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"O Sínodo disse que os gays têm "dons e talentos para oferecer à comunidade cristã". Isso é algo que até poucos anos atrás seria impensável, até mesmo por parte dos prelados mais mente aberta", escreve o padre jesuíta James Martin, redator da revista America, dos jesuítas dos EUA.
O artigo foi publicado na revista America, 13-10-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Eis o artigo.
O Sínodo dos bispos emitiu um documento que representa uma mudança surpreendente na maneira que a Igreja Católica fala sobre a comunidade LGBT.
O Sínodo disse que os gays têm "dons e talentos para oferecer à comunidade cristã." Isso é algo que até poucos anos atrás seria impensável, até mesmo por parte dos prelados mais mente aberta - isto é, uma declaração completa de louvor pela contribuição de gays e lésbicas, sem ressalvas e nenhuma menção reflexiva de pecado. E, sobre os parceiros do mesmo sexo, o documento do Sínodo declarou, curiosamente, "Sem negar os problemas morais relacionados às uniões homossexuais cabe-se notar que há casos em que a ajuda mútua, a ponto de sacrifício, constitui um apoio precioso na vida dos parceiros". Um documento da Igreja que elogia os "parceiros" homossexuais de qualquer forma (e até mesmo usar a palavra "parceiros") é surpreendente.
O Sínodo também faz perguntas, desafiando dioceses e paróquias: "Os homossexuais têm dons e qualidades para oferecer à comunidade cristã: somos capazes de acolher essas pessoas, garantindo-lhes um espaço fraterno em nossas comunidades? Muitas vezes, eles querem encontrar uma Igreja que ofereça-lhes um lar acolhedor. As nossas comunidades sãoo capazes de oferecer isso, aceitando e valorizando a sua orientação sexual, sem comprometer a doutrina católica sobre a família e o matrimônio?".
Isso representa uma mudança revolucionária na maneira como a Igreja se dirige à comunidade LGBT. Em nenhum lugar do documento encontram-se termos como "intrinsecamente desordenados", "objetivamente desordenada", ou até mesmo a ideia de "amizades desinteressadas" entre gays e lésbicas, como foi usado recentemente. O veterano vaticanista John Thavisjustamente chamou o documento de um "earthquake", um "terremoto".
O documento do Sínodo também se voltou para várias outras questões importantes relacionadas com as famílias, incluindo o controle de natalidade, aqui lembrando a Igreja da "necessidade de respeitar a dignidade da pessoa, na avaliação moral dos métodos de controle de natalidade", isto é, a necessidade de respeitar a consciência pessoal do indivíduo. E o documento do Sínodo recomendou a ideia da "gradualidade" quando tratou da "coabitação".
O documento é apenas o resumo do ponto médio das reuniões dos bispos durante a última semana, e não é uma declaração final. (Além disso, o Sínodo tem mais uma sessão no próximo ano, para somente depois o Papa Francisco emitir sua exortação apostólica final, que será o seu próprio ensinamento sobre as deliberações do Sínodo). Mesmo assim, ele ainda é revolucionário, como foram alguns dos comentários dos participantes durante a coletiva de imprensa na segunda-feira. Claramente, o apelo do Papa Francisco na abertura do Sínodo tem possibilitado aos bispos ouvir atentamente, falar o que pensam e estar abertos a novas maneiras de pensar. Como foi o caso no Concílio Vaticano II, os participantes podem ter ido para esse Sínodo sem esperar muita abertura ou alteração, mas o Espírito Santo está em ação.
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