar em consideração as outras diretrizes igualmente presentes, de forma contraditória, na realidade concreta. Terminam se refugiando numa visão escatológica, que não capta os movimentos e as contra tendências que disputam a hegemonia no mundo realmente existentes. São vozes que sempre existiram e servem como chamados morais sobre os riscos presentes nos dilemas atuais, sem servir para orientar a construção de vias alternativas nos marcos históricos do mundo real.
 
Por outro, estão as aves de rapina, aquelas que só aparecem quando aparentemente não existem alternativas concretas e eles pretendem apontar para soluções messiânicas, que jogariam tudo pela janela, para aderir a suas visões intelectualistas e sem nenhum vínculo com a realidade concreta. São fabricantes de programas para todo politico que lhe solicite, de distintas tendências, dispostos a contratar seu verbo. São os mesmos que haviam anunciado catástrofes irresolúveis no fim do século passado e nunca se renderam aos avanços que países como o Brasil e outros da região conseguiram avançar, em meio a labirintos que pareciam insolúveis.
 
Simples é abandonar o caminho quando parece que todas as vias apontam para a mesma direção, quando parece que os labirintos nos condenam a repetir caminhos sem saída. Dificil é seguir a sábia orientação: de um labirinto se sai por cima, ao invés de ficar rodando interminavelmente pelos seus meandros de sempre.
 
O ceticismo que corre solto por aí, típico de época em que as alternativas não aparecem claras, joga tudo pela janela.  Como não valoriza a forma espetacular de reação dos governos progressistas latino-americanos a uma situação similar a esta – em que parecia que não se sairia mais nem do neoliberalismo, nem do endividamento com o FMI -,  afirma que nada de importante aconteceu neste século.
 
Senão, teria que valorizar que o continente mais desigual do mundo – e, dentro dele, em especial o Brasil, o pais mais desigual do continente mais desigual – tenha conseguido diminuir a pobreza, a miséria, a exclusão social e a desigualdade. Tendo construído, num marco internacional e recebendo uma herança maldita, um modelo que conseguiu retomar o crescimento econômico intrinsecamente vinculado à maior distribuição de renda que nossa historia já conheceu.
 
O Brasil precisa dar uma virada na sua trajetória. O esquema montado por Lula entrou em crise.  Mas a alternativa não pode desconhecer tudo o que foi construído. Ao contrário, terá como objetivo a forma de preservar e aprofundar tudo o que foi conquistado. Não se trata nem de retroceder ao que havia antes, nem de desconhecer tudo o que foi avançado.
 
O futuro se constrói abrindo novos horizontes, novas perspectivas, novas utopias, mas resgatando o que fomos capazes – contra vento e tempestade, contra todos os ceticismos e os catastrofismos – de construir.
 
Tags: Economia, Política 

domingo, 14 de junho de 2015

Papa lamenta grilagem de terras por multinacionais e Estados

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Papa lamenta grilagem de terras por multinacionais e Estados

Francisco estava se referindo a uma situação comum na África, onde países como a China exploram vastas áreas para exportar comida para seu próprio mercado.


mst.org.br
Raffaele Esposito / flickr
O papa Francisco denunciou nesta quinta-feira a grilagem de terras em países pobres por empresas multinacionais e de outros Estados, recomendando fortemente o apoio à agricultura familiar de subsistência, ao receber uma delegação da conferência da FAO.

"A grilagem de terras cultiváveis por empresas transnacionais e Estados continua a preocupar. Não só priva os agricultores de um bem essencial, mas atinge diretamente a soberania dos Estados. Em muitas áreas, os produtos alimentícios vão para no exterior e a população local se vê empobrecida duplamente porque não tem nem comida, nem terra", ressaltou.

Francisco estava se referindo a uma situação particularmente comum na África, onde países como a China exploram vastas áreas para exportar comida para seu próprio mercado.

A FAO precisa "fortalecer projetos em favor das empresas familiares e estimular os Estados a regular de maneira justa o uso e posse da terra", disse, denunciando o fato de que "em muitos países, as mulheres não podem possuir a terra que trabalham".

"No Sul a produção local é substituída por mercadorias provenientes do estrangeiro, mesmo com a ajuda. A ajuda de emergência é insuficiente e nem sempre acaba em boas mãos. Isso cria uma dependência dos grandes produtores".

Em registros que anunciam sua encíclica muito aguardada sobre a ecologia humana, "Laudato se", a ser publicada em 18 de junho e que terá acentos tanto éticos quanto sociais, o Papa argentino falou de "educação para a nutrição adequada, o desperdício de alimentos que ocorre com um terço dos produtos alimentares e o uso não-alimentar dos produtos agrícolas, para alimentação animal e biocombustíveis".

Um grande compromisso da comunidade internacional é necessário, de acordo com Francisco, para "mudar estilos de vida". "A sobriedade não se opõe ao desenvolvimento, mas tornou-se sua condição."

O Papa recebeu no Vaticano os participantes da 39ª Conferência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que está sendo realizada em Roma.


Créditos da foto: Raffaele Esposito / flickr

Grécia: encurralada pelos países ricos

http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Grecia-encurralada-pelos-paises-ricos/6/33717


Grécia: encurralada pelos países ricos

A Grécia se coloca o verdadeiro adversário do 'status quo'. O objetivo ao combatero Syriza é demostrar que a esquerda não pode dirigir um país europeu.


Roberto Savio
Theophilos Papadopoulos /  Flickr
ROMA, junho (IPS) – Cinquenta anos de Guerra Fria e o fato de que Angela Merkel cresceu onde então era a Alemanha Oriental poderiam explicar, possivelmente, a curiosa influência política que os Estados Unidos exerce sobre a Europa.
 
Uma reunião bilateral entre Merkel e o presidente estadunidense Barack Obama, durante a cúpula do grupo dos sete países mais ricos do planeta (G-7) – na cidade alemã de Elmau, nos dias 7 e 8 deste mês –, terminou com um acordo para solucionar os problemas de ambos os países.
 
A mandatária germânica aceitou que a União Europeia (UE) continue aplicando sanções à Rússia, o que induziu os demais países a seguir sua decisão. Por sua parte, Obama modificou a posição de Washington a respeito da ajuda econômica à Grécia.
 
Essa postura foi claramente expressada aos líderes europeus alguns dias antes, pelo secretário do tesouro estadunidense, Jack Lew, que defendeu a necessidade de o problema grego para evitar um impacto global que não se deve permitir.
 
Essa posição acelerou repentinamente as negociações, com a esperança de que tudo se resolveria antes da cúpula do G-7.
 
Mas a Grécia não aceitou o plano que foi apresentado pelo presidente da Comissão Europeia, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, porque era suspeitosamente semelhante à postura do Fundo Monetário Internacional (FMI), a favor de mais cortes de gastos sociais e mais austeridade.
 
Na cúpula, Obama endureceu essa posição dos Estados Unidos a respeito da Grécia, ao dizer, de forma imperativa, que “Atenas deve executar as reformas necessárias”.
 
A queda de braço entre a Grécia e seus sócios europeus já dura cinco anos.
 
A crise grega foi produzida pelos gastos excessivos dos que precederam o atual governo de Alexis Tsipras, que levaram a um aumento em grande escala do emprego público e a um sistema de previdência extremadamente oneroso.
 
Em 2009, o Movimento Socialista Pan-helênico (Pasok) ganhou as eleições e foi revelado que as cifras econômicas que Atenas enviava a Bruxelas eram falsas.
 
O deficit anual real era várias vezes superior ao declarado, de quase 12,5% do produto interno bruto (PIB). Foi a confirmação do que a UE e seus organismos suspeitavam há muito tempo, apesar de que nada havia sido feito ainda.
 
Sem entrar em detalhes sobre as angustiantes negociações anteriores entre a Grécia e a UE, se chega às eleições de janeiro deste ano, com a vitória do Syriza, o partido progressista de Tsipras.
 
Seu programa era claro: rechaçar o plano de austeridade imposto pela Troica, o FMI, a UE e o Banco Central Europeu – iniciativa impulsada por Alemanha, Holanda, Áustria e Finlândia.
 
A Grécia está de joelhos. Oficialmente, o desemprego saltou de 11,9% em 2010 para 25,5% na atualidade, mas alguns concordam que, na realidade, esse número já deve estar próximo dos 30%.
 
Entre os jovens, a ociosidade chega a alcançar os 60%. O PIB caiu 25%, os cidadãos gregos perderam ao redor de 30% de sua renda média e o gasto público foi reduzido de tal forma que os hospitais têm grandes dificuldades para funcionar minimamente.
 
Contudo, a exigência da Troica é simples: cortem e sigam cortando até a eliminação do deficit.
 
Por exemplo, a previdência sofreu cortes importante, e já foi solicitada uma nova redução. Com isso, foi possível economizar apenas 100 milhões de euros, e causar um prejuízo enorme aos aposentados e pensionistas que vivem com 685 euros por mês – alguns com até menos que isso.
 
Quando Juncker assumiu a presidência da Comissão Europeia (o órgão executivo da UE), anunciou um grandioso Plano Marshall para o continente. Após sua proclamação, porém, o projeto desapareceu completamente.
 
A austeridade é a brecha que divide as opções dos Estados Unidos e da União Europeia.
 
Os norte-americanos escolheram o caminho do investimento para o crescimento – apesar da pressão do opositor Partido Republicano a favor da austeridade –, e a economia está crescendo de novo.
 
Mas na Europa liderada pela Alemanha, se impôs a tese – com a insistência dos próprios alemães – de que o exemplo germânico é universalmente válido.
 
Existe um consenso generalizado de que a crise da Grécia, que representa somente 2% do PIB da UE, poderia ter sido solucionada logo no começo, com um empréstimo de algo entre 50 e 60 bilhões de euros (56 e 68 bilhões de dólares).
 
Mas desde que Tsipras se tornou primeiro-ministro, e graças ao apoio popular da vitória eleitoral, o governo grego começou a se negar a implantar o plano dos credores e a Grécia se transformou num tema de grande importância.
 
Agora se fala num possível “Grexit”, a saída da Grécia da Zona Euro e da União Europeia. Algo que poderia gerar um efeito dominó, e significaria o fim do sonho de uma Europa baseada na solidariedade e no sentido de comunidade.
 
No G-7, Obama insistiu nos investimentos e no estímulo à demanda como uma forma de sair da crise. Merkel reiterou uma vez mais que a Europa não necessita de estímulos financiados pelo endividamento, mas sim de incentivos procedentes da reforma das economias ineficientes.
 
Este espetáculo me faz lembrar de uma frase do famoso jornalista cingalês Tarzie Vittachi: “tudo sempre é sobre outra coisa”.
 
É interessante observar que uma das razões citadas para justificar a para postura dura contra o Syriza é que os cidadãos da Espanha, de Portugal e da Irlanda, os primeiros que tragaram a amarga pílula da austeridade, se indignariam se a Grécia pudesse optar por um caminho diferente. Casualmente, esses três países possuem governos conservadores.
 
Todo o sistema político europeu se estremeceu quando Syriza ganhou as eleições, e voltou a se sacudir dias atrás, quando as eleições regionais espanholas terminaram com uma vitória do Podemos, o partido de nova esquerda, contrário à austeridade.
 
Por alguma razão, o governo húngaro de Viktor Orbán, extremamente autoritário e conservador, a recente vitória do também muito conservador Andrzej Duda na Polônia, assim como o crescimento de Matteo Salvini na Itália, mesmo sendo parte da xenófoba e antieuropeísta Liga Norte, não criam nenhum pânico.
 
No panorama atual, a Grécia se coloca o verdadeiro adversário do “status quo”. O objetivo ao combater Tsipras e o Syriza é castigar uma figura antissistema e demostrar que a esquerda radical não pode dirigir um país europeu.
 
Porém, alguém realmente acredita que as massas de cidadãos em Madrid, Lisboa ou Dublín iriam às ruas para protestar se a Europa fizesse um salto mortal de solidariedade e idealismo, e decidisse atenuar suas draconianas exigências à Grécia?
 
* Jornalista ítalo-argentino. Cofundador e ex-diretor-geral de Inter Press Service (IPS). Nos últimos anos, também fundou Other News, um serviço que proporciona “informação que os mercados eliminam”. Other News – em espanhol: http://www.other-news.info/noticias/ em inglês: http://www.other-net.info/


Créditos da foto: Theophilos Papadopoulos / Flickr

Cacau orgânico: para reverter devastação da Amazônia

http://outras-palavras.net/outrasmidias/?p=163156


Cacau orgânico: para reverter devastação da Amazônia

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História de uma transição possível: como, após quatro décadas, famílias que migraram ao Pará enganadas pela ditadura, descobrem alternativa da produção sem agrotóxicos e adubos químicos
Por Mario Osava, no Envolverde/IPS
“Agora nos damos conta do paraíso em que vivemos”, reconheceu Darcírio Wronski, líder dos produtores de cacau orgânico na região onde a rodovia Transamazônica cruza a bacia do rio Xingu, no norte do Brasil. Além do cacau, em seus cem hectares ele cultiva banana, cupuaçu (Theobroma grandiflorum), abacaxi, maracujá (Passiflora edulis) e outras frutas, nativas ou não.
Com as frutas, sua mulher, Rosalina Brighanti, prepara geleias, que são tentações por si mesmas, ou recheios de barras de chocolate, que ela e seus ajudantes produzem artesanalmente. Tudo com certificado orgânico.
Mas era mais parecida com o inferno a realidade que ambos enfrentaram nos anos 1970, quando migraram separadamente do sul do Brasil para Medicilândia, município que se apresenta como “a capital nacional do cacau”, onde se conheceram, se casaram em 1980 e tiveram quatro filhos, que hoje trabalham com eles na propriedade.
Vieram para a Amazônia devido à publicidade enganosa do governo, na época uma ditadura militar, que prometia muita terra com toda a infraestrutrura e os serviços de saúde e educação em assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O objetivo era ocupar a Amazônia, considerada um vazio demográfico vulnerável a invasões e manobras internacionais, que poderiam tirar do Brasil a soberania sobre o imenso território de selvas, rios e possíveis riquezas minerais.
A Transamazônica – uma estrada projetada para percorrer 4.965 quilômetros cruzando horizontalmente o país desde o nordeste até o extremo oeste – seria um eixo dessa integração amazônica à nação, ao longo do qual se assentaram milhares de famílias rurais, procedentes de outras regiões do país. Inconclusa, sem pavimentação nem pontes adequadas, a estrada logo ficou intransitável em muitos trechos, especialmente na época das chuvas.
Os assentados ficaram abandonados, praticamente isolados, e provocando um extenso desmatamento. Medicilândia é produto desse processo. Seu nome homenageia o general e presidente Garrastazú Médici (1969-1974), que inaugurou a Transamazônica em 1972. O lugar surgiu no quilômetro 90 da rodovia, se expandiu até ser reconhecido como município, em 1989, onde agora vivem cerca de 29 mil pessoas.
“Para os pioneiros da colonização foi uma tortura. Aqui não tinha nada para se comprar ou vender. Para comprar alguns alimentos tínhamos que viajar até Altamira, a cem quilômetros por estrada sem asfalto”, recordou Rosalina, de 55 anos, mais conhecida como Dona Rosa.
Natural do Estado de Santa Catarina, onde seu pai tinha uma pequena propriedade, impossível de dividir entre os dez filhos, Wronski buscou o “sonho amazônico”. Após fracassar com cultivos tradicionais como arroz e feijão, acabou comprando uma área e plantando cacau, um cultivo local incentivado pelo governo. Sua opção pela produção orgânica acelerou o reflorestamento de suas terras, onde antes se cultivava cana-de-açúcar.
O cacau agora aparece como alternativa para geração de empregos e de renda para mitigar o desemprego local, quando terminar a construção de Belo Monte, a gigantesca hidrelétrica sobre o rio Xingu, localizada perto de Altamira, principal cidade da região que engloba 11 municípios. Suas primeiras turbinas devem gerar energia a partir deste ano, e as últimas em 2019.
A atração de empregos fixos nas obras de Belo Monte tirou mão de obra do cacau. “Isso provocou a perda de 30% na colheita de cacau de Medicilândia este ano”, contou Wronski à IPS durante uma visita à sua plantação. “Conheço uma família que tem 70 mil cacaueiros cujo filho trabalha em Belo Monte e não na colheita”, disse este produtor de 64 anos. A expectativa é que os trabalhadores voltem ao cacau quando se intensificarem as demissões nas construtoras, com a proximidade do final das obras.
Para a manutenção das plantações são suficientes as famílias que vivem nas propriedades, mas a colheita exige mão de obra adicional. Essa situação não preocupa o casal Wronski-Brighanti. Em sua propriedade vivem seis famílias, duas de parentes e três de meeiros, que trabalham parcelas da plantação em troca de metade da colheita. Além disso, contam com trabalhadores ocasionais procedentes de uma agrovila vizinha, onde vivem cerca de 40 famílias, boa parte sem cultivos próprios.
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As propriedades de cacau empregam muita gente porque “sua mão de obra é 100% manual, não há máquinas para colher e quebrar seus frutos”, explicou à IPS o técnico local Alino Zavarise Bis, da Comissão Executiva do Plano de Cultivo do Cacau (Ceplac), órgão estatal de fomento, assistência técnica e pesquisas.
Além de empregos e renda que mantêm as famílias no campo, o cultivo de cacau impulsiona o reflorestamento. Medicilândia ainda tem dois terços de população rural e, vista do ar, mostra ser um município que conservou suas florestas nativas. Isso ocorre porque os cacaueiros necessitam da sombra de árvores mais altas, para sua saúde e produtividade. Quanto estão crescendo, se usa a sombra de bananeiras, o que, por sua vez, aumentou muito a oferta local desse fruto.
“Temos o privilégio de trabalhar à sombra”, brincou Jedielcio Oliveira, coordenador comercial do Programa de Produção Orgânica, desenvolvido na região Transamazônica/Xingu pelo Ceplac, por outras instituições nacionais e pela Agência Alemã de Cooperação Técnica. Porém, a produção orgânica ainda é muito pequena, apenas 1% do total do Estado do Pará, onde fica Medicilândia e toda a área de influência de Belo Monte.
“São cerca de 800 mil toneladas anuais de amêndoas de cacau e um nicho de 120 famílias, agrupadas em seis cooperativas”, afirmou Bis. Wronski preside uma delas, a Cooperativa de Produção Orgânica da Amazônia, e acaba de ser eleito para encabeçar a Cooperativa Central, recém-criada para coordenar atividades, como a comercialização, das seis sociedades de produtores.
“O produtor orgânico deve ter um perfil distinto, mais sensível à preservação ambiental, à sustentabilidade. Enquanto o convencional objetiva a produtividade e os ganhos, o orgânico busca o bem-estar, a saúde familiar e a conservação da natureza, sem ignorar lucro, já que obtém preços melhores”, explicou o técnico do Ceplac.
Por essa razão, uma nova adesão só acontece por convite de um sócio da cooperativa, aprovação em assembleia e “um processo de conversão que dura três anos, tempo necessário para desintoxicar o solo”, que recebeu venenos e fertilizantes químicos, acrescentou Bis. “O sistema de produção tem de ser orgânico, não apenas o produto final”, ressaltou à IPS outro produtor de cacau, Raimundo Silva, de Uruará, município a oeste de Medicilândia, e responsável comercial pela nova Cooperativa Central.
O cacau orgânico do Pará abastece, por exemplo, o grupo austríaco Zotter Chocolates, que anuncia uma variedade de 365 sabores e a prática do comércio justo. No Brasil, tem entre seus clientes a empresa Harald, que exporta seus chocolates para mais de 30 países, e a companhia Natura Cosméticos.
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A indústria, em geral, embora prefira a matéria-prima mais abundante e barata, agrega uma parte do orgânico, mais rico em manteiga, sempre que deseja produzir um chocolate de melhor qualidade. O cacau convencional, que usa pesticidas e outros produtos químicos, ainda domina o setor no Pará. Uma pequena fábrica de chocolate, a Cacauway, foi criada em 2010 em Medicilândia pela Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica, formada por produtores não orgânicos.
“O futuro do cacau está no Pará, que reúne todas as condições favoráveis à sua produção, como chuva abundante, solos férteis e seu cultivo por agricultores familiares, que permanecem em suas terras, ao contrário dos grandes produtores que vivem nas cidades”, destacou Bis. O Pará ainda é superado pelo Estado da Bahia, que concentra dois terços da produção nacional de cacau, mas a produtividade paraense alcança uma média de 800 quilos para cada árvore, o dobro da baiana, assegurou o especialista.
Além disso, os cacaueiros amazônicos convivem melhor com pragas como a vassoura de bruxa, que reduziu em 60% a colheita da Bahia na década de 1990. Nessa época, o Brasil era o segundo produtor mundial, mas caiu para sexto lugar, superado por países da África ocidental, Indonésia e inclusive o vizinho Equador.
De colonizador a reflorestador
José Tinte Zeferino, conhecido como Cido, de 57 anos, trouxe sua paixão pelo café do Estado do Paraná até a rodovia Transamazônica. Sendo inviável a cafeicultura, tentou vários cultivos e acabou como produtor de cacau orgânico em Brasil Novo, município vizinho a Altamira e ao rio Xingu. Mas agora sua paixão é florestal, as árvores enormes que plantou ou conservou em sua propriedade de 98 hectares, adquirida há 15 anos.
O cacaueiro exige sombra, mas Cido exagerou em sua dedicação à produtividade, segundo outros cooperativistas. “Produzo entre 2,8 e três mil quilos por ano, e com a vantagem do melhor preço do cacau orgânico, basta para viver”, afirmou. Sua alegria é contemplar árvores gigantescas e ter sua casa invisível para quem está na rodovia, ocultada pela densa vegetação. Ele radicalizou a conversão do colonizador em reflorestador amazônico.

A nova geopolítica do petróleo

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A nova geopolítica do petróleo

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Barack Obama, num de seus diversos encontros com o ditador saudita, Rei Abdullah (falecido em janeiro e substituído por seu irmão Sultan). Riad quer manter Washington no Oriente Médio -- e tem meios importantes para tanto
Obama, num de seus encontros com o ditador saudita, Rei Abdullah (falecido em janeiro e substituído por seu irmão Sultan). Riad quer manter Washington no Oriente Médio — e tem meios importantes para tanto
Para ameaçar a China e manter hegemonia global, Washington desejava recuperar autossuficiência em combustíveis e afastar-se do Oriente Médio. Faltou combinar com a Arábia Saudita
Por Ignacio Ramonet Tradução: Inês Castilho

MAIS, sobre o mesmo tema:
Petróleo: a virada nos mercados globais e o Pré-SalPor que Arábia Saudita, aliada dos EUA, age para derrubar preços do combustível. Como isto afeta Petrobras, em meio à Operação Lava Jato 
Por André Ghirardi

Em que contexto geral desenha-se uma nova geopolítica do petróleo? O país hegemônico, os Estados Unidos, considera a China como a única potência contemporânea capaz, a médio prazo (na segunda metade do século XXI), de rivalizar com ele e de ameaçar sua hegemonia solitária em nível mundial. Por isso, Washington estabeleceu secretamente, desde o princípio dos anos 2000, uma “desconfiança estratégica” com relação a Pequim.
O presidente Barack Obama decidiu reorientar a política exterior norte-americana considerando como critério principal esse parâmetro. Os Estados Unidos não querem encontrar-se de novo na humilhante situação da Guerra Fria (1948-1989), quando tiveram de compartilhar sua hegemonia mundial com outra “superpotência”, a União Soviética. Os conselheiros de Obama formularam essa teoria da seguinte maneira: “Um só planeta, uma só superpotência”.
Em consequência, Washington não deixa de ampliar suas forças e bases militares na Ásia Oriental para tentar “conter” a China. Pequim já constata o bloqueio de sua capacidade de expansão marítima por meio de múltiplos “conflitos de ilhotas” com a Coreia do Sul, Taiwan, Japão, Vietnã, Filipinas… E pela poderosa presença da VIIª frota dos Estados Unidos. Paralelamente, a diplomacia norte-americana reforça suas relações com todos os Estados que possuem fronteiras terrestres com a China (exceto a Rússia). O que explica a recente e espetacular aproximação de Washington com o Vietnã e com a Birmânia.
TEXTO-MEIO
Esta política de atenção prioritária ao Extremo Oriente e de contenção da China só será possível se os Estados Unidos conseguirem afastar-se do Oriente Médio. Neste cenário estratégico, Washington intervém tradicionalmente em três esferas. Em primeiro lugar, no âmbitomilitar. Os EUA encontram-se imersos em vários conflitos, especialmente no Afeganistão contra os talibãs e no Iraque-Síria contra a Organização do Estado Islâmico. Em segundo lugar, no âmbito dadiplomacia, em particular com a República Islâmica do Irã, com o objetivo de limitar sua expansão ideológica e impedir o acesso de Teerã à força nuclear. E, em terceiro lugar, no âmbito dasolidariedade, especialmente no que diz respeito a Israel, para quem os Estados Unidos continuam sendo uma espécie de “protetores em última instância”.
Esta “sobreimplicação” direta de Washington no Oriente Médio (particularmente depois da Guerra do Golfo em 1991) mostrou os “limites da potência norte-americana”, que não pode ganhar realmente nenhum dos conflitos nos quais se envolveu fortemente (Iraque, Afeganistão). Conflitos que tiveram, para os cofres de Washington, um custo astronômico e consequências desastrosas, inclusive para o sistema financeiro internacional.
Atualmente, a Casa Branca tem claro que os Estados Unidos não podem realizar simultaneamente duas grandes guerras de alcance mundial. Portanto, a alternativa é a seguinte: ou os Estados Unidos continuam envolvendo-se no “pantanal” do Oriente Médio, em conflitos típicos do século XIX; ou se concentram na urgente contenção da China, cujo impulso fulgurante poderia anunciar, a médio prazo, a decadência dos Estados Unidos.
A decisão de Barack Obama é óbvia: deve fazer frente ao segundo desafio, pois este será decisivo para o futuro dos Estados Unidos no século XXI. Em consequência, Washington deve retirar-se progressivamente – porém imperativamente – do Oriente Médio.
Aqui se coloca uma pergunta: por que os Estados Unidos envolveram-se tanto no Oriente Médio, a ponto de descuidar do resto do mundo, desde o fim da Guerra Fria? Para esta pergunta, a resposta pode limitar-se a uma palavra: petróleo.
Desde que os Estados Unidos deixaram de ser auto-suficientes, no final dos anos 1940, o controle das principais zonas de produção de hidrocarbonetos converteu-se em “obsessão estratégica” norte-americana. O que explica parcialmente a “diplomacia dos golpes de Estado” de Washington, especialmente no Oriente Médio e na América Latina.
No Oriente Médio, nos anos 1950, à medida em que o velho Império Britânico retirava-se e se reduzia a seu arquipélago inicial, o império norte-americano substituía-o. Para isso, colocou à frente dos países desta região seus “homens”, sobretudo na Arábia Saudita e Irã, principais produtores de petróleo do mundo – junto com a Venezuela, na época já sob controle norte-americano.
Até há pouco, a dependência de Washington em relação ao petróleo e ao gás do Oriente Médio impediu-lhe considerar a possibilidade de se retirar da região. Que mudou então, para que os Estados Unidos pensem agora em fazê-lo? O petróleo e o gás de xisto, cuja produção, por meio do método conhecido por “fracking”, aumentou significativamente no início dos anos 2000. Isso modificou todos os parâmetros. A exploração deste tipo de hidrocarbonetos (cujo custo é mais elevado que o do petróleo “tradicional”) foi favorecida pelo importante aumento do preço do combustível que, em média, superou os 100 dólares por barril entre 2010 e 2013.
Atualmente, os Estados Unidos recuperaram a autossuficiência energética e estão, inclusive, convertendo-se de novo em importante exportador de petróleo. Portanto, já podem considerar, por fim, a possibilidade de se retirar do Oriente Médio, com a condição de garantir rapidamente a cicatrização de algumas feridas que, em alguns casos, datam de mais de um século.
Por esta razão, Obama retirou a quase totalidade das tropas norte-americanas do Iraque e Afeganistão. Os EUA participaram muito discretamente nos bombardeios da Líbia e negaram-se a intervir contra as autoridades de Damasco, na Síria. Por outro lado, Washington busca, em marcha forçada, um acordo como Teerã sobre a questão nuclear, e pressiona Israel para que seu governo caminhe urgentemente a um acordo com os palestinos. Em todos estes movimentos, percebe-se o desejo de Washington de fechar as frentes de guerra no oriente Médio, para esquecer os pesadelos lá vividos e passar a outro cenário, muito mais importante.
Tudo isso se desenvolvia perfeitamente enquanto os preços do petróleo permaneciam altos, cerca de 100 dólares o barril. O preço de exploração do barril de petróleo de xisto, por “fracking” é de aproximadamente US$ 60, o que deixa aos produtores uma margem considerável (entre US$ 30 e 40 o barril).
É aqui que a Arábia Saudita decidiu intervir. Riad opõe-se a que os Estados Unidos retirem-se do Oriente Médio. Sobretudo se Washington estabelecer antes, com Teerã, um acordo sobre a questão nucelar, que os sauditas consideram muito favorável ao Irã. Além disso, segundo a monarquia wahabita, isso exporia os sauditas, e os sunitas em geral, a se converter em vítimas do que chamam de “expansionismo xiita”. É preciso ter em conta que as principais jazidas de petróleo sauditas encontram-se em zonas de população xiita.
Considerando que dispõe das segundas reservas mundiais de petróleo, a Arábia Saudita [e, de longe, as mais facilmente exploráveis (nota da tradução)], decidiu usar o combustível para sabotar a estratégia norte-americana. Opondo-se às consignas da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Riad decidiu, contra toda lógica comercial aparente, aumentar de modo considerável sua produção e provocar, deste modo, a baixa dos preços do petróleo, inundando o mercado de combustível barato. A estratégia deu rapidamente resultados. Em pouco tempo, os preços do petróleo baixaram cerca de 50%. O preço do barril caiu a US$ 40 (antes de subir ligeiramente, aos cerca de US$ 55-60 atuais).
Esta política assestou um duro golpe contra o “fracking”. A maioria dos grandes produtores norte-americanos de gás de xisto está atualmente em crise, endividada e corre risco de quebrar (o que implica uma ameça para o sistema bancário norte-americano que havia oferecido créditos abundantes aos neopetroleiros). A US$ 40 o barril, o xisto já não é rentável. Nem boa parte das escavações profundas “offshore”. Diversas empresas petroleiras importantes já anunciaram que cessarão suas exportações em alto mar porque não são rentáveis – o que provoca a perda de dezenas de milhares de empregos1.
Nos últimos meses, uma vez mais, o petróleo tornou-se menos abundante. Os preços subiram levemente. Mas as reservas da Arábia Saudita são suficientemente grandes para que Riad regule o fluxo e ajuste sua produção de maneira que permita um ligeiro aumento do preço (até 60 dólares aproximadamente), mas sem superar os limites que permitiriam retomar a produção por meio de “fracking” ou na maior parte das jazidas marítimas de grande profundidade. Deste modo, Riad converteu-se no árbitro absoluto em matéria de preço do petróleo (um parâmetro decisivo para as economias de países, entre os quais Argélia, Venezuela, Nigéria, México, Indonésia etc).
Estas novas circunstâncias obrigam Barack Obama a reconsiderar seus planos. A crise do “fracking” poderia representar o fim da autossuficiência de energia fóssil nos Estados Unidos. E, portanto, a volta à dependência em relação ao Oriente Médio (e também à Venezuela, por exemplo). Por enquanto, Riad parece ter ganhado a aposta. Até quando?
1Esta consideração não abrange as reservas de petróleo do pré-sal brasileiro. Lá, as jazidas estão localizadas a enorme profundidade (as sondas precisam ultrapassar entre 120 e 2.200 metros de lâmina d’água, para depois perfurar entre 1.900 e 5.300 metros abaixo do fundo do mar); porém, o volume e concentração do petróleo permitem extração a cerca de 50 dólares por barril, incluídos os custos de operação e a transferência de recursos ao Estado brasileiro. Por isso, a intensa disputa pelo futuro das reservas. Ler, a este respeito, emOutras Palavras, Petróleo: a virada nos preços globais e o pré-sal”, de André Ghirardi. (Nota do editor)