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http://www.ihu.unisinos.br/noticias/534475-analistas-politicos-apontam-pontos-fracos-de-presidenciaveis
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Na arena de batalha das campanhas eleitorais, os marqueteiros dirão que nem sempre a melhor defesa é o ataque. Cada vez mais, também é importante blindar os pontos fracos dos candidatos.
A reportagem é de Luís Guilherme Barrucho, publilcada por BBC Brasil, 20-08-2014.
No dia da oficialização da candidatura de Marina Silva à Presidência pelo PSB, em substituição a Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo na semana passada, a BBC Brasil ouviu especialistas para apontar as maiores fraquezas dos três presidenciáveis mais bem colocados pelas pesquisas de intenção de votos e o impacto que elas podem ter nas urnas. Confira.
Dilma Rousseff
Candidata à reeleição, Dilma Rousseff tenta sobrepor uma imagem de gestora eficiente à dos escândalos de corrupção que acometeram os últimos 12 anos do governo Partido dos Trabalhadores (PT).
Para o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, Dilma apresenta "cansaço eleitoral" e seu maior desafio é propor uma "mudança, mas com continuidade".
"Os desgastes relacionados ao tempo em que seu partido está no poder constituem, sem sombra de dúvida, um ponto fraco na candidatura de Dilma", concorda Antonio Carlos Mazzeo, cientista político da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Marília.
O cientista político e sociólogo Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que Dilma tem pouca empatia junto a uma classe média urbana que cobra "essência das instituições" e cujas insatisfações não foram "correspondidas".
"Os escândalos ocorridos durante o governo PT 'colaram' na imagem da candidata. É difícil para ela se desvencilhar disso", diz.
Fora do plano político, a economia é outro ponto que especialistas classificam como um dos pontos fracos na plataforma deDilma.
"A economia não tem tido o mesmo desempenho do que na época de Lula e a inflação começa a pesar mais fortemente no bolso dos consumidores, sobretudo os mais pobres", diz Ismael, da PUC-Rio.
Os especialistas ressaltam, contudo, que Dilma ainda tem grande capital eleitoral em regiões mais pobres do Brasil devido às políticas de transferência de renda implementadas durante o governo petista, como o Bolsa Família.
Além disso, tem a seu favor bons índices de aprovação. Segundo última pesquisa do Datafolha, 38% dos brasileiros avaliam o governo de Dilma como "bom" ou "ótimo".
Aécio Neves
Principal adversário de Dilma na corrida presidencial, o ex-governador de Minas Gerais e candidato do PSDB à Presidência ainda tem dificuldades de se firmar como uma alternativa à candidata do PT.
Para Mazzeo, da Unesp de Marília, "as recentes denúncias envolvendo Aécio Neves tiveram um impacto fortemente negativo na campanha do tucano, uma vez que minaram o 'projeto moralizante' que ele propunha para o Brasil, em relação a Dilma".
Em julho, o jornal Folha de São Paulo publicou reportagem mostrando que o governo de Minas construiu um aeroporto em um terreno pertencente ao tio de Aécio.
Mazzeo acrescenta que, além de faltar "carisma" ao candidato do PSDB, o próprio partido sofre de um problema "estrutural": "O PSDB não apresenta nenhuma proposta econômica profundamente diferente da do PT", diz o cientista político.
Para Ismael, da PUC-Rio, o principal ponto fraco do tucano é "sua dificuldade de falar com eleitores mais pobres, especialmente os do Nordeste".
"O maior desafio de Aécio é tentar mostrar que suas propostas para estimular o crescimento da economia não vão sacrificar as conquistas sociais obtidas ao longo do governo petista", argumenta.
Já para Baía, da UFRJ, o tucano, apesar de ter sido governador de Minas Gerais durante oito anos, não "é um líder nacional testado".
"Aécio ainda não conseguiu obter projeção nacional a partir de seus feitos como líder mineiro", avalia.
Segundo Baía, essa lacuna é observada inclusive em São Paulo, tradicional celeiro da política tucana.
"Aécio precisou escolher um vice-presidente de São Paulo (Aloysio Nunes) para tentar ganhar eleitores no estado mais rico do Brasil e tradicionalmente simpático ao projeto político do PSDB", acrescenta.
Marina Silva
Despontando nas pesquisas de intenção de voto desde a morte do então candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, Marina Silva enfrenta o desafio de unir as fileiras do partido em torno de sua candidatura, de acordo com os especialistas.
Para Mazzeo, da Unesp de Marília, a candidata do PSB não "tem o apoio de todo o partido".
"Marina não pertence à estrutura do PSB e só foi lançada candidata por causa de uma costura feita pelo grupo hegemônico da legenda. O nome dela nunca foi consenso e isso pode lhe causar problemas", acredita.
Outro ponto fraco da candidata, dizem eles, está na falta de uma plataforma ampla e clara que mostre sua visão sobre os vários problemas do país.
Na avaliação de Ismael, da PUC-Rio, "Marina precisa mostrar aos eleitores que tem um programa de governo que não se restringe à questão ambiental".
"Ela capitaliza um eleitorado de maior renda e escolaridade que já está cansado da alternância no poder do PT e do PSDB. Mas ainda mantém uma visão muito monotemática. Ela não é mais uma candidata do Partido Verde (PV) à Presidência, mas sim de uma coligação", afirma o cientista político.
Ismael lembra, contudo, que a escolha de nomes como o dos economistas André Lara Resende (um dos pais do real) eEduardo Giannetti para compor a equipe econômica da candidata agradam ao mercado e beneficiam sua proposta política.
Para Baía, da UFRJ, a fraqueza de Marina seria "a falta de experiência como gestora".
"Marina é um nome conhecido por todo o país desde as eleições de 2010. Já foi senadora e ministra. Mas lhe falta no currículo uma experiência direta com o povo", argumenta.
Baía não acredita, no entanto, que a aproximação de Marina com alas religiosas mais conservadoras possa interferir negativamente em sua candidatura.
"Não acho que o fato de ela ser evangélica tenha influenciado em suas decisões como senadora ou ministra. Além disso, as demais candidaturas têm os mesmos compromissos religiosos que ela", conclui.
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