sexta-feira, 11 de julho de 2014

Apinajés protestam contra visita de Kátia a aldeia e pedem para o MPE atuar para evitar "vícios" para "enganar e confundir o eleitor"

ctoledo
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Apinajés protestam contra visita de Kátia a aldeia e pedem para o MPE atuar para evitar "vícios" para "enganar e confundir o eleitor"

A Associação União das Aldeias Apinajé (Pempxà) emitiu nota na sexta-feira, 6, sobre a participação da senadora kátia Abreu (PMDB), como presidente do sistema CNA/Faet/Senar, no programa "Útero é Vida", em Tocantinópolis, no dia 31. O programa levou atividades à aldeia Mariazinha, uma comunidade de famílias indígenas da etnia Apinajé, realizando uma série de ações de prevenção ao câncer do colo de útero e de prevenção ao câncer de próstata.

Conforme a nota, "de repente alguns desses candidatos como num passe de mágica estão aparecendo nas aldeias, com ar de “inocentes” oferecendo presentes, doando “pacotes” de bondades e realizando certas “ações” como se estivessem fazendo favores". "Também como estratégia para iludir e enganar a população, mais uma vez esses falsos representantes do povo voltam às comunidades repetindo as mesmas promessas feitas em campanhas passadas", afirma.

Foto: Pedro Barbosa/Faet/CNA/Senar
Senadora Kátia Abreu, durante visita à aldeia dia 31
Para a associação, na visita à aldeia, "a senadora ruralista Kátia Abreu (...), sem nenhum remorso ou escrúpulos vestiu e se enfeitou de Apinajé e as fotos foram postadas na internet", afirma a entidade apinajé.

De acordo com o documento, "por sua atuação parlamentar desfavorável aos interesses das populações indígenas, quilombolas e agricultores familiares, a senadora vem sendo muito criticada e repudiada pelas organizações indígenas e camponesa do Brasil". "É público e notório que durante seu mandato a senadora Kátia Abreu e sua bancada ruralista têm se revezado na tribuna do Senado Federal proferindo discursos ofensivos e dessa forma incitando uma infame campanha contra os Direitos Constitucionais dos Povos indígenas, incluindo as tentativas de aprovação da PEC 215/2000", diz a nota.

HISTÓRICO INFELIZ

Assim, afirma a associação, "em razão desse histórico infeliz de contradições, ponderamos que a nobre senadora deveria evitar andar nas aldeias indígenas, ainda que fosse convidada". "Ressaltamos que nossos verdadeiros aliados, defensores e amigos da causa indígena que reconhecemos não usam de métodos inconvenientes para chegar a nossas comunidades. Esses estilos fingidos de fazer política não passam de uma desprezível afronta perpetrada por quem tem interesses de insultar e atingir as legítimas bases de nossas organizações indígenas e camponesas do Estado do Tocantins e do Brasil, diz a nota.

ENGANAR E CONFUNDIR O ELEITOR

O documento conclui pedindo a intervenção do Ministério Público Eleitoral (MPE) contra o que chamou de "postura abusiva, incomoda e inadequada de alguns políticos". A associação quer que o MPE acompanhe e fiscalize "o Processo Eleitoral em curso, para que não ocorram excessos e vícios que venham enganar e confundir o eleitor".

Confira a seguir a íntegra da nota:

"A AGRESSIVIDADE E OFENSIVA DO AGRONEGÓCIO

Faltando pouco mais de quatro meses para as eleições e já estamos testemunhando alguns candidatos em plena campanha político eleitoral. Com essa finalidade esses indivíduos estão correndo e mobilizando seus cabos eleitorais nos municípios e realizando articulações políticas em todo o Estado do Tocantins.

De repente alguns desses candidatos como num passe de mágica estão aparecendo nas aldeias, com ar de “inocentes” oferecendo presentes, doando “pacotes” de bondades e realizando certas “ações” como se estivessem fazendo favores.Também como estratégia para iludir e enganar a população, mais uma vez esses falsos representantes do povo voltam às comunidades repetindo as mesmas promessas feitas em campanhas passadas.

No mês de fevereiro desse ano, políticos mobilizaram a população de Tocantinópolis e região pela pavimentação asfáltica da rodovia TO 126 que corta a Terra Indígena Apinajé. Além de não índios, o movimento eleitoreiro envolveu alguns indígenas da região da aldeia Mariazinha, usados politicamente com a finalidade de pressionar a FUNAI, IBAMA e MPF para liberação no grito da Licença Ambiental da mencionada obra sem o devido cumprimento das Normas Legais.

Nesse contexto de campanha eleitoral, esses políticos estão se envolvendo em episódios “inusitados”. O fato mais delirante aconteceu na aldeia Mariazinha no último dia 02/06/14, quando alguns instrutores e técnicos do SENAR teriam ido ministrar cursos de formação para índios daquela comunidade. Na ocasião a senadora ruralista Kátia Abreu, presente no evento, sem nenhum remorso ou escrúpulos vestiu e se enfeitou de Apinajé e as fotos foram postadas na internet.
É comum e faz parte de nossa cultura oferecer aos visitantes enfeites e ornamentos como colares, cocares e pulseiras. Todavia no caso da senadora Kátia Abreu o “ritual” pegou mal e lhe rendeu muitos protestos e reclamações nas redes sociais e na própria comunidade Apinajé.

Por sua atuação parlamentar desfavorável aos interesses das populações indígenas, quilombolas e agricultores familiares, a senadora vem sendo muito criticada e repudiada pelas organizações indígenas e camponesa do Brasil. É público e notório que durante seu mandato a senadora Kátia Abreu e sua bancada ruralista têm se revezado na tribuna do Senado Federal proferindo discursos ofensivos e dessa forma incitando uma infame campanha contra os Direitos Constitucionais dos Povos indígenas, incluindo as tentativas de aprovação da PEC 215/2000.

Em razão desse histórico infeliz de contradições, ponderamos que a nobre senadora deveria evitar andar nas aldeias indígenas, ainda que fosse convidada. Ressaltamos que nossos verdadeiros aliados, defensores e amigos da causa indígena que reconhecemos não usam de métodos inconvenientes para chegar a nossas comunidades. Esses estilos fingidos de fazer política não passam de uma desprezível afronta perpetrada por quem tem interesses de insultar e atingir as legítimas bases de nossas organizações indígenas e camponesas do Estado do Tocantins e do Brasil.

Denunciamos e repudiamos essa postura abusiva, incomoda e inadequada de alguns políticos e requeremos do MPE- Ministério Público Eleitoral do Estado do Tocantins, o acompanhamento e fiscalização do Processo Eleitoral em curso, para que não ocorram excessos e vícios que venham enganar e confundir o eleitor. Podemos assim prevenir e evitar situações que possa futuramente gerar dúvidas sobre a licitude e validade desse ato democrático de escolher nossos governantes por meio do voto. Que em nossa compreensão deve ser exercido pelos cidadãos brasileiros de maneira livre, refletida e consciente.

Terra Indígena Apinajé, junho 06 de de 2014.

Associação União das Aldeias Apinajé - PEMPXÀ" 

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