segunda-feira, 9 de junho de 2014

Justiça suíça condena repressor guatemalteco

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Justiça suíça condena repressor guatemalteco

Sergio Ferrari
Adital
O Tribunal Criminal de Genebra, condenou nesta sexta-feira, 06 de junho, a vida do repressor guatemalteco Erwin Sperisen. O ex chefe da polícia nacional civil da Guatemala foi reconhecido como co-autor de seis assassinatos e responsável direto por um durante uma ação repressiva implementada na prisão de Pavón, nesse país centro-americano, em 2006.
Ao pronunciarem a sentença os juízes assinalaram a motivação egoísta e particularmente odiosa, assim como o método de atuação de Sperisen. Ressaltaram também a gravidade dos fatos, o número de vítimas e a ausência de qualquer tipo de reconhecimento dos fatos por parte do acusado.
Os sete detidos foram vítimas de execuções extrajudiciais, insistiu o Tribunal Criminal, baseando-se em numerosos testemunhos considerados com credibilidade. O único argumento da defesa foi afirmar que as testemunhas mentiam.
Sperisen foi alvo de outra causa, a do assassinato de três fugitivos do "El Infiernito”, em outubro de 2005, logo após a evasão de 19 presos. Sperisen e seus colegas implementaram o Plano Gavilán com o objetivo de capturar os evadidos e executá-los, dissimulando provas. Três dos recapturados tiveram essa sorte. A justiça genebrina considerou que não havia elementos suficientes nesse caso para culpar o ex chefe policial.
A condenação à prisão perpétua desta sexta-feira encerra a última etapa do proceso, que incluiu, desde 15 de maio último, as apresentações da promotoria e da defesa. Três semanas de uma verdadeira maratona jurídica, que ocupou a principal atenção midiática na Suíça.
O julgamento e a sentença marcam um precedente significativo na luta internacional contra a impunidade. Sperisen, duplo cidadão suíço e guatemalteco tinha fugido desse país centro-americano em 2007, radicando-se numa localidade de Genebra, onde teria se "convertido” em militante do Partido Evangélico.
A denúncia e a pressão de várias organizações sociais, e de solidariedade helvéticas levaram a que as instâncias judiciais genebrinas iniciassem o processo. Entre as mais ativas denunciantes encontram-se a Comunidade Genebrina de Ação Sindical, a Ação dos Cristãos pela Abolição da Tortura e o sindicato rural UNITERRE (membro da Via Campesina). A organização internacional TRIAL sistematizou a causa e a relançou em 2010.
O ex- chefe da polícia guatemalteca foi detido em 31 de agosto 2012, logo após ter gozado de liberdade total a partir de sua instalação em dito localidade, e 2007.
"El Vikingo” foi também acusado pela Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG) de ter sido um dos chefes dos esquadrões da norte, que operaram no país centro-americano entre julho de 2004 e março de 2007.
Tal Comissão é um organismo estabelecido conjuntamente pelas Nações Unidas e a Guatemala em 2007. A Comissão comprovou a existência nesses anos de um "Grupo Criminoso Autônomo” integrado por 19 pessoas, que operava com total impunidade. Todos eram funcionários dos serviços de Seguridad del Estado o fuerzas aparentadas y habrían implementado execuções extrajudiciais de prisioneiros.
Em março de 2007, Sperisen teve que renunciar a seu cargo dado que o corpo policial que dirigia se viu envolvido no escândalo resultante do assassinato na Guatemala de três deputados salvadorenhos, membros do Parlamento Centro-Americano.
Dado que Sperisen conta com a dupla nacionalidade, a Suíça não aceita a eventual extradição para a Guatemala com o objetivo de processá-lo. Daí a trascendência do veredito deste dia 06 de junho. Um desafio não apenas para a justiça helvética, mas também no combate internacional contra a impunidade.

Sergio Ferrari

Colaborador de Adital na Suiça. Colaboração E-CHANGER

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