segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Civilização e Barbárie: A reestruturação regressiva e o abandono do sonho da igualdade

IHU
UNISINOS
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/513597-conjuntura-da-semana-civilizacao-e-barbarie-a-reestruturacao-regressiva-e-o-abandono-do-sonho-da-igualdade


Conjuntura da Semana. Civilização e Barbárie: A reestruturação regressiva e o abandono do sonho da igualdade

A análise da Conjuntura da Semana é uma (re)leitura das Notícias do Dia publicadas diariamente no sítio do IHU. A análise é elaborada, em fina sintonia com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT, parceiro estratégico do IHU, com sede em Curitiba-PR, e por Cesar Sanson, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, parceiro do IHU na elaboração das Notícias do Dia.
Sumário:
Reestruturação regressiva e sinais de barbárie
O mundo do trabalho e a ‘nova questão social’
Vitória da gramática liberal?
Indignai-vos! A evocação contra a barbárie
Conjuntura da Semana em frases e tuitadas
Eis a análise.
"O capitalismo internacional e individualista decadente, sob o qual vivemos desde a Primeira Guerra, não é um sucesso. 
Não é inteligente, não é bonito, não é justo, não é virtuoso – and it doesn't deliver the goods. Em suma, não gostamos dele e já começamos a menosprezá-lo”.
A citação acima é de Keynes, resgatada pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo ao refletir sobre os impasses da sociedade mundial. Keynes refere-se a Grande Depressão da economia mundial no início dos anos 30. Para Belluzzo, estamos metidos num momento similar, porém ainda pior. 

A crise agora não é apenas econômica, é muito maior. A “grande transformação” que se processou a partir do final do século XX, a prodigiosa (r)evolução das forças produtivas, da  ciência e da técnica, paradoxalmente, dá sinais de que ao invés de conduzir a humanidade ao porto seguro, o bem viver coletivo, empurra a civilização para a barbárie. Estamos diante do enigma, como lembra o filósofo Henrique Cláudio de Lima Vaz, “de uma civilização avançada na sua razão técnica, mas dramaticamente indigente na sua razão ética”.

Pergunta Belluzzo: "Em que momento homens e mulheres - sob o manto da liberdade e de igualdade - vão desfrutar da abundância e dos confortos que o capitalismo oferece em seu desatinado desenvolvimento?". A tese de Belluzzo é de que “o mundo não padece apenas sofrimentos de uma crise periódica do capitalismo, mas, sim, as dores de um desarranjo nas engrenagens que sustentam a vida civilizada, sob o olhar perplexo e impotente das vítimas". 

A intuição do economista é de que “está em curso uma tentativa de reestruturação regressiva”, ou seja, está sendo abandonado o sonho da igualdade e o modelo de Bem Estar Social vai sendo posto de lado. Belluzzo afirma que “a ética da solidariedade é substituída pela ética da eficiência e, desta forma, os programas de redistribuição de renda, reparação de desequilíbrios sociais e assistência a grupos marginalizados” vão sendo abandonados. 

Belluzzo identifica que o abandono do sonho da igualdade, da universalização dos direitos e do bem estar social para todos tem sua raiz “num novo individualismo quem tem sua base social originária na grande classe média produzida pela longa prosperidade e pelos processos mais igualitários que predominaram na era keynesiana”.

O ideário do “novo individualismo” se traduz na máxima da competitividade. A ordem agora é ser competitivo. Todos são convocados a serem empreendedores. Diz Belluzzo, “o novo individualismo encontra reforço e sustentação no aparecimento de milhões de empresários terceirizados e autonomizados, que são criaturas das mudanças nos métodos de trabalho e na organização das grandes empresas”.

A competitividade que deve ser buscada e exercida por todos e todas é originária e constitutiva à nova ordem internacional do capital financeiro e produtivo onde o que conta é capacidade e a agressividade para liquidar os outros. A competitividade, uma categoria do mundo business aos poucos vai se tornando também um valor cultural e passa a reger as relações sociais. Como destaca Belluzzo, trata-se de uma visão de economia e de sociedade que advoga abertamente a concorrência darwinista onde a sobrevivência do mais forte é a palavra de ordem. Nesse contexto que “tombem os fracos pelo caminho”.

Sinais de barbárie da reestruturação regressiva 

O mundo do trabalho e a ‘nova questão social’


Um dos sinais emblemáticos da regressividade civilizacional se dá no mundo do trabalho. Belluzzo diz que “o capitalismo da grande indústria (...) suscitou desejos, ambições e esperanças”. A promessa era de que “a admirável inclinação para revolucionar as forças produtivas iriam aproximar homens e mulheres do momento em que as penas do trabalho subjugado pelo mando de outrem seriam substituídas pelas delícias e liberdades do ócio com dignidade”. Estaríamos prestes “a realizar a utopia de trabalhar menos para viver mais”. 

Esse enredo nos diz Belluzzo, “foi contado nos bons tempos da globalização e das bolhas financeiras e de consumo: a economia da inovação e da inteligência estaria prestes a substituir a economia da fábrica, dos ruídos atormentadores e dos gases tóxicos. As transformações tecnológicas e suas consequências sociais ensejariam a proeza de realizar o projeto da autonomia do indivíduo, aquele inscrito nos pórticos da modernidade”.

Mas eis que “o avanço tecnológico – que descortinou a possibilidade de libertar a vida humana e suas necessidades das limitações impostas pela natureza e pela submissão pessoal – não impediu a intensificação do ritmo de trabalho” e ainda mais, aumentou o número do que se “tornaram compulsoriamente independentes do trabalho, os desempregados”. O desemprego global, diz Belluzzo, “cresceu muito no mundo desenvolvido, ao mesmo tempo em que o trabalho se intensificou nas regiões para onde se deslocou a produção manufatureira”, porém, em condições precárias. 

O que se vê nas últimas décadas é uma gigantesca ofensiva do capital frente ao trabalho manifesta no trinômio flexibilização, terceirização e precarização. Estar-se-ia diante de uma vingança do capital após a conquista do Estado de bem-estar social. Livre das amarras da luta que se travou na arena pública, o capital retomou e deslocou o debate para a arena privada, ou seja, de agora em diante, é o mercado que define as regras do jogo. 

Como destaca Belluzo, “na era do capitalismo ‘turbinado’ e financeirizado, os frutos do crescimento se concentraram nas mãos dos detentores de carteiras de títulos que representam direitos à apropriação da renda e da riqueza. Para os demais, perduram a ameaça do desemprego, a crescente insegurança e precariedade das novas ocupações, a exclusão social”.

Nessa perspectiva, quem passa a dar as regras, não são mais os Estados-Nações, mas antes de tudo, os fóruns supranacionais do capital, representados por paraestatais como se assiste, por exemplo, na Europa onde quem dá as ordens é a troika – União Europeia (UE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE). O que vale é o comando do mercado e não mais do Estado. A política passa a ser subordinada pela economia – de cerne rentista. O núcleo central da globalização é determinado pelo mercado que desestrutura a sociedade do trabalho. 

A situação, portanto, é de tal forma que se assiste a uma involução no mundo do trabalho. Como afirma Robert Castel, em plena transição de século “redescobrimos com angústia uma realidade que, habituados com o crescimento econômico, com o quase pleno emprego com os progressos da integração e com a generalização das proteções sociais, acreditávamos exconjurada: a existência novamente, de ‘inúteis para o mundo’ [1]”.

Segundo ele, “a situação atual é marcada pela desestruturação da condição salarial. O desemprego em massa, a instabilidade das situações de trabalho, o trabalho precário e o desmantelamento da proteção social criam novas categorias de pessoas: os supranumerários, os inempregáveis, os desfiliados, desvalidados, dissociados, desqualificados, os supérfluos (...) os ‘inúteis para o mundo’” . Um exemplo dos ‘inúteis para o mundo’ são osboatpeoples, san papier’s, indocumentados, extracomunitários, chicanos, entre tantas outras denominações para os imigrantes, mas também são aqueles que se veem lançados para fora do mercado de trabalho mesmo nos países ricos.

Na análise de Castel, “o núcleo da questão social hoje seria a existência, novamente, de ‘inúteis para o mundo’”. Segundo ele, “trata-se de um paradoxo, pois, foram necessários séculos de sacrifícios, de sofrimentos e de exercícios de coerção – a força da legislação e dos regulamentos, a coerção da necessidade e também da fome – para constituir a civilização do trabalho que se impõe sob a condição de assalariado, agora tudo isso se esvai”. 

A perversidade da realidade do mundo do trabalho é ainda maior na medida em que diz Castel, assistimos a uma “metamorfose do individualismo positivo (encaixe hierárquico de coletividades constituídas na base da divisão do trabalho e reconhecidos pelo direito – o estatuto) para o individualismo negativo (a segmentação – a precariedade – a flexibilidade – perda de proteções – falta de referências)”. Ou seja, estamos diante da quebra da articulação indivíduo – coletivo.

O sociólogo francês lembra que na sociedade do medievo se praticava uma “sociabilidade primária”, onde o “meu próximo é o próximo”. Diz ele que “a comunidade remediava os fracassados da sociabilidade primária (os órfãos, os enfermos, os inaptos para o trabalho). São 'sociedades asseguradas', 'sociedades providas' na definição de George Duby”. 

Agora quem cuida dos “novos pobres” do mundo do trabalho com o desmonte do Estado de Bem Estar Social?  O que fazer com a nova categoria de miseráveis? Os que ocupam a posição de supranumerários? Estes são lançados à própria sorte. Castel diz que vemos uma “sociedade ameaçada pela fragmentação entre os que podem associar individualismo e independência – contrato de trabalho – e os que carregam sua individualidade como cruz, porque significa falta de vínculos e ausência de proteções”.

Há, ainda, outra perversidade em curso no mundo do trabalho. Aquela em que a ética da solidariedade é substituída pela ética da eficácia. Aquela que diz que cada um é responsável por sua própria sorte no mercado de trabalho e onde se estimula o empreendedorismo como saída – “o aparecimento de milhões de empresários terceirizados e autonomizados”, como diz Belluzzo. A grande maioria deles fadados ao fracasso, a situações de sobretrabalho, rendimentos baixos e em condições precárias.

Retornamos à pergunta de Belluzzo: "Em que momento homens e mulheres - sob o manto da liberdade e de igualdade - vão desfrutar da abundância e dos confortos que o capitalismo oferece em seu desatinado desenvolvimento?". Acreditou-se que as inovações tecnológicas permitiriam o fim do sobretrabalho, uma radical redução da jornada de trabalho e que o aumento fantástico da produtividade poderia ser repartido através de mecanismos como a “renda cidadã”. 

A possibilidade da instauração de uma renda cidadã nos molde sugerido por André Gorz poderia ser vinculada, na medida e quando possível, ao exercício de atividades relacionadas à valorização de uma economia plural, ou seja, atividades socialmente úteis para a sociedade. Abrir-se-ia aqui a possibilidade de fortalecer as atividades que cultivam essencialmente relações de proximidade, criadoras de cidadania (sistemas de trocas locais, redes de trocas recíprocas e de saber, vida associativa, etc.), onde o objetivo primeiro não seria o lucro, mas sim o ganho social de promoção de vida – pensa-se aqui nas atividades ligadas às crianças, aos idosos, à ecologia.

Os fantásticos ganhos, entretanto, possibilitados pela revolução tecnológica foram subsumidos pela lógica do capital e ao contrário de opções na perspectiva de uma inclusão em direção ao humano civilizacional, vê-se um mundo do trabalho que ruma para a barbárie.

Vitória da gramática liberal?

O agravamento da questão social tem na retomada do ideário liberal uma de suas alavancas. Trata-se agora de retirar o Estado de cena e substituí-los pelas forças do mercado.

Belluzzo comenta que “nos Estados Unidos dos republicanos e na Europa da senhora Merkel está em curso uma tentativa de reestruturação regressiva (...) a fuzilaria dos ultraconservadores concentra a pontaria na proteção à velhice e aos doentes. Caso esse peso morto não seja extirpado, a sociedade será entregue às letargias da estagnação”.

Segundo o economista, o risco está no fato de que “a ação do Estado é vista como contraproducente pelos bem-sucedidos e integrados, mas como insuficiente pelos desmobilizados e desprotegidos. Estas duas percepções convergem na direção da ‘deslegitimação’ do poder administrativo e na desvalorização da política”. 

Aparentemente estamos numa nova situação histórica, conclui Belluzzo, “em que a ‘grande transformação’ ocorre no sentido contrário ao previsto por Karl Polanyi: a economia trata de se libertar dos grilhões da sociedade”.

A economia em vez de servidora da sociedade a transformou em serva e aos poucos vai desmantelando as conquistas sociais ancoradas no Estado. Isso como se viu está em curso nos Estados Unidos e na Europa, algo que a América Latina amargamente já experimentou com consequências trágicas.

Nos Estados Unidos assiste-se ao fortalecimento das teses do movimento Tea Party manifesta na candidatura republicana de Mitt Romney, já identificado como “o homem mais perigoso da Terra” na definição de Demétrio Magnoli.Romney esposa ideias, entre outras, em que pretende retirar dinheiro da saúde e investir na indústria armamentista; ao mesmo tempo questiona o aquecimento global e a reafirma pretensa missão dos EUA como “xerife” do mundo.    

É a Europa, entretanto, que acolheu no pós-guerra o desafio de constituir uma sociedade assentada na base da universalização de direitos, que se assiste a uma espantosa “reestruturação regressiva”. Nos últimos anos, a população troca desesperadamente de governos na expectativa de que esses deem um basta aos pacotes de austeridade, mas de nada adianta. 

O continente está às voltas com seus noves pobres. Na Grécia, Espanha e Portugal, o desemprego está acima da média europeia. A Itália ronda esse grupo. Pior ainda: para dar conta de tentar estancar a crise, as medidas adotadas produzem ainda mais desemprego, uma vez que se cortam investimentos e se promove arrocho salarial e cortes nos gastos sociais.

A Grécia é o país emblemático da barbarização. O país somatiza os maiores sofrimentos. Desnutrição, aids, prostituição, drogas e suicídios são ameaças crescentes. A crise no país atinge duramente a saúde da nação: o número de suicídios aumentaram, mais pessoas usam drogas e se prostituí, cresce rapidamente as taxas de infecções por HIV.Martin McKee, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, disse que outros países europeus em dificuldades devem prestar atenção a esses fatos. "A experiência da Grécia é uma advertência para o que pode acontecer, se houver grandes cortes nos sistemas de saúde em face de uma recessão", disse ele.

Reforma financeira abandonada, estagnação da economia, desigualdade econômica crescente, alto desemprego principalmente entre jovens, esfarelamento do Estado de Bem Estar Social são sinais que assustam numa região que sempre se orgulhou e intitulou-se como um bastião das forças civilizatórias.

A estas forças [do mercado] negativas, o Estado e a sociedade não podem responder com ações compensatórias, dizBelluzzo. Isso porque, diz ele, “a globalização, ao tornar mais livre o espaço de circulação da riqueza e da renda dos grupos integrados, desarticulou a velha base tributária das políticas keynesianas erigida sobre a prevalência dos impostos diretos sobre a renda e a riqueza”.

Agora diz Belluzzo, “a ação do Estado, particularmente sua prerrogativa fiscal, vem sendo contestada pelo intenso processo de homogeneização ideológica de celebração do individualismo que se opõe a qualquer interferência no processo de diferenciação da riqueza, da renda e do consumo efetuado por meio do mercado capitalista”. Reafirma ele: “A ética da solidariedade é substituída pela ética da eficiência e, desta forma, os programas de redistribuição de renda, reparação de desequilíbrios regionais e assistência a grupos marginalizados têm encontrado forte resistência dentro das sociedades”.

Caminha a humanidade para a barbárie? Abandonou-se a utopia do sonho da igualdade e da universalização de direitos? A “reestruturação regressiva” em curso e levado a cabo pelas forças do capital dá sinais de que infelizmente sim. Certa resistência vem dos “mais pobres”, dos países latino-americanos que resistem à gramática liberal. 

Um continente fraturado por séculos de colonização, por ditaduras e pela desigualdade social, tornou-se a partir dos anos 1980 um laboratório do capitalismo mundial sob as orientações do ‘Consenso de Washington’. Privatizações, desregulação, abertura indiscriminada das economias nacionais, inserção subordinada na economia internacional, fragilização do Estado, ataques aos direitos dos trabalhadores, desestruturação do mercado de trabalho e emigrações acentuadas, caracterizam o cenário latino-americano nos anos 1990.
A América Latina beirava o colapso. A reação das forças populares, porém, empurraram o continente a uma inflexão. A contestação às forças hegemônicas de orientação neoliberal resultaram numa série de governos progressistas, não necessariamente de esquerda, que em maior ou menor grau resgataram o papel do Estado como um instrumento de mitigação do fosso social.

A América Latina continua ainda muito pobre e desigual, mas políticas sociais compensatórias vêm reduzindo a extrema pauperização. O risco é o continente adotar um modelo de inclusão via mercado – o consumo como critério de inclusão – e não via resolução de seus problemas estruturais. 

Indignai-vos! A evocação contra a barbárie

A resistência à barbárie vem da luta social, dos movimentos sociais que se negam subordinar à gramática liberal – vem da convocatória “Indignai-vos!” Depois do "Povo de Seattle" (1999), do "Povo de Porto Alegre" (2001) e de Gênova (2001), assiste-se a certa retomada do movimento altermundialização. Em praças do mundo irrompem novamente a indignação contra a barbárie do capital. Puerta del Sol (Espanha), Syntagma (Grécia), Zuccotti (EUA) evocam o mundo que não se quer. "Não, não pagaremos por sua crise" diz o Ocupa Wall Street ou ainda: "We are the 99%".

A esses movimentos juntam-se uma multitude de outros movimentos. Na América Latina, ao lado dos já conhecidos, ressurgem novos atores sociais como o movimento indígena, mas também emerge um forte movimento ambientalista que diz que o planeta não é uma mercadoria. Todos eles colocam em questão a crise civilizacional. 

Como diz Eric Toussaint, e crise adquiriu uma dimensão civilizacional que empurra-nos para a barbárie e por em causa essa crise “significa pôr em causa o consumismo, a mercantilização generalizada, o desprezo pelos impactes ambientais das atividades econômicas, o produtivismo, a procura de satisfação dos interesses privados em detrimento dos interesses, dos bens e dos serviços coletivos, a utilização sistemática da violência pelas grandes potências, a negação dos direitos elementares dos povos, como … é o capitalismo que está no centro do que é posto em questão", destaca ele.

Estamos diante de uma bifurcação entre as forças da “barbárie” e da “civilização”. Na praça Puerta del Sol em Madrid, um cartaz anuncia que a “barbárie” não pode tomar o lugar da “civilização”. Diz o cartaz: "Erro. Sistema reiniciando".

Notas

1 - A expressão “inúteis para o mundo” está associada à sociedade do medievo que intitulava os sem-trabalho de vagabundos. Os vagabundos, em uma sociedade que propugnava que todos tivessem algum pertencimento territorial, significavam uma ‘mancha social’. O vagabundo acumulava a desvantagem de estar fora do trabalho e fora da ordem da sociabilidade. Ele se torna – então - um inútil para o mundo (autos da condenação de Colin Lenfant, servente de pedreiro, vagabundo que reconheceu ter roubado em Paris: “Era digno de morrer como inútil para o mundo, isto é, ser enforcado como ladrão”, registros criminais do Châtelet, citado in B. Geremek, Lês marginaux parisiens aux XIVème et XVème siècles) apud Castel in As Metamorfoses da Questão Social. Petrópolis: Vozes, 1995.
Conjuntura da Semana em frases
Abundância

“Peter Diamandis e Steven Kotler, autores do livro “Abundance" dizem com todas as letras que a humanidade está para entrar numa era de superabundância, na qual tecnologias tornarão itens essenciais tão baratos que todos os habitantes da Terra terão acesso a bens e serviços até há pouco ao alcance apenas dos muito ricos. E tudo isso no horizonte de uma geração” – Hélio Schwartsman, jornalista – Folha de S. Paulo, 16-09-2012.

Mensalão

"O processo aí no Supremo está nos dizendo que o fato (mensalão)  existiu. Ou então estão fazendo um julgamento fictício" - D. Raymundo Damasceno, presidente da CNBB – Folha de S. Paulo, 16-09-2012.

Toalha
“Mais de um mês depois do início do julgamento, praticamente nenhum réu político tem mais esperança de ser absolvido pelo STF” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 12-09-2012.

Coração apertado

“José Genoino (PT-SP) baixou nesta semana no hospital para fazer exames de coração. Avisado, o próprio Lula acompanhou de perto o andamento das avaliações médicas” – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 12-09-2012.

Raro

“Raramente se vê uma manifestação política tão incisiva da Igreja Católica como a de agora, contra o candidato que lidera as pesquisas, Celso Russomanno - que é do PRB, mas também da IURD” – Eliane Cantanhêde, jornalista – Folha de S. Paulo, 16-09-2012.

Classe C

“Como ele (Celso Russomanno)  mesmo diz, a população não o vê como político, mas como "homem de televisão". Nesse caso, um artista que defende os consumidores da classe C, frequentemente maltratados em lojas e em empresas” – Suzana Singer, jornalista e ombudsman – Folha de S. Paulo, 16-09-2012.

Jamais

“O padre Marcelo Rossi diz que ficou chateado com a divulgação, pela campanha de Celso Russomanno, de que o autorizara a usar imagens da missa a que o candidato compareceu. "Dei a gravação a ele de presente. Eu jamais deixaria que usassem minha imagem em campanha" – Mônica Bergamo,  jornalista – Folha de S. Paulo, 12-09-2012.
Para todos

“Padre Marcelo lembra que recebeu também José Serra (PSDB-SP) e Gabriel Chalita (PMDB-SP). E nega que tenha usado uma dor de dente como desculpa para não aparecer numa missa com Fernando Haddad (PT-SP). "Quebrei o dente e fiz até implante. Tenho testemunhas" – Mônica Bergamo, jornalista – Folha de S. Paulo, 12-09-2012.

Estratégias do diabo

"A militância dos gays, a militância do povo que luta pelo aborto, a militância dos que querem descriminalizar as drogas" -Marco Feliciano, pastor Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus, ao relatar aos fies as “estratégias do diabo” para impedir que um “cristão” governe a nação – Folha de S. Paulo, 11-09-2012.

Lula é deus!

“O trio é capaz de alavancar (a candidatura de Fernando Haddad): a presidente Dilma, o Lula e eu. Eu, porque tenho o apelo de quem fez; eu sou a pessoa que faz. O Lula porque é um 'deus' e a presidente Dilma porque é bem avaliada. Então, com a entrada desse trio, vai dar certo” – Marta Suplicy, nova ministra da Cultura – O Estado de S. Paulo, 13-09-2012.
Deus?!

"Eu não creio que nem o Lula acredita que ele é Deus” [risos] – D. Raymundo Damasceno, presidente da CNBB – comentando a declaração de Marta Suplicy, ministra da Cultura – Folha de S. Paulo, 16-09-2012.

Camelôs

"Se esse cidadão (ACM Neto, candidato pelo DEM á prefeitura de Salvador) teve coragem de dizer que queria bater no presidente da República, adivinha o que ele vai fazer com camelô aqui em Salvador" – Lula, ex-presidente da República –Folha de S. Paulo, 15-09-2012.

"Outra mentira daquele cidadão, que me recuso a falar o nome, é que é possível governar sem o governador e a presidente. Não faltará dinheiro com Nelson (Pelegrino, candidato do PT à prefeitura de Salvador) aqui” – Lula, ex-presidente da República – Folha de S. Paulo, 15-09-2012.

Já vi... 

“O mau desempenho de Gustavo Fruet (PDT) nas pesquisas para a Prefeitura de Curitiba é comparado por petistas à estratégia do também pedetista Osmar Dias na disputa pelo governo do Paraná em 2010” – Vera Magalhães, jornalista –Folha de S. Paulo, 13-09-2012.

... esse filme 

“Ex-críticos do governo Lula que se aliaram ao PT para concorrer a cargos públicos, ambos hesitaram em assumir o apoio do ex-presidente e de Dilma. Fruet, segundo os mesmos petistas, começou a mudar a atitude nesta semana” –Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-09-2012.

Figuração

“Pelas projeções que vazam das próprias campanhas, PT e PSDB serão varridos das principais capitais brasileiras em menos de dois meses. Seriam os novos partidos dos grotões, tomando o lugar do PMDB, e nas grandes cidades não passariam de figuração para estrelas ascendentes como PSB e PRB” – Nélson de Sá, jornalista – Folha de S. Paulo, 11-09-2012.

Suaves prestações 

“Além de uma secretaria no Ministério das Cidades, o pacote de apoio do PP de Paulo Maluf a Fernando Haddad (PT) em São Paulo incluiu a nomeação de Paulo Paiva Gomes da Silva como diretor-executivo da Geap, fundação responsável pelo plano de saúde dos servidores públicos. O PR, que herdará a vaga de Marta Suplicy no Senado, foi agraciado com a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, que será ocupada por um aliado do senador Blairo Maggi (MT)” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 14-09-2012.

Marta

"Para nós é sempre visto como positivo [essa troca de perfil]" - D. Raymundo Damasceno, presidente da CNBB, destacando como positiva a troca, no Senado, de Marta Suplicy, defensora de bandeiras do movimento gay, por Antonio Carlos Rodrigues (PR), seu suplente, que é contra o aborto, eutanásia e casamento entre pessoas de mesmo sexo –Folha de S. Paulo, 16-09-2012.

Enriquecimento

“O vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR), que assumirá uma vaga no Senado com a saída de Marta Suplicy (PT-SP), é investigado pelo Ministério Público de São Paulo desde agosto pela suspeita de enriquecimento ilícito” – José Ernesto Credendio e Rogério Pagnan, jornalistas – Folha de S. Paulo, 12-09-2012.

Mascotes 

“O destino brasileiro do tatu tem sido o fogo da cozinha. Simpático, inofensivo, decidem proclamá-lo mascote da Copa. Sem tirá-lo do caminho da cozinha. Apenas para evitar a escolha lógica e naturalmente adequada à organização da Copa brasileira: a ave de rapina” – Jânio de Freitas, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-09-2012.

Testamento

“Cesar Maia deixou para o filho Rodrigo Maia, candidato a prefeito no Rio, uma rejeição de 42% dos eleitores. Isso, sim, é uma herança maldita!” – Tutty Vasques, humorista – O Estado de S. Paulo, 13-09-2012.

Deletar

“E esta: "Lívia Fidelix, veja minhas propostas no Facebook". É pra adicionar ou pra votar? Nem um nem outro, é pra deletar e denunciar” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 16-09-2012.

Dízimo Único

“Adorei o comitê informal do Russomanno: Igreja Universal. Maior que o shopping JK. E com muito mais vagas! E diz que ele vai criar o Dízimo Único: com um só dízimo, você pode frequentar quantas igrejas quiser” – José Simão, humorista –Folha de S. Paulo, 16-09-2012.

Viagra

“O Haddad toma Viagra em gotas. Sobe unzinho uma vez só por semana. Florais de Viagra!” – José Simão, humorista –Folha de S. Paulo, 16-09-2012.

Tênis

“Adorei o que um cara escreveu no Twitter: "Fazer gol na China é fácil. Quero ver brasileiro fazer um par de tênis em 15 minutos" – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 12-09-2012.

Tuitadas

Andre Vallias ‏@andrevallias 
300 anos de Rousseau. E São Paulo vai comemorar com Russomano...

Átila ‏@atilaalexius 
Deus disse “que se faça a luz”. Dilma cochicha “primeiro as barragens”.

Renato Rovai ‏@renato_rovai 
Pois é @BlogdoNoblat cada dia mais fico com vergonha de certa coisa que alguns chamam de Jornalismo.http://bit.ly/QbRkzU …
Brasil 247 ‏@brasil247 
Lula é ex, mas Veja ainda quer derrubá-lo http://shar.es/uCbyk Capa desta semana sugere possível delação de Valério contra Lula

Felipe Milanez ‏@felipedjeguaka 
Ministra diz que não vai retirar invasores de terra Xavante. Governo assume o ruralismo segregacionista Miguel Aparicio ‏@MglAparicio http://bit.ly/UZS66k …  

Casa Civil da Presidência contraria decreto de homologação: Ministra Gleisi defende ruralistas e a manutenção de invasores em #Maraiwatsede

Verena Glass ‏@VerenaGlass 

@MglAparicio @helenapalm e no fim de tudo quem manda neste hospicio chamado Brasil são os ruralistas! 

Felipe Milanez ‏@felipedjeguaka 
Sábado, um ruralistinha que trabalha na @brasilfoods me disse: "500 índios não podem atrapalhar o progresso. Tem que jogar o trator em cima"

Daniel Martorelli ‏@DanMartorelli 
Se o segundo turno em São Paulo se confirmar entre Russomano e Haddad, Serra perde qualquer condição de disputar cargo de maior importância. 

Raphael Tsavkko ‏@Tsavkko 

Entendi direito? Marta pode deixar Senado, Serra ñ podia a prefeitura pq... Um assinou documento? Eleitor q se foda?http://is.gd/pj4Rwc 

e001 ‏@e001 

Lula sem barba = ferrari sem motor 

Idelber Avelar ‏@iavelar 

Dilma avançando com um dos grandes sonhos da ditadura, mineração em terra indígena. Aqui, o papel de Belo Monte nisso: http://bit.ly/UPGi6s 

Daniel Perrone ‏@danielperrone 
Felipão caiu. Só falta o Palmeiras agora...

Repórter Brasil ‏@reporterb 

Marfrig de Rio Verde é processada por exigir antecedentes criminais e não pagar adicional de insalubridadehttp://is.gd/imMGEe #MoendoGente 

Emir Sader ‏@emirsader 
"Quem não reagiu está vivo", afirma Alckmin sobre operação da Rota que matou nove … http://bit.ly/PbUaWg 

Filha da Anistia ‏@FilhadaAnistia 
A decisão de processar militares envolvidos em mortes na Guerrilha do Araguaia é aplaudida pelas famílias das vitimas -http://ow.ly/dERti 

PSTU ‏@PSTUvote16 
CAMARADAS, COM O VALOR DESSE IPHONE 5 SERÁ POSSÍVEL ALIMENTAR 348 FAMÍLIAS EM SERRA LEOA POR 4 MESES E 10 DIAS. #FETICHISMO #DA #MERCADORIA

Fernando Vives ‏@sorryperiferia 
Imagine a cara da Ana de Holanda ao ouvir da Dilma: "A Marta pediu um ministério pra entrar na campanha e eu resolvi dar o seu". 

Raphael Tsavkko ‏@Tsavkko 
Sai Marta e entra senador do PR que, em Sampa, ta com o Serra... Adoro politica petista!

O Emir Sader e o Zé de Abreu já começaram a chorar porque não viraram ministros da cultura?

marco nascimento ‏@_marel

Tem gente dizendo que o iPhone 5 é a salvação da economia americana. Forçou.

Ancelmo.Com ‏@Ancelmocom 

Do jornalista Radamés Vieira: "Reclamavam que a ministra Cultura era irmã do Chico. Quero ver se agora vão reclamar que é a mãe do Supla." 

Wilson Gomes ‏@willgomes 
Não creio que o ministério para Marta Suplicy seja compensação por apoio a Haddad. Acho que é compensação. Ponto. :)

Chico Alencar ‏@depChicoAlencar 
Marta Suplicy ganha compensação por ter sido preterida na disputa da Prefeitura paulistana? É o jogo feio da política. 

Roberto Pereira ‏@_robbr 

NOSSA MAS EU ME SINTO COMO CIDADÃO ROUBADO POR TER VOTADO NA MARTA E VER O CARGO SER OCUPADO POR UM HOMOFÓBICO DO TAL PR PQP!

Clóvis Montenegro ‏@clovisml 

Marx deu voltas na cova hoje quando certo senador petista falou que "Dilma acelera as forças produtivas ao reduzir os custos da energia". 

E Viveiros de Castro ‏@nemoid321 
Economia política tipo "vai dar merda": acelerar o desenvolvimento das forças produtivas p/ travar a transformação nas relações de produção.

Naturalmente não está "desenvolvendo forças produtivas" coisa nenhuma.

Bob Fernandes ‏@Bob_Fernandes 

E hj o Comando da Venezuela,de Capriles, recebeu apoios. Dentre eles o de um partido evangélico de Carabobo nominado Partido da Arca de Noé

Igor Siqueira ‏@igorsiqueira 

Hulk faz o quarto do Brasil, tira a camisa e manda a mensagem: "100% Nordeste. Te Amo Paraíba" 

Eliaquim Melo ‏@AdiosEliaquim 

Melhor coisa do jogo foi o 100% Nordeste. 

Dudu ‏@poxaduduh 

Aí o Huck usa uma camisa 100% NORDESTE. Se aparece um usando uma 100% SUDESTE, vão chamar de xenofóbico.

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