quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Mudanças climáticas, usinas a carvão e hipocrisia

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Mudanças climáticas, usinas a carvão e hipocrisia

     
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Por Délcio Rodrigues
Matéria publicada no jornal The Guardian1 em 14/12/2012 mostra que o Banco Mundial no mesmo mês de novembro de 2012 em que publicou um relatório devastador sobre por que não podemos deixar o planeta aquecer mais de 4oC acima das temperaturas médias globais anteriores à revolução industrial2, considerava financiar uma nova usina termelétrica a carvão de 750 MW na Mongólia por meio de seu braço de financiamento privado, a International Finance Corporation. A usina moveria a operação Tolgoi Oyu que já está sendo considerada a maior mina mundial de cobre e ouro, um projeto de US$ 13,2 bilhões da mineração Rio Tinto3.
A queima de carvão é a forma mais poluente de geração de eletricidade, 50% mais que o já muito poluente óleo combustível derivado de petróleo e quase 100% mais que o gás natural, segundo a agência norte americana de informação sobre energia4.
É inacreditável que o financiamento subsidiado à energia fóssil continue acontecendo como se a ciência e o próprio planeta não estivessem sinalizando com frequencia e intensidade cada vez maiores a realidade das mudanças climáticas perigosas futuras (mas nem tanto) provocadas pela atividade econômica humana. Um Relatório do World Resources Institute de novembro de 2012 mostra que o Banco Mundial aumentou os empréstimos para projetos de combustíveis fósseis e carvão nos últimos anos de maneira que atualmente injeta US$ 5,3 bilhões em financiamento para 29 projetos de expansão ou de novas usinas de carvão5.
No Brasil, 2,2% da capacidade de geração instalada estão em usinas termelétricas de carvão mineral. Parece pouco, mas são 2,3 GW, mais que os 2,0 GW das usinas nucleares de Angra I e II6.
O relatório do WRI cita duas novas usinas em construção no Brasil, pela MPX de Eike Batista, com potência de 720 MW. A própria empresa, no entanto, informa sobre mais projetos em andamento: Itaqui em São Luiz do Maranhão com Licença de Instalação concedida para 360 MW7; Pecém a 60 km de Fortaleza com 720 MW8; e Açu I com licença de instalação definitiva de 2.100 MW em São João da Barra, no Rio de Janeiro9. Uma vez prontos estes projetos adicionarão 3,2 GW sujos à matriz energética brasileira, o que pode representar um acréscimo anual de 5,9 MtCO2e - ou 0,3% - na emissão anual de gases de efeito estufa do país10.
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1The World Bank's climate hypocrisy; por Kate Sheppard para Mother Jones disponível emhttp://www.guardian.co.uk/environment/2012/dec/14/worldbank-climate-change
2Turn Down the Heat: Why a 4oC Warmer World Must be Avoided – disponível em 
http://climatechange.worldbank.org/sites/default/files/Turn_Down_the_heat_Why_a_4_degree_centrigrade_warmer_world_must_be_avoided.pdf
3www.riotinto.com
4Disponível em http://www.eia.gov/oiaf/1605/emission_factors.html 
5Ailun, Yang, and Yiyun Cui. 2012. “Global Coal Risk Assessment: Data Analysis and Market Research”. World Resources Institute, Washington DC. Disponível em http://pdf.wri.org/global_coal_risk_assessment.pdf
6http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp
7http://www.mpx.com.br/pt/nossos-negocios/geracao-de-energia/empreendimentos/Paginas/ute-itaqui.aspx
8http://www.enerconsult.com.br/pt/servicos/ProjectPage.asp?s=0000%0233%CURM_BOX&;p=Infraestrutura/Energia/&i=480&tsc=14
9http://www.mpx.com.br/pt/nossos-negocios/geracao-de-energia/projetos/Paginas/ute-acu-I.aspx
10Emissão das novas usinas calculada com base nos fatores de emissão do IPCC disponíveis em http://www.ipcc-nggip.iges.or.jp/public/gp/bgp/2_1_CO2_Stationary_Combustion.pdf e fator de carga médio de 60%.

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