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Viajavam para a Argélia. Uma viagem no meio do nada, com temperaturas atrozes, tempestades de areia, pouca comida, e água que não é suficiente para todos. Havia inúmeras mulheres, crianças e adolescentes.
A reportagem é de Alain Elkann, publicada pelo portal do jornal La Repubblica, 28-10-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
São pelo menos 35 os imigrantes nigerianos mortos de sede durante a sua viagem rumo ao Norte, para a Argélia, no coração do deserto do Níger, antes de chegar à fronteira, ao longo da pista desértica que, de Arlit, no Saara meridional, leva à fronteira com o país magrebino.
Uma viagem no meio do nada, com temperaturas atrozes, tempestades de areia, com pouca comida, e água que não é suficiente para todos. Muitas vezes, como muito provavelmente aconteceu também desta vez, os traficantes abandonam os migrantes no deserto, depois de terem embolsado milhares de dólares, condenando-os à morte certa.
Os 35 cadáveres provavelmente faziam parte de um grupo muito maior de desesperados, uma grande parte dos quais conseguiu chegar às costas argelinas ou às líbias, na esperança de embarcar em algo que os levasse à Europa.
Eram muitas as mulheres e as crianças. Os corpos foram vistos pelos ocupantes de um veículo que estava percorrendo a pista desértica. "Alguns viajantes relataram ter visto e contado até 35 corpos, em sua maioria mulheres e crianças, na estrada", disse Abdourahmane Maouli, prefeito de Arlit, cidade mineira do norte do Níger.
"Outros 40 nigerianos, incluindo, mesmo em alguns casos, muitas mulheres e crianças que tentavam emigrar para aArgélia morreram de sede a menos de 15 dias", confirmou Rhissa Feltou, prefeito de Agadez, a maior cidade do norte do Níger. "Muitos outros estão desaparecidos, depois que o seu veículo quebrou no deserto".
À procura de peças para reparar o caminhão
De acordo com o relato de Rhissa Feltou, dois veículos que transportavam 60 imigrantes de Arlit chegaram no dia 15 de outubro a Tamanrassett, uma cidade no sul da Argélia, no coração do deserto do Saara. Quando um dos veículos quebrou, o outro foi esvaziado, sem os migrantes, que tinham começado a buscar peças mecânicas para consertar o veículo.
Mas a falta de água, por um lado, e a desorientação, por outro, fez com que o grupo se dispersasse em pequenos grupos, em busca de um oásis. Foram dias e dias de caminho, até que cinco sobreviventes chegaram novamente a Arlit e alertaram o Exército, que, no entanto, chegou tarde demais.
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