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CARTA DENÚNCIA
Cuiabá, 10 de junho de 2012.
A Comissão Pastoral da Terra, Regional Mato Grosso, vem a
público denunciar o descaso, abandono e o descompromisso dos poderes públicos
(Estadual e Federal) diante da situação a que estão submetidas centenas de
famílias de trabalhadores/as rurais acampados/acampadas, nos municípios de Novo
Mundo e Nova Guarita, região norte do Estado.
Há mais de onze anos essas famílias vêm buscando se organizar
para sobreviverem na luta e na esperança pelo seu pedaço de chão, reivindicando
terras públicas ocupadas ilegalmente. Essas famílias resistem vivendo nas
margens das rodovias, sendo alvo de constantes ameaças de morte, agressões
físicas e psicológicas e tendo como saldo histórico o alarmante número de 08 (oito)
assassinatos ocorridos na Gleba Gama, em Nova Guarita, durante os anos de 2003
a 2008 e de 02 (duas) pessoas assassinadas e 02 (duas) desaparecidas na Gleba
Inhandú, Novo Mundo.
Sofrem ameaças de terem suas pequenas roças destruídas por
fazendeiros, ameaças constantes de despejos, quebra de caixas d’água no
acampamento, corte de arame de cercas, quebra de postes de luz, do Programa Luz
Para Todos e outras situações. Unido a isso diversos crimes ambientais tem
acontecido (retirada ilegal de madeiras, desmatamento, queimadas, extração de
minérios); existem rumores de manobras na regularização das terras públicas,
para legalizar limites além do proposto pelo Programa Terra Legal, o que têm
refletido no aumento da tensão sobre as famílias acampadas.
Durante mais de uma década já foram realizadas diversas
Audiências Públicas, reuniões, vistorias em áreas, denúncias das irregularidades
sem êxito. Os processos tramitam na Advocacia Geral da União - AGU e no INCRA,
mas até o presente momento as famílias continuam em situação de total
insegurança e medo.
Diante desta situação de atentado contra os Direitos Humanos,
a Comissão Pastoral da Terra – CPT/MT vem denunciar e exigir do poder público que
sejam tomadas as devidas providências, para solucionar a situação dos
trabalhadores/as acampados/as evitando mais derramamento de sangue.
Os fatos são públicos e notórios. Assim, CASO OCORRAM
MAIS AGRESSÕES E MORTES OS ÚNICOS RESPONSÁVEIS SERÃO AS AUTORIDADES
CONSTITUÍDAS.
Comissão Pastoral da Terra, Regional
Mato Grosso.
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