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http://www.ihu.unisinos.br/noticias/533084-morre-plinio-de-arruda-sampaio
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Candidato à Presidência da República, em 2010, pelo PSOL, morreu ontem, em virtude de um câncer nos ossos, aos 83 anos, Plínio de Arruda Sampaio. Ele estava internado havia cerca de um mês no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
A informação é publicada pelo jornal Valor, 09-07-2014.
Egresso do PT, de onde saiu após o estouro do escândalo do mensalão, Plínio Sampaio filiou-se ao PSOL em 2005. No ano seguinte, foi candidato a governador de São Paulo, mesmo cargo ao qual já havia concorrido pelo PT, em 1990. Nestas três disputas majoritárias, Sampaio obteve a quarta colocação. Amealhou 1.636.058 votos (9,5%), em 1990, quando ficou atrás de Paulo Maluf (PDS), Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB) - que se elegeria no segundo turno - e Mário Covas(PSDB).
Em 2006, conquistou 532.470 votos (2,5%), em disputa vencida por José Serra (PSDB), no primeiro turno. Na última corrida presidencial, Plínio de Arruda Sampaio teve 886.816 votos (0,87%) e se destacou pelo desempenho provocador e irônico nos debates, como o primeiro, na TV Bandeirantes. Chamou Marina Silva (então no PV), de "ecocapitalista", perguntou a Dilma Rousseff (PT) se ela seria a "mãe dos pobres" e comentou sobre o adversário do PSDB: "Vocês agora viram porque o Serra é chamado de hipocondríaco, só fala de Saúde".
Nascido em 26 de julho de 1930, em São Paulo, Plínio Sampaio foi deputado constituinte, ao se eleger, com 63.899 votos, em 1986, e exercer pela terceira vez a função no Congresso Nacional. Em 1985, era suplente e assumiu a vaga na Câmara depois que Eduardo Suplicy se afastou para concorrer à Prefeitura de São Paulo. O primeiro mandato foi conquistado ainda na República de 46, quando se elegeu pelo Partido Democrata Cristão (PDC), em 1962. Logo após o golpe militar de 1964, teve seus direitos políticos cassados por dez anos pelo Ato Institucional nº 1.
Plínio Sampaio era o principal líder da tendência de esquerda do PDC e defendia temas caros à reforma de base encampada pelo presidente João Goulart, deposto pelos militares. Foi relator do projeto de reforma agrária e criou na Câmara a comissão especial sobre o assunto, o que revoltou, à época, os grandes proprietários de terra do país. A bandeira lhe acompanhou por toda a vida. Era presidente de honra da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), fundada em 1967.
Plínio Sampaio foi promotor público. Formou-se na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1954, e militou na Juventude Universitária Católica (JUC), entidade que presidiu. Também atuou na Ação Popular, organização de esquerda influenciada pelo marxismo e formada por integrantes da JUC.
Antes de se eleger deputado, Plínio começou a carreira política em posições ocupadas na gestão do governador de São Paulo Carvalho Pinto (1910-1987), entre 1959 e 1963. Foi subchefe da Casa Civil, secretário dos Negócios Jurídicos e coordenador do Plano de Ação do Governo do Estado (Page), que estruturava a condução do governo. No ano em que conquistou o primeiro mandato parlamentar, trabalhava na prefeitura da capital, na última administração Prestes Maia(1896-1965), como secretário do Interior e Justiça.
Com o golpe militar, Plínio Sampaio foi para o exílio no Chile, onde morou por seis anos e atuou como funcionário da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Transferido para os Estados Unidos, em 1970, passou a morar na capital americana e cursou o mestrado em economia agrícola na Universidade Cornell.
Quando voltou ao Brasil, em 1976, lecionou na Fundação Getulio Vargas, fundou o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) e participou da campanha pela redemocratização.
Até 1978, foi filiado ao MDB, legenda que deixou para fundar, em 1980, o Partido dos Trabalhadores. Em 2005, depois do escândalo do mensalão, que envolveu dirigentes da ala majoritária da agremiação, Plínio se candidatou a presidente da sigla. A exemplo do que ocorreu em suas disputas majoritárias a governador e presidente da República, de novo ficou em quarto lugar, com 13,4% dos votos. Em seguida, filiou-se ao PSOL.
Plínio de Arruda Sampaio era casado, desde 1955, com Marietta Ribeiro de Azevedo, e tinha seis filhos. O velório será hoje, às 8h, na igreja São Domingos, em Perdizes, em São Paulo, e o enterro, no Cemitério do Araçá, às 15h.
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