terça-feira, 23 de agosto de 2011

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POMERI: A SOLUÇÃO É A TORTURA?




Itacir Rodrigues de Campos
Advogado
Membro do Fórum de Direitos Humanos e da Terra





Em visita ao centro socioeducativo do POMERI, conhecido centro de reabilitação de menores infratores de Cuiabá, como membro e fazendo parte da Comissão de Direitos Humanos presenciamos e constatamos o abandono por completo dos objetivos da disciplina correcional. Aquele Centro apesar de algumas melhorias, ainda assim, não deixa de ser verdadeiro escombro abandonado pelo descaso do Poder Público e seus administradores.


As velhas estruturas que por lá ainda existem e abrigam os menores sem as mínimas condições humanas, podem ser comparadas aos campos de concentração e de extermínio, pois não precisamos ser gênios da engenharia para constatar que aqueles velhos prédios não possuem nenhuma condição digna aos que lá são submetidos e de forma obrigatória permanecerem.


O POMERI enquadra-se perfeitamente nos modelos de Centros ou Prisão (como queiram chamar) denominados por alguns como “Prisão-Jaula” ou ”Prisão-Latrina”, pois suas condições carcerárias são deploráveis não se adequando aos objetivos que tem por finalidade a correção e educação dos menores infratores.


A TORTURA física que sofrem e foram por eles declaradas, inclusive falando os nomes dos agressores, são constantes e diárias segundo alguns, praticadas por funcionários do próprio órgão. Não basta somente encarcerá-los e mantê-los no isolamento tem que existir a TORTURA física e moral, pois além das surras sofrem agressões verbais praticadas pelos funcionários do estabelecimento.


Quando não existe respeito aos direitos mínimos destes menores submetidos à dor, castigo e abandono, isto os fazem cada vez mais revoltados com o sistema e a sociedade.


Segundo o Diretor atual, a condição que se encontra o POMERI não é culpa da atual administração e sim de maus ex- administradores.  Esqueceu-se ele, porém, que além das péssimas condições de infra-estrutura e condições subumanas por lá existentes, há também a existência da TORTURA praticada ainda hoje por seus funcionários ou será esta também herança do passado?


Em recente visita ao POMERI o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em maio deste ano, o juiz José Dantas de Paiva avaliou após a visita que este estabelecimento está transformando os adolescentes em "verdadeiros animais” e declarou: "Já vi animais em ambientes melhores".


Durante visita do CNJ, adolescentes do Complexo denunciaram a prática de agressões e maus tratos por parte de agentes da unidade, como fizeram novamente a nossa comissão nesta dia.  Na época a secretária-adjunta de Justiça e Direitos Humanos, Vera Araújo, disse que as denúncias seriam apuradas e os responsáveis punidos, mas parece que até o momento nenhuma atitude foi tomada diante das circunstâncias apresentadas.


Não resta alternativa senão a demolição total dos prédios antigos e a construção de novos para melhor atender a necessidade estrutural e dar um pouco de dignidade aos que lá se encontram. Ainda a apuração séria e rápida aos agentes acusados de agressão física e moral aos menores infratores.

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