KAIOWÁ - GUARANI - URGENTE
povos indígenas pela fotógrafa Rosa Gauditano
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CARTA DE ALINE CRESPE, professora de ciências sociais
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Massacre de índios em acampamento em Amambaí
Ontem pela amanhã, ao abrir meu e-mail, recebi mais uma triste notícia de uma situação de violência contra um grupo indígena acampado em uma área em litígio e a espera da continuidade do processo de regularização fundiária da terra indígena. O acampamento se localiza em Amambaí, sul de Mato Grosso do Sul, a menos de cem quilômetros da fronteira com o Paraguai. O acampamento está localizado em uma pequena parte da área de ocupação tradicional chamada Guaiviry. A área esta inserida no conjunto de terras indígenas que deverão ser demarcadas no Mato Grosso do Sul.
Massacre de índios em acampamento em Amambaí
Ontem pela amanhã, ao abrir meu e-mail, recebi mais uma triste notícia de uma situação de violência contra um grupo indígena acampado em uma área em litígio e a espera da continuidade do processo de regularização fundiária da terra indígena. O acampamento se localiza em Amambaí, sul de Mato Grosso do Sul, a menos de cem quilômetros da fronteira com o Paraguai. O acampamento está localizado em uma pequena parte da área de ocupação tradicional chamada Guaiviry. A área esta inserida no conjunto de terras indígenas que deverão ser demarcadas no Mato Grosso do Sul.
O processo de identificação destas áreas começou em 2007 e desde então vem sido repetidamente interrompido pelos conflitos políticos que o envolve. Enquanto isso, repetidos atos de assassinatos contra grupos indígenas que aguardam pela identificação e demarcação destas áreas vem ocorrendo. A situação de insegurança e medo vivido pelas populações indígenas é insustentável. No ano passado a Survival Internacional publicou um importante relatório denunciando a situação das populações guarani no estado de Mato Grosso do Sul. Fiquei chocada com o que aconteceu e sabia que não tinha como ficar quieta, não falar nada ou fingir que estava tudo bem. Sou professora na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul na unidade de Amambaí, no curso de ciências sociais.
Fique pensando como daria aula para os estudantes indígenas naquele dia. Então, fui conversando com os alunos, um a um, e marcamos de nos reunirmos todos para conversamos, até que eles decidiram por escrever uma carta. A carta foi escrita por eles ficando como minha responsabilidade a divulgação dela. Na carta, como vocês poderão ver, um aluno da história e morador da aldeia de Amambaí fala algo muito parecido com o que Marcos Homero Ferreira Lima, antropólogo do MPF de Dourados diz para a Survival sobre um acampamento de beira de estrada localizado as margens da BR 163 no município de Dourados.
Homero diz: Não se trata de hipérbole quando se fala em genocídio, pois, a série de eventos e ações perpetradas contra o grupo, como se objetivou demonstrar, desde o final da década de 1990, tem contribuído para submeter seus membros a condições tolhedoras da existência física, cultural e espiritual.
Crianças, jovens, adultos e velhos se encontram submetidos a experiências degradantes que ferem diretamente a dignidade da pessoa humana. O modo de vida imposto àqueles Kaiowá é revelador de como os brancos vêem os índios. O preconceito, o descaso, o descuido, a não consideração dos direitos à terra, à vida, à dignidade são patentes. A situação por eles vivenciada é análoga àquela de um campo de refugiados. É como se fossem estrangeiros no seu próprio país. É como se os 'brancos' estivessem em guerra com os índios e a estes últimos só restasse a fina faixa de terra que separa a cerca de uma fazenda e a beira de uma rodovia.
A crueldade do caso envolvendo o acampamento e a truculência dos assassinos não pode ser tratada como mais um caso de violência. Estamos vivendo uma guerra de fato, mas é uma guerra que só morrem pessoas de um lado.
Segue a carta dos estudantes Guarani e Kaiowa dos cursos de ciências sociais e história. As informações contidas na carta foram recebidas por pessoas que estavam no acampamento na hora do massacre. Peço, por gentileza, que ajudem na divulgação para que possamos agregar mais gente na luta contra a violência contra os povos indígenas.
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A crueldade do caso envolvendo o acampamento e a truculência dos assassinos não pode ser tratada como mais um caso de violência. Estamos vivendo uma guerra de fato, mas é uma guerra que só morrem pessoas de um lado.
Segue a carta dos estudantes Guarani e Kaiowa dos cursos de ciências sociais e história. As informações contidas na carta foram recebidas por pessoas que estavam no acampamento na hora do massacre. Peço, por gentileza, que ajudem na divulgação para que possamos agregar mais gente na luta contra a violência contra os povos indígenas.
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De: Airton Vinholi <vinholi22@yahoo.com.br>
Assunto: Massacre de índios em acampamento em Amambaí
Data: Segunda-feira, 21 de Novembro de 2011, 0:47
Prezados colegas:
Como muitos de vcs já devem ter visto pela internet, a cidade de Amambai/MS vivenciou na noite da última sexta (18/11) mais um caso de massacre à população indígena Guarani Kaiowá. Como forma de protesto, os alunos indígenas da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) - Unidade de Amambai, incentivados pela professora e antropóloga Aline Crespe, escreveram uma carta contando os detalhes do acontecimento.
Assunto: Massacre de índios em acampamento em Amambaí
Data: Segunda-feira, 21 de Novembro de 2011, 0:47
Prezados colegas:
Como muitos de vcs já devem ter visto pela internet, a cidade de Amambai/MS vivenciou na noite da última sexta (18/11) mais um caso de massacre à população indígena Guarani Kaiowá. Como forma de protesto, os alunos indígenas da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) - Unidade de Amambai, incentivados pela professora e antropóloga Aline Crespe, escreveram uma carta contando os detalhes do acontecimento.
A situação em que vive a população indígena no Mato Grosso do Sul não é nada simples, os casos de violência são muito frequentes e nos remetem mesmo a uma situação de extermínio étnico.
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Prezada Profª Michèle Sato
Agradeço pela gentileza em divulgar essa barbárie ocorrida aqui no MS. Sempre temos a esperança de que a justiça seja feita, mas a vida do índio se foi... o que nos deixa profundamente decepcionados e inconformados.
Aproveito em lhe responder na opção para todos possam divulgar o blog dos direitos humanos e da terra de Mato Grosso (http://direitoshumanosmt.blogspot.com/)
Um Grande Abraço
Airton Vinholi
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