sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Ex-gerente do FMI será julgado por “proxenetismo agravado”

carta maior
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22479


Ex-gerente do FMI será julgado por “proxenetismo agravado”

Um hotel de luxo, prostitutas, intermediários e um homem de poder planetário: a combinação não poderia ser mais explosiva. Em seu centro está o ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, que será julgado na França por proxenetismo agravado. Após renunciar ao seu posto no FMI depois que uma empregada do hotel Sofitel o acusou de agressão sexual, Strauss-Kahn enfrenta diversas acusações ligadas a seus apetites sexuais. Por Eduardo Febbro.

Paris - Um hotel de luxo, prostitutas, intermediários e um homem de poder planetário: a combinação não poderia resultar mais explosiva. Em seu centro está o ex-diretor gerente do FMI, o economista francês Dominique Strauss-Kahn, que será julgado na França por proxenetismo agravado. A Promotoria havia decidido em um primeiro momento arquivar o caso que supostamente implicava Dominique Strauss-Kahn com uma rede de prostitutas que funcionava a partir do hotel Carlton, na localidade de Lille, no norte do país. Alegou falta de provas evidentes. 

No entanto, os juízes de instrução mudaram de posição e decidiram que o político francês deveria comparecer ante um tribunal correcional. Os magistrados instrutores Stéphanie Ausbart e Mathieu Vignau consideram hoje que Strauss-Kahn era “o eixo central” de um sistema de “consumo sexual”, no qual não se tratava de “libertinagem”, mas sim de “pedido de prestações de serviço”. Segundo informações antecipadas pelo jornal conservador Le Figaro, DSK (iniciais pelas quais o ex-diretor gerente do FMI é conhecido na França) sabia que as mulheres que frequentava “eram prostitutas remuneradas”.

Após renunciar ao seu posto no FMI depois que uma empregada do hotel Sofitel, de Nova York, o acusou de agressão sexual, Dominique Strauss-Kahn enfrenta diversas acusações ligadas a seus apetites sexuais. A justiça norte-americana não manteve acusações contra DSK, mas houve um milionário acordo civil entre o dirigente francês e a empregada. O escândalo francês o conecta com uma rede de fornecimento de prostitutas que funcionava no hotel Carlton. A investigação judicial centrou-se em determinar o papel desempenhado pelo economista francês nas festas e orgias organizadas por uma rede de prostituição integrada, entre outros, pelo antigo chefe de polícia do norte da França, três dirigentes do hotel Carlton, dois empresários da região de Pas-de Calais, um advogado e o suposto chefe da rede, Dominique Alderweireld, aliás Dodo La Salmuera, dono de uma cadeia de prostíbulos na Bélgica.

Tratou-se, de fato, de estabelecer se DSK sabia ou não que essas mulheres eram prostitutas e que as festas nas quais participava eram financiadas com dinheiro de empresas privadas. Um de seus advogados, Richard Malka, disse que DSK “nunca teve a menor ideia de que as mulheres que conheceu eram prostitutas”. Os juízes de instrução encontraram evidências do contrário e qualificaram DSK como “o rei da festa”. Os juízes asseguram que as festas “não eram organizadas sem ele e quando eram organizadas o eram em função dele, ou seja, tanto de sua presença na cidade (Washington, Paris) como de sua agenda”.

As acusações feitas agora contra DSK são muito mais graves do que as iniciais. A justiça reprova que ele tenha emprestado para essas festas um dos apartamentos que Strauss-Kahn alugava, com o que “levou a cabo um ato material de proxenetismo”. Os empresários que financiavam as festas alegaram que DSK não sabia que as mulheres eram prostitutas. No entanto, a leitura de várias mensagens de celular trocadas entre DSK e membros da rede tende a provar o contrário, assim como todo um dispositivo verbal para dissimular os fatos. O escândalo do Hotel Carlton veio a público no final de 2011, ou seja, no mesmo ano em que estourou o caso do Hotel Sofitel de Nova York, que terminou custando muito caro a DSK: seu posto no FMI e a quase presidência da França. 

Naquele momento, o dirigente socialista era o candidato melhor avaliado para as eleições presidenciais de abril e maio de 2012. A roda do destino ficou parada em um ponto fixo para DSK. O caso do Hotel Sofitel, de Nova York, abre constantemente novos episódios: reconhecido como um brilhante economista, Dominique Strauss-Kahn não pode se apresentar em público para dar conferências sem que um comitê de mulheres interrompa o encontro ou provoque um escândalo paralelo. Segundo os documentos revelados pelo Le Figaro, os juízes de instrução acumularam provas inclusive sobre “a violência” exercida por DSK, descrita por várias prostitutas. “Esses elementos acumulados – escrevem os juízes – permitem dar crédito à ideia de que sua ignorância não é mais que um sistema de defesa”.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Nenhum comentário:

Postar um comentário