segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Povos indígenas: cinco faces do genocídio

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Povos indígenas: cinco faces do genocídio

Survival International
Adital

Uma mulher aché pouco depois de ter sido capturada e retirada da selva, em 1972, Paraguai.

Em virtude do Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado no dia 09 de agosto, a organização Survival International expõe o caso de cinco povos indígenas e tribais que foram vítimas de genocídio durante o século XX, e adverte sobre um potencial genocídio que poderá ser cometido neste século.
Entre os povos indígenas que enfrentaram a violência genocida se encontram:
- Os achés, Paraguai: em um julgamento sem precedentes, que começou no passado mês de abril, a tribo dos achés levou o Governo do Paraguai aos tribunais pelo genocídio que sofreram. Os achés foram dizimados depois que os colonos realizaram verdadeiras caçadas humanas, em que a maioria dos homens era assassinada, capturaram os indígenas e os venderam como escravos durante as décadas de 1950 e 1960.
- Os akuntsus, Brasil: em 1985, investigadores do governo descobriram uma casa coletiva inteira que havia sido destruída, evidência do brutal massacre praticado por homens armados, que assassinaram a maioria dos integrantes da tribo akuntsu. Os cinco sobreviventes, que se mantêm com vida, são as últimas testemunhas desse genocídio silencioso.
Cinco akuntsus são os últimos sobreviventes de um genocídio silencioso no Brasil.

- Os jummas, Bangladesh: o exército de Bangladesh e uma onda de colonos desenvolveram uma campanha genocida baseada em assassinatos, violações, torturas e na queima de comunidades jummas. Um acordo de paz, em 1977, colocou fim às piores atrocidades, mas os assassinatos e o incêndio de aldeias jummas, assim como o roubo de suas terras e as detenções, continuam sendo praticados sem nenhum controle.
Os jummas sofreram uma campanha genocida nas mãos dos colonos e do exército de Bangladesh.

- Os yanomamis, limite fronteiriço entre Brasil e Venezuela: em 1933, os exploradores de ouro atacaram, brutalmente, a comunidade yanomami, de Haximú: 16 yanomamis morreram assassinados, entre os quais estavam anciãos, mulheres e crianças. Em uma sentença sem precedentes, quatro dos culpados foram condenados por genocídio. As ameaças continuam até hoje em dia.

Sobreviventes do massacre de Haximú, no qual 16 yanomamis morreram assassinados nas mãos de exploradores de ouro, mostram as urnas que contêm as cinzas de seus familiares.

-Os awás, Brasil: especialistas brasileiros qualificaram a violenta invasão e destruição da selva dos awás por madeireiros armados como genocídio. Um representante do governo brasileiro declarou, em 2011: "Se não foram adotadas medidas de emergência com rapidez, o futuro desse povo é a extinção”. Em janeiro de 2014, os invasores foram expulsos do principal território awá, graças à intensa campanha de pressão desenvolvida pela Survival.

Legenda 5: Karapiru, homem awá, presenciou o massacre de sua família por estrangeiros, Brasil.


Conheça a galeria da Survival "Cinco rostos do genocídio”.

A história voltará a se repetir?
No passado mês de junho, um grupo de indígenas isolados surgiu no Brasil, após ter atravessado, aparentemente, a fronteira com o Peru. Explicaram aos intérpretes que sua comunidade havia sofrido violentos ataques durante os quais a maioria dos anciãos havia sido assassinada e seus lares queimados.

Indígenas isolados que emergiram próximo da fronteira entre Peru e Brasil. Os especialistas advertem que poderá produzir-se "outro genocídio”. Funai

"Disseram que morreu tanta gente que não puderam enterrar todos e que os abutres comeram seus cadáveres”. Especialistas brasileiros advertiram que "outro genocídio” poderá acontecer se o território não for protegido dos madeireiros e dos traficantes de drogas, suspeitos de terem praticado essa atrocidade.
Stephen Corry, diretor da Survival International, movimento global pelos direitos dos povos indígenas e tribais, declarou: "As sociedades industrializadas submetem os povos indígenas a uma violência genocida, à escravidão e ao racismo, de modo que possam usurpar suas terras, recursos e mão de obra em nome do ‘progresso’ e da ‘civilização’. Desde o amanhecer da Era do ‘Descobrimento’, os povos indígenas foram vítimas inocentes de uma colonização agressiva de seus territórios. Retratando-os como atrasados e primitivos, os invasores justificaram a aniquilação cruel e sistemática que ainda seguem praticando até hoje. É hora de colocar fim ao genocídio”.
Esta não pretende ser uma lista de todos os casos de genocídio perpetrados contra os povos indígenas durante o século XX.
Leia a definição de genocídio das Nações Unidas.

Survival International

Survival pelos povos indígenas

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