Fonte: Caio B.O.B.
Ato público “esquentou” Cuiabá e a Câmara de Vereadores
Nesta terça-feira (2) cerca de 150 manifestantes marcharam da
Prefeitura de Cuiabá até a Câmara Municipal em protesto contra a
privatização da Companhia de Saneamento da Capital (SANECAP). O ato
público organizado por servidores da SANECAP, líderes comunitários e
estudantes, pedia a revogação da Lei que cria a Agência Municipal de
Regulação dos Serviços Públicos de Abastecimento de Água e Esgotamento
Sanitário na Capital (Amaes) e a volta do
Passe Livre estudantil.
Mesmo com o frio que fez pela manhã no centro da cidade, os
manifestantes caminharam em fileiras, com faixas e cartazes, gritando
palavras de ordem pelas ruas. Seguidos por um carro de som, e
acompanhado das motos, que com suas buzinas fizeram uma sinfonia de
protesto.
Enquanto trabalhadores e estudantes caminhavam até o Palácio Paschoal
Moreira Cabral, moradores olhavam e aprovavam o protesto. Segundo
pesquisa realizada pela KGM Pesquisas, mais de 80% da população
cuiabana são contra a privatização da SANECAP. Essa é a mesma opinião
da moradora Márcia Campos, que esperava o ônibus para ir trabalhar,
enquanto o protesto passava pela Av. Getulio Vargas. Ela não se
incomodou com o atraso do transporte, que ficou lento durante o
protesto; “Podem protestar! É um absurdo o que querem fazer. Depois
que privatizar a água, vão privatizar o que mais?” contesta Márcia.
Outro que também não concorda com a privatização é o Deputado Federal
Valtenir Pinheiro (PSB), que fez todo o percurso segurando o cartaz
contra a privatização. “É um erro! Que no final penaliza a população,
que pagará duas vezes o imposto.” O Deputado defende que com o apoio
financeiro do Governo Federal é possível se melhorar o fornecimento da
água para a sociedade.
Quando os manifestantes chegaram à Câmara, o circo já estava armado,
de um lado a tropa de choque do Batalhão de Rondas Táticas
Metropolitanas (Rotam), já esperava pelo protesto. Do outro, ou
melhor, lá dentro, os Vereadores já discursavam a respeito do assunto.
Enquanto alguns políticos gritavam e gesticulavam na bancada a favor
da privatização, um único era atacado. As galerias foram tomadas por
manifestantes, que acompanhavam os discursos, da sessão do dia.
Nem todos que queriam acompanhar o debate tiveram acesso, já que cada
lado das galerias comporta, no máximo, 61 visitantes, por isso a
entrada acabou sendo restrita. Mas mesmo assim, o presidente da Casa,
Júlio Pinheiro (PTB), não perdeu a oportunidade de afirmar que a
liberação de alguns manifestantes foi uma decisão democrática, que a
Mesa Diretora tomou na reabertura dos trabalhos legislativos. Porém,
não foi isso que aconteceu dentro do plenário; quando o Vereador Lúdio
Cabral (PT) foi acusado de denegrir a imagem do Parlamento.
Imediatamente ele solicitou direito de defesa, e o então democrático
presidente, Júlio Pinheiro, o proibiu de falar e encerrou rapidamente
a sessão.
Na saída do plenário, Lúdio afirmou que o a Mesa Diretora usou do
direito de coordenar a Casa e não lhe garantiu o direito de resposta.
Mesmo com a pressão, o vereador afirma que está com requerimento
pedindo uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a
SANECAP e avaliar possíveis irregularidades na gestão. “Queremos saber
o que aconteceu com os 90 milhões arrecadados pela Companhia em 2010.
Dizem, que por lá passou alguns bandidos de ternos, queremos saber
quem são.” Afirma o petista, que até foi acusam por um de seus colegas
parlamentares de manipular os sindicatos dos Trabalhadores em Água,
Esgoto e Saneamento Ambiental (Sintaesa).
Enquanto isso acontecia lá dentro, os manifestantes que não
ingressaram na Câmara, continuavam a cantar e gritar contra o fim do
passe livre – promessa de campanha do Prefeito Chico Galindo (PTB),
que assegurou a permanência do benefício a todos os estudantes – e
pela não privatização da SANECAP.
O protesto terminou com o Vereador Lúdio, discursando na porta da
Câmara e os manifestantes fazendo uma ciranda, enquanto eram queimadas
fotos com os rostos dos Vereadores a favor da privatização.
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