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http://centroburnier.com.br/wordpress/?p=3692
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Bem viver: aprendendo e ensinando uma nova lição…
Por Eveline de Magalhães Werner Rodrigues
Após tantos e tantos séculos de opressão, marginalização, invisibilização e negação de direitos, o que se vê hoje é uma discussão crescente a respeito da importância dos saberes indígenas para a superação da crise global vivenciada, especialmente frente aos riscos cada vez mais complexos aos quais estamos submetidos.
O chamado “índio” – expressão maior da pretendida homogeneização desses povos; o outro, o diferente, o dominado, o subjugado –, que na verdade representa centenas de povos originários em toda a América, tem tantas lições de vida a nos ensinar…
Em uma época em que se discute o papel do Estado e os compromissos que esse ente deve assumir para alcançar o “desenvolvimento sustentável”, a “economia verde” ou qualquer outro nome que se queira atribuir, é preciso ter sensibilidade suficiente para perceber que o que os povos indígenas divulgam e praticam há tanto tempo é, em si, a mais coerente expressão de uma verdadeira sustentabilidade: o equilíbrio entre as diversas esferas da vida em comunidade (economia, política, espiritualidade, ecologia…), a harmonia entre todos os seres (humanos e não-humanos), a intrínseca relação com seu território, com o meio natural do qual fazem (fazemos) parte.
Tudo isso traduz um ideal de bem viver, que expressa essa relação indissociável entre tudo e todos, e que retoma um projeto de existência, que é coletivo e infinito, dos povos originários da América Latina.
A partir das reflexões proporcionadas pela concepção indígena de plenitude da vida, notamos, então, que o que queremos e precisamos é de nova vida, repleta de sentido, que não seja traduzida somente em um mínimo de sobrevivência para a maioria (às vezes, nem esse mínimo…), enquanto as grandes preocupações mundiais voltam-se para o favorecimento de uma minoria. A economia está em crise? O PIB do Brasil não teve crescimento satisfatório? A população brasileira está consumindo menos? Não queremos levar adiante demandas que não são verdadeiramente nossas, preocupações que nos são impostas para fazer crer que o que realmente importa é que o país cresça, que o consumo cresça, que a economia cresça… infinitamente!
Já cansados de sermos “norteados” pelas visões ocidentalizadas, que sempre se acreditaram superiores, evoluídas, inatingíveis, hoje queremos aprender e propagar as novas (e ao mesmo tempo, milenares) lições que provêm desta latino-américa, e, a partir disso, propor um novo projeto de nação, que considere essa grande riqueza representada pelas diversidades, pelas cores de tantos povos e culturas que vêm, apesar de tanta violência, resistindo e levando adiante a beleza de uma ideia que não é somente poesia em papel, mas que traduz um reencantamento da natureza e da sociedade, que nos aponta caminhos alternativos, que afirma que ainda é possível sonhar e lutar…
Mas que isso seja refletido e que comece a ser levado a efeito agora, em vez de ficar sempre e sempre esperando acontecer.
Eveline é graduada em Tecnologia em Gestão Ambiental, pós-graduada no MBA em Gestão e Perícia Ambiental, e cursa Direito na UFMT, onde integra o grupo de pesquisas Jus-Clima
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