http://racismoambiental.net.br/2014/07/pa-lider-quilombola-e-morto-e-esquartejado-no-acara/
O líder quilombola Artêmio Gusmão,
conhecido pelo apelido de Alaor, foi assassinado na última sexta-feira
(04), por volta de 19h. O crime foi praticado quando Alaor voltava para a
comunidade, após assistir à partida entre Brasil x Colômbia, na Vila
Camarial.
Parentes da vítima viram a moto em que
Alaor estava caída em uma estrada e com muitas manchas de sangue. Após
horas de busca pela mata, o corpo do quilombola foi encontrado na manhã
deste sábado (05), degolado e esquartejado. No ano passado, dois irmãos
de seu Alaor também foram assassinados em virtude de conflitos
fundiários. Outras pessoas da mesma família também estão sob ameaça de
morte.
A ouvidora do Sistema de Segurança
Pública, Eliana Fonseca, foi acionada ainda durante as buscas pelo
corpo, no meio da madrugada. A ouvidora comunicou o delegado geral José
Firmino esta manhã. Ainda não há pista das pessoas que cometeram o
crime.
Artêmio Gusmão era coordenador da
comunidade Mancaraduba, localizada em uma área de terras de competência
do governo federal com pretensão quilombola. O processo de
reconhecimento está na Justiça Estadual e é contestada pela empresa
Biopalma. Em novembro do ano passado, esta comunidade denunciou uma
operação policial abusiva e o caso está sendo acompanhado pela Ouvidoria
da Segup, Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e
pelo movimento quilombola Malungu. As terras estão no município do
Acará, mas fazem fronteira com Tailândia e Tomé Acu.
A Associação de Moradores dos Quilombos
do Alto Acará (Amarqualta) possui um dossiê que informa que Artêmio
estava sendo ameaçado por um madeireiro e informou isso na última semana
a algumas autoridades federais. A associação também já denunciou vários
crimes ambientais e de grilagem de terras, sem que a situação tenha
sido solucionada.
A SDDH considera que a situação está
fora de controle, pois o Estado é omisso e a pistolagem, grilagem de
terras, uso de documentos de terras falsificados e crimes ambientais têm
ocorrido indiscriminadamente na área. Apesar de denunciados, os órgãos
de fiscalização e controle ainda não se fizeram presentes na defesa da
vida e do território quilombola em questão.
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