sábado, 3 de agosto de 2013

Após publicação de denúncia na ANDA, Royal Canin pede desculpas por ter patrocinado rinhas de cães contra ursos

ANDA
http://www.anda.jor.br/30/07/2013/apos-publicacao-de-denuncia-na-anda-royal-canin-pede-desculpas-por-ter-patrocinado-rinhas-de-caes-contra-ursos

Após publicação de denúncia na ANDA, Royal Canin pede desculpas por ter patrocinado rinhas de cães contra ursos

30 de julho de 2013 às 6:00

Por Rafaela Pietra (da Redação)
A fita com o logotipo da empresa prova o seu apoio ao evento cruel. (Foto: FOUR PAWS)
A fita com o logotipo da empresa prova o seu apoio ao evento cruel. (Foto: FOUR PAWS)
Depois da repercussão gerada pela notícia publicada na ANDA, no último dia 27, que denunciava a Royal Canin como patrocinadora de uma rinha brutal e ilegal na Ucrânia, a marca entrou em contato com a redação para se retratar. A matéria trazia a público a denúncia da organização internacional de bem-estar animal FOUR PAWS, que publicou um vídeo comprovando o envolvimento da empresa de rações com o evento sangrento.
As imagens documentam um torneio ocorrido em abril de 2013 nas florestas da região de Vinnytsia, na Ucrânia. Por diversas horas, com intervalos de aproximadamente 10 minutos, dois ou três cães são induzidos a atacar um urso pardo covardemente  acorrentado. O “Segundo Campeonato entre Cães Caçadores, Ursos e Feras Selvagens” tinha, entre os prêmios, troféus estilizados para a disputa que tornavam clara a referência à rinha, com o logotipo da empresa estampado neles. A Royal Canin confirmou à FOUR PAWS o seu envolvimento no evento de abril, mas declinou em aceitar marcar uma reunião e se negou a comentar o assunto. Até então.
Diante da revolta dos defensores dos direitos animais, a produtora francesa de ração animal enviou um comunicado oficial à redação da ANDA, no qual se desculpou pela equivocada iniciativa.
Leia abaixo a nota oficial na íntegra, enviada pela assessoria de imprensa da Royal Canin:
A Royal Canin da Ucrânia patrocinou uma exposição local de cães que envolvia rinha de ursos. A empresa pede desculpas pela iniciativa, pois vai contra o respeito aos animais que guia todas as pesquisas e ações da Royal Canin mundialmente.
 A Royal Canin já tomou as medidas cabíveis, como a determinação de que o evento não seja mais patrocinado, bem como qualquer outra iniciativa que cause sofrimento ou risco a animais ao redor do mundo. Adicionalmente, a empresa já se comprometeu publicamente a trabalhar para melhorar o bem estar dos ursos ucranianos e cães envolvidos na competição.
 Essa situação levou a empresa a olhar com mais humildade e de um modo ainda mais atento para o cumprimento das políticas e código de ética, que são claros ao proibir apoio ou patrocínio a pesquisas ou ações de marketing que causem danos aos animais; além da realização de atividades que coloquem em risco a saúde do animal, sua expectativa de vida e seu bem estar.
 A empresa agradece à Four Paws International e à ANDA pelo alerta sobre o patrocínio indevido e reforça que todos os esforços possíveis estão sendo empenhados para que situações similares não voltem a acontecer em qualquer país nos quais a Royal Canin atua ou venha a atuar.
Troféus carregando o logotipo da ROYAL CANIN aguardando para serem entregues aos tutores dos cães. (Foto: FOUR PAWS)
Troféus carregando o logotipo da ROYAL CANIN aguardavam para serem entregues aos tutores dos cães (Foto: FOUR PAWS)
As rinhas
A prática do bear baiting, a chamada rinha de ursos e cães, já foi muito popular em diversas partes da Europa e Ásia. Paquistão e Ucrânia são, ainda hoje, alguns dos locais onde a medieval prática é considerada um “esporte”.
Segundo a FOUR PAWS, torneios desse tipo ocorrem de quatro a seis vezes por ano em campos de treinamento especiais para cães na Ucrânia e a brutalidade deles é inacreditável. Em eventos de combate de animais, tanto cães como ursos são cruel e irremediavelmente maltratados, violentados e agredidos, tudo isso antes, durante e depois das ditas competições.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Os cães são massacrados desde filhotes em treinamentos violentos, aprisionados em buracos, sob frio e chuva e privados de qualquer alimentação. Após longos períodos de fome, animais de menor porte como gatos e coelhos, são lançados para que se alimentem deles ainda vivos.
Eles passam suas vidas acorrentados e são submetidos a todo o tipo de agressão, para que se tornem animais estressados, machucados e agressivos, graças aos constantes espancamentos e a privação de qualquer contato com animais, humanos ou não, a não ser que sejam violentos.
Foto: Divulgação/Apasfa
Foto: Divulgação
A ONG estima que 15 a 20 ursos sejam explorados como “isca” atualmente em torneios da Ucrânia. Esses animais vêm de zoológicos, circos e da natureza, de onde são tirados de suas mães poucos meses após seu nascimento, para uma vida sofrida, em minúsculas jaulas com nada além de um chão de concreto, de onde são soltos somente para “treinamento” ou para serem atacados pelos cães. Eles geralmente recebem comida e água em quantidade insuficiente, para transformá-los em oponentes mais fracos para o ataque e a maioria também tem as suas garras e presas removidas.
Na Ucrânia, o bear baiting é proibido, mas não há nenhuma vigilância ou investigação ativa para coibir eventos da espécie. Após investigações realizadas em 1995 por organizações não governamentais, o governo do Paquistão decretou que todas as autoridades locais deveriam fazer cumprir a proibição da prática do bear baiting.
A luta continua
A retratação da Royal Canin enviada à redação da ANDA reconhece a cruel realidade a que esses animais são submetidos em eventos criminosos. Mesmo assim, suas vidas ainda correm grandes riscos. Se não fosse a denúncia da ONG austríaca talvez a empresa continuasse buscando lucrar com crueldades.
A FOUR PAWS deseja dar a esses animais um futuro digno – construindo um refúgio para eles no país. Para isso, a ONG precisa do suporte das autoridades ucranianas, mas também da Royal Canin.
Clique aqui e envie uma mensagem à Royal Canin, pedindo que a empresa se responsabilize pelas vidas que ajudou a destruir. Somente com a união poderemos ajudar esses animais a ter um futuro livre de crueldade.
Nota da Redação:  Para qualquer empresa, principalmente grandes marcas internacionais, este tipo de apoio é absolutamente inadmissível, além de criminoso. O envolvimento da Royal Canin no evento levanta a suspeita de que diretores da empresa possam estar envolvidos com essa prática violenta. Por que quem em sã consciência e conhecimento profissional aprovaria esse desastre de marketing? Os defensores dos direitos animais aguardam ações concretas em relação ao fato, não apenas punindo os responsáveis pela autorização do patrocínio à essa covarde e abjeta iniciativa, como também medidas concretas contra rinhas de animais e ações similares. Pode se construir uma marca sem a preocupação de seguir valores, mas ela se mantém, no mundo de hoje, respeitando princípios éticos. Os consumidores, que naturalmente defendem os animais, precisam estar atentos para evitarem indiretamente patrocinar ações cruéis.

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