segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sacerdote condenado por abuso sexual celebra missa sem punição do Vaticano

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Sacerdote condenado por abuso sexual celebra missa sem punição do Vaticano

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O sacerdote chileno Fernando Karadima, punido em 2010 pelo Vaticano pelos crimes de pedofilia e abuso sexual, foi denunciado recentemente por estar celebrando missas e por tentar entrar em contato com a extinta União Sacerdotal, sociedade do clero diocesano antes controlada por ele. Apesar das transgressões, a resposta do Vaticano não foi a esperada e causou descontentamento.
emol.comEm carta emitida pelo Movimento Também Somos Igreja, do Chile, o coordenador Enrique Orellana lamenta o modo como a Congregação para a Doutrina da Fé teria agido. Isso porque a tentativa de Karadima de entrar em contato com a União Sacerdotal lhe rendeu apenas uma "admoestação canônica”, ou seja, um "chamado de atenção”, apenas.
O mesmo aconteceu quando o Vaticano tomou conhecimento de que Karadima continuava celebrando missas na capela do seu local de confinamento, o Convento das Servas de Jesus da Caridade. Uma de suas vítimas teve acesso às fotos e, no início deste ano, denunciou as imagens referentes ao dia 04 de dezembro de 2013, em que se via claramente o sacerdote celebrando.
No final de fevereiro de 2014, Ricardo Ezzati, arcebispo de Santiago foi informado sobre o fato, realizou uma série de investigações e, no dia 19 de março último, remeteu os resultados à Congregação para a Doutrina da Fé. Para descontentamento geral, no dia 26 de maio, a resposta obtida foi de que "a missa em questão não podia ser considerada um celebração pública”. Sendo assim, não houve qualquer tipo de medida punitiva.
"Mais uma vez, o arcebispo manifesta sua disponibilidade para atender àqueles que foram prejudicados ou escandalizados por esses novos episódios e volta a expressar seu firme compromisso de fazer tudo o que esteja ao seu alcance para que situações lamentáveis como esta não voltem a se repetir”, manifestou em comunicado o Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Santiago.

O Movimento Também Somos Igreja, que teve dois de seus integrantes excomungados por celebrarem a eucaristia, questiona a decisão. "Então, como deve ser considerada a celebração de missas pelo sacerdote Karadima?”
O casal Martha e Gert Heizer realizava celebrações eucarísticas em sua casa, em uma pequena comunidade onde não havia sacerdote. Ao tornarem as celebrações de conhecimento público foram expulsos da Igreja. Contudo, assim como no caso do sacerdote Karadima, as celebrações não eram abertas ao público. Por isso questionam quem deveria ser excomungado.
"Do que se trata essa incongruência por parte das hierarquias de nossa Igreja? Basta diferenciar o público e o privado quando há delitos como os do sacerdote Karadima? O que há de íntegro no público e no privado para todos os cristãos e mais ainda para quem exerce cargos relevantes e provocam um dano muito maior com seus escândalos? O que o Papa Francisco está nos dizendo diariamente sobre as aproximações e distanciamentos entre o público e o privado, da necessidade de mudanças que a Igreja precisa hoje? Então, é necessário e urgente que as mudanças não alcancem somente as pessoas, mas também o Direito Canônico”, demanda o Movimento em comunicado público.

Há uma semana, no dia 08 de julho, o Papa Francisco se reuniu com seis vítimas de abuso sexual por membros do clero e pediu perdão pelos crimes cometidos contra eles. Francisco também pediu perdão pelo pecado da omissão por parte dos líderes da Igreja, que não responderam adequadamente às denúncias feitas pelas famílias.

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