quinta-feira, 10 de julho de 2014

Nomeada primeira mulher como reitora de pontifícia universidade de Roma

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Nomeada primeira mulher como reitora de pontifícia universidade de Roma

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Pela primeira vez na história do Vaticano, é nomeada uma mulher à frente de uma Universidade Pontifícia em Roma, capital da Itália. A irmã franciscana Mary Melone foi nomeada pela Congregação para a Educação Católica como reitora da Pontifícia Universidade Antonianum, com o aval do Papa Francisco. Ela permanecerá no cargo durante o triênio de 2014-2017.
Nascida em 1964 em La Spezia, cidade situada ao norte da Itália, próximo à Gênova, Irmã Melone foi a primeira professora mulher na Faculdade de Teologia e primeira decana na mesma instituição que, agora, irá dirigir, posto que equivale ao título de presidente. Ela é licenciada em Pedagogia com a tese "Corporeidade e intersubjetividade em Gabriel Marcel”, doutora em Teologia Dogmática com a pesquisa "O Espírito Santo no ‘De Trinitate’ de Riccardo di San Vittore” e autora de diversos artigos e ensaios em publicações coletivas e revistas.
Atualmente, presidente da Sociedade Italiana para a Pesquisa Teológica (Sirt), Melona defende que o espaço para a mulher na Igreja deve ser garantido, mas recusa propostas de "cotas rosa” na instituição religiosa. Além disso, mesmo que reconheça que há diferenças entre as ideias de feminino e masculino na teologia, ela recusa contraposições entre os gêneros.
Em entrevista concedida ao L'Osservatore Romano, em 2011, por ocasião de sua eleição como decana da universidade, Irmã Melona afirmou não gostar de etiquetas como "Teologia no feminino”. "Falar de teologia no feminino não corresponde à minha visão: existe só a teologia. A teologia como busca, como olhar dirigido para o mistério, como reflexão sobre o mistério. Mas, justamente como tal, deve fazer-se com diferentes sensibilidades, isso sim”, afirmou.
"A forma de aproximar-se do mistério, a forma com que uma mulher reflete sobre esse mistério que se dá, que se revela, é seguramente diferente da de um homem. Mas não por contraposição. Eu creio na teologia e creio que a teologia feita por uma mulher é própria de uma mulher. Diferente, mas sem reivindicações”, complementou Irmã Melona.
Quanto ao papel da mulher da Igreja, a agora reitora opinou que este não pode ser medido segundo os tempos da Igreja, que refletem um amadurecimento do pensamento durante centenas de anos. "Mas existe um novo espaço e é real. E também creio que é irreversível, no sentido de que não é uma concessão, mas um sinal dos tempos, e não há marcha atrás”, disse.
Para ela, a conquista de maior participação na Igreja depende muito das próprias mulheres. "Somos nós que devemos começar. A mulher não pode medir o espaço que tem na Igreja em relação ao espaço do homem: temos o nosso espaço, que não é nem menor nem maior que o dos homens. É nosso espaço. Enquanto continuarmos a pensar que devemos obter o que os homens têm, não funcionará”, ressaltou.
Nesse sentido, Irmã Melona recusa cotas e diz acreditar na colaboração em direção ao que ainda deve ser alcançado nesse âmbito: "Claro, embora os passos que temos dado sejam reais, não significa que tenhamos feito tudo. Ainda se pode fazer muito, mas a mudança existe e pode ser vista. E penso que — independentemente da minha pessoa — a eleição de uma mulher em uma universidade pontifícia também é um sinal disso. A comissão que me elegeu era masculina”, disse.

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