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http://www.ihu.unisinos.br/noticias/523735-horror-na-siria-vai-muito-alem-das-armas-quimicas
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"A maior obscenidade na Síria não são os ataques químicos, que mataram, no máximo, 2.000, 2.500 pessoas.
Há dezenas de milhares de pessoas que foram mortas em bombardeios. A alta comissária calcula em 100 mil nesses dois anos. O horror da Síria não foi que a guerra civil entrou numa nova etapa, é mais um aspecto do horror da guerra. A guerra convencional continua. Enquanto conversamos, os bombardeios acontecem", afirma Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito da ONU que investiga os crimes contra os direitos humanos no conflito na Síria desde 2011, em longa entrevista, concedida a Leandro Colon e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 16-09-2013.
Há dezenas de milhares de pessoas que foram mortas em bombardeios. A alta comissária calcula em 100 mil nesses dois anos. O horror da Síria não foi que a guerra civil entrou numa nova etapa, é mais um aspecto do horror da guerra. A guerra convencional continua. Enquanto conversamos, os bombardeios acontecem", afirma Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito da ONU que investiga os crimes contra os direitos humanos no conflito na Síria desde 2011, em longa entrevista, concedida a Leandro Colon e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 16-09-2013.
Segundo ele, o acordo entre EUA e Rússia "tem de ser celebrado como passo decisivo para afastar o perigo de armas químicas no conflito. Lembre como estávamos uma semana atrás, a um passo de ataque aéreo. Hoje esse perigo parece ter sido afastado. Vou dizer no Conselho de Direitos Humanos que não há dúvidas de que armas químicas foram utilizadas. Não sabemos por quem, nem efetivamente onde. O que para nós é indiscutível é que houve utilização delas. Quanto a terminar o conflito, ainda estamos longe".
Pinheiro constata que "não há a menor dúvida" de que a comunidade internacional errou. "Houve equívocos e, pior, perderam-se enormes oportunidades de fazer alguma negociação, porque alguns interesses externos apostam na destruição do Estado sírio", afirma.
E continua:
"Há um desconhecimento profundo sobre a Síria. Apesar de ser um regime autoritário, era uma sociedade que funcionava, onde o fundamentalismo não prevalecia, os cristãos se sentiam à vontade. A Síria tinha esse contraste: um regime autoritário, mas uma sociedade razoavelmente aberta".
Para ele, "não existe solução militar. Nem o governo nem a oposição têm condição de vitória sobre o outro, é impossível. É um conflito para lá de complicado, não internacional, armado, que para os leigos é guerra civil. Sobre isso, sobrepõe-se um conflito regional, com vários países. De um lado, monarquias do golfo, membros permanentes do Ocidente no Conselho de Segurança da ONU e Turquia, que se alinham a grupos rebeldes. Do outro lado, a Rússia, o Irã e o Hizbullah apoiando o governo".
Mais. "Os grupos rebeldes, por outro lado, estão divididos. Para aumentar a confusão, há a cereja do bolo, os grupos ligados à [rede] Al Qaeda. Ainda tem as outras minorias, os cristãos de diferentes procedências, e 500 mil refugiados palestinos, hoje afetados pelo conflito. Diante de tudo isso, não há vitória possível. A única saída é uma negociação política", complementa.
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