sexta-feira, 18 de julho de 2014

Comunidades ameríndias do Equador sofrem com derrame de petróleo

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Comunidades ameríndias do Equador sofrem com derrame de petróleo

Adital
Após desastre ambiental, cometido pela empresa Petroamazonas EP no Rio Aguarico, um curso de água que se estende ao longo de 390 quilômetros pelos territórios de Peru e Equador, uma comissão do coletivo YASunidos, movimento apartidário, autônomo e autogestor formados por diversos setores sociais, fez um percurso ao longo do local para averiguar a extensão dos impactos e verificar as condições da população atingida.
O rio sofreu um derramamento de petróleo no último dia 02 de julho, deixando pelo menos 10 comunidades sem acesso a água para atividades de pesca, cultivo, consumo e higiene, no estado equatoriano de Sucumbíos. Segundo o coletivo, durante o trajeto, desde a comunidade Dureno até a Zócalo, situada na Reserva de Produção Faunística Cuyabeno, vários moradores pertencentes às etnias ameríndias cofán, kichwa e siona apontaram a presença de grandes manchas de petróleo bruto em pelo menos três pontos distintos.
Mesmo com esforços de limpeza e recolhimento da substância por equipes de operários e de proteção, que tentam retirar o petróleo com recursos manuais, quase duas semanas depois do desastre já se observam efeitos na vegetação e praias de água doce, próximas às comunidades indígenas. Depoimentos de moradores dão conta de que este talvez seja o maior derrame de petróleo ocorrido nos últimos 20 anos, assinalando que a quantidade de material entornado nas águas poderia superar 10 mil barris de petróleo.
O Estado de Sucumbíos é um dos principais do Equador na produção de petróleo para exportação e o Rio Aguarico é uma de suas mais importantes paisagens amazônicas. Segundo o YASunidos, um funcionário da Petroamazonas EP, empresa pública equatoriana de exploração e exportação de hidrocarbonetos no local, responsável pelo ocorrido, ao ser consultado de maneira extraoficial sobre a proporção do derrame, teria admitido que a quantidade se aproximaria a 15.700 barris de petróleo bruto.
Ribeirinhos, em depoimento ao YASunidos, avaliam que a resposta da empresa frente ao desastre tem sido insuficiente, além da presença do Ministério do Ambiente do Equador ter sido "praticamente nula”. "Com relação à Petroamazonas EP, a empresa não tem facilitado informação sobre os impactos que supõe o evento para a saúde das populações e as precauções que devem tomar as comunidades frente a isso. A presença da Petroamazonas EP tem se limitado à entrega de ‘kits alimentícios’ em conjunto com um comitê de crise formado pelos governos locais”, resume o YASunidos.

Moradores da zona atingida indicam que as equipes de relações comunitárias da petrolífera oferecem um trabalho temporário de limpeza como única forma de compensação social às comunidades impactadas, além de não assumir publicamente a responsabilidade pela lesão socioambiental. Já com relação ao Ministério, testemunhos de autoridades locais paroquiais apontam que o órgão não deslocou pessoal para a área a fim de constatar a magnitude do desastre e avaliar as medidas necessárias para a contenção dos efeitos.
Danos ambientais, sociais e culturais
A Petroamazonas EP aconselha que os povos ribeirinhos não utilizem da água por até dois anos. Somando à importância para as comunidades locais em atividades de pesca, abastecimento e cultivos, sendo a água fonte segura e não contaminada, o Rio Aguarico possui grande valor cultural para povos, como o cofán, sendo referência na história de sua origem e expansão.
De acordo com o YASunidos, anteriormente a esse novo fato, a exploração da petroleira estadunidense Texaco já teria afetado gravemente uma relação sagrada da população com o rio, executando um sistemático processo de expropriação de seu valor simbólico e prático como fonte de vida para o povo cofán. "Não é admissível que a operação da Petroamazonas EP contribua para aprofundar, novamente, esse processo de separação, exclusão e despojo das comunidades, em um momento em que os cofán tentam reconstruir suas relações com o território e os elementos que nele dão vida”, protesta o coletivo.

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