sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O genocídio em Gaza: 1.822 mortos, 9.370 feridos e 450 mil desabrigados

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O genocídio em Gaza: 1.822 mortos, 9.370 feridos e 450 mil desabrigados

Iyad Al Baba/Oxfam
Uma situação trágica e dramática que não impressiona minimamente a maioria da sociedade israelense, vítima de uma contínua lavagem cerebral, executada ad hoc pela mídia e, sobretudo, pelos políticos sionista
06/08/2014
Achille Lollo
de Roma (Itália)
No dia 3 de agosto, depois de quase um mês de guerra, o balanço da operação “Protective Edge” é dramático. Dos 1.822 civis assassinados pelos pilotos dos F-16 e dos F-15, pelos artilheiros dos tanques, dos canhões de longo alcance e dos lança-foguetes, 398 eram crianças.
A última vítima dessa evidente limpeza étnica é uma menininha de oito anos, Aseel Muhammad al-Bakri, que morreu quando um piloto de F-16 alvejou com um foguete a sua casa no campo de refugiados al-Shaiti, nos arredores da Cidade de Gaza.
Certamente esse piloto já brindou com seus oficiais a “grande façanha guerreira” que realizou no dia 3 de agosto contra aquele campo de refugiados palestinos. Seus familiares e amigos sionistas devem estar ansiosos por confraternizar a coragem desse heroi da Força Aérea Israelense.
Afinal, como disse a famosa primeira-ministra sionista, Golda Meier, na década de 1960: “Os palestinos são como baratas, que devem ser, apenas, esmagadas”.
Passados 50 anos, parece que esse mote virou palavra de ordem em Israel, não só pelos extremistas da direita sionista, mas por 86% dos israelenses que manifestaram seu apoio ao governo de Benjamin Netanyahu, por ter atacado Gaza com uma verdadeira operação de guerra (Operation Protective Edge) para o definitivo aniquilamento do Hamas.
O lobby sionista
Em todos os países europeus e nos EUA o lobby sionista conseguiu convencer os governos e, sobretudo, os diretores de jornais, revistas e TVs com a tese, de que a existência do Estado de Israel estava perigosamente ameaçada pelas brigadas do Hamas, motivo pelo qual Israel devia atacar Gaza para garantir seu direito de defesa. Palavras que logo foram repetidas compulsivamente, inclusive, pelo presidente dos EUA, Barack Obama, no momento em que o Congresso autorizava o fornecimento de mais bombas, foguetes e projéteis de todo tipo ao Tzahal (exército de Israel) por um valor de 228 milhões de dólares.
Não esquecendo que no mês de fevereiro passado o governo sionista recebeu dos EUA o tradicional cheque de 1,6 bilhão de dólares para a manutenção das forças armadas israelenses. Uma “doação imperial” que o governo sionista recebe desde 1948.
Assim durante os primeiros dias da invasão sionista, quando nas ruas da Cidade de Gaza havia uma centena de palestinos mortos, as principais televisões e jornais do “Primeiro Mundo” produziram um show midiático, mostrando o voo irregular dos foguetes Qassam que os membros das Brigadas Ezzedim conseguiam lançar de Gaza em direção ao território israelense.
O show foi tão bem articulado que a correspondente da CNN e depois, também a da RAI-2, pareciam que estavam chorando quando anunciavam que um foguete Qassam estava sobrevoando o território israelense. Desta forma, milhões de europeus e estadunidenses acreditaram cegamente que os cidadãos de Israel estavam sendo massacrados pelos homens de Hamas com os referidos foguetes Qassam.
Dizer que isso foi uma fábula é pouco, já que dos 1200 foguetes Qassam que os homens das Brigadas Ezzedim conseguiram lançar contra o território de Israel, apenas dez provocaram a morte de três israelenses e a danificação de cerca de 30 casas, enquanto outros 50 alvejaram estradas do interior provocando apenas buracos.
Foguetes artesanais que continuam sendo apresentados como o máximo da tecnologia militar. Foguetes que, até hoje, nunca alvejaram uma caserna, um depósito de munições do exército ou uma central elétrica ou um hospital. Pois os lobistas sionistas e a mídia não dizem que os referidos foguetes não possuem sistema de navegação eletrônica, isto é, são lançados e caem quando acaba a força de propulsão.
Por outro lado, os moderníssimos F-15 e F-16 estadunidenses, os foguetes Patriot e todo o armamento de última geração que o Tzahal lançou contra a Faixa de Gaza, movimentando na ocasião 86 mil reservistas, seria o contraponto estratégico para “garantir o direito de defesa de Israel”.
Genocídio
Neste âmbito, até o dia 3 de agosto, o ataque do exército sionista provocou a morte de 1.822 civis, dos quais 398 eram crianças, o ferimento de 9.370 palestinos, dos quais 2.744 eram crianças e a destruição de 50% das casas, das escolas, dos hospitais e de toda a infraestrutura socioeconômica, ao ponto que os moradores de Gaza têm energia elétrica somente por duas horas ao dia e a água corre apenas em algumas ruas, visto que os “heroicos pilotos de Israel” bombardearam a única central de tratamento de água e quase todas as estações e subestações de energia elétrica.
Uma situação trágica e dramática que não impressiona minimamente a maioria da sociedade israelense, vítima de uma contínua lavagem cerebral, executada ad hoc pela mídia e, sobretudo, pelos políticos sionistas. Consequentemente, essa maioria apoia e sustenta cegamente essa guerra que já tem cheiro de genocídio e de limpeza étnica, tal como aconteceu em Ruanda e também como os nazistas fizeram na Europa a partir de 1939.
Um genocídio que foi invocado publicamente pela deputada Ayelet Shaked do partido sionista “Casa Hebraica” que na sua página do Facebook escreveu: “Por traz de cada terrorista há homens e mulheres que ajudaram na formação de cada terrorista. São todos inimigos combatentes e o sangue deles deverá recair sobre suas cabeças. Isso se refere também às mães dos mártires que mandaram seus filhos para o Inferno. Também elas deveriam seguir o destino de seus filhos, e seria o mais justo. Pois, deveriam ir para o Inferno fisicamente também as casas onde foram criadas essas serpentes”.
Isso é chamamento ao genocídio, à limpeza étnica, ao massacre dos palestinos em nome de Deus, visto que se cita o Inferno e se deseja a destruição de suas casas e de suas propriedades que, desde 1948, continuam sendo desapropriadas para serem entregues aos “valentes” colonos sionistas.
Por acaso o ex-presidente israelense, prêmio Nobel da Paz, Shimon Peres ficou escandalizado com as palavras da deputada Ayelet Shaked? Ninguém falou, ninguém censurou, ninguém pediu desculpa pela violência política dessa deputada sionista. Um silêncio que nos Estados Unidos foi ainda mais severo, já que as excelências da Freedom House ou da Human Rights não se manifestaram contra esse manifesto em favor do genocídio palestino que o exército do Estado de Israel está executando com “grande profissionalismo”.
Gaza como Timor?
Os responsáveis da “grande política mundial” proferiram algumas palavras de condenação contra o exército de Israel somente quando a opinião pública de seus países ficou impressionada diante das fotos de crianças despedaçadas pelas bombas e praticamente assassinadas após os repetidos bombardeios contra escolas e abrigos da ONU.
A verdade é que todos os presidentes e primeiros-ministros dos países da Otan justificam o genocídio praticado pelo exército sionista na Faixa de Gaza por causa da histórica aliança estratégica com o Estado de Israel, que no Oriente Médio representa os interesses geoestratégicos do Ocidente.
Por isso, o ataque destruidor contra a Faixa de Gaza torna-se compatível com a lógica geoestratégica dos EUA e dos países da Otan, visto que o Hamas é o único sujeito político que rejeita a equação do poder imperial – uma lógica que determinou a necessária derrota política e, sobretudo, militar do Hamas para depois poder, desmilitarizar por completo a resistência palestina e acabar com as reivindicações nacionalistas e revolucionárias da chamada “questão palestina”.
Neste âmbito, o Estado de Israel está fazendo, de fato, o trabalho sujo. Porém, após ter concluído o genocídio em Gaza, o Ocidente vai entregar à ONU a tarefa de reorganizar “pacificamente” os palestinos, tal como foi feito no Timor Leste.
A propósito é bom recordar que o exército da Indonésia – também ele financiado e monitorado pelos EUA – realizou no Timor Leste uma matança de quase 500 mil timorenses de 1975 até 2001.
Parece uma mera casualidade, porém, na segunda-feira (4), o ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, declarou que “Israel apoiaria o mandato da ONU na Faixa de Gaza, para depois devolver esse território a Abu Mazem, aos homens da ANP”.
No mesmo dia, também o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabious, e o próprio presidente francês, François Hollande, bem como o primeiro-ministro da Grã Bretanha, David Cameron, começaram a falar em “solução timorense”.
O problema dessa nova fábula é que antes de a Faixa de Gaza ser entregue aos comissários da ONU e aos corruptos empresários palestinos ligados à ANP para a reconstrução daquele território, o mesmo deverá ser “limpo, física e estruturalmente” de todos os militantes do Hamas e dos outros grupos islâmicos. Por isso, a matança deve continuar não só até o último túnel, mas, sobretudo, até o último combatente palestino.

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