domingo, 1 de abril de 2012

PEDIDO DE RETRATAÇÃO E DE DIREITO DE RESPOSTA DOS POVOS INDÍGENAS KAYABI, APIAKA E MUNDURUKU AO EMPREENDIMENTO HIDRELÉTRICO DE TELES PIRES


Alta Floresta, 29 de março de 2012.
 
PEDIDO DE RETRATAÇÃO E DE DIREITO DE RESPOSTA DOS POVOS INDÍGENAS KAYABI, APIAKA E MUNDURUKU AO EMPREENDIMENTO HIDRELÉTRICO DE TELES PIRES
 
No dia de hoje nós povos indígenas Kayabi, Apiaka e Munduruku fomos surpreendidos com a nota pública do empreendimento hidrelétrico Teles Pires, publicada em seu site e na imprensa local.
Na nota, o Consórcio Teles Pires afirma que: “Vários encontros de realizaram entre os responsáveis pela obra e as lideranças indígenas das várias etnias visando a preservação dos locais históricos das comunidades da região e o respeito aos aspectos culturais e religiosos daqueles povos”.
E ainda que: “A manutenção dessa decisão judicial coloca em risco o emprego de aproximadamente 2.300 trabalhadores alocados para a instalação do empreendimento, a suspensão de outros contratos com fornecedores de bens e serviços, além da interrupção de todos programas ambientais e sociais integrantes do Programa Básico Ambiental – PBA.” Fomos surpreendidos por mais uma sigla PBAI, trazendo mais dificuldades de entendimento.
A nota não condiz com a realidade e faz com que o empreendedor use seu poder econômico para se valer dos meios de comunicação, passando ao público uma informação equivocada e que incita a população local contra o povo Kayabi, Apiaka e Munduruku.
Informamos à sociedade, imprensa, ministério público, Funai e todos os interessados, que jamais fomos consultados ou ouvidos e a construção atropelada do empreendimento não condiz com o respeito afirmado pelo empreendedor.
Exigimos que o empreendedor se retrate publicamente, informando em seu site e na imprensa local que somos cerca de 15.000 (quinze mil) pessoas que tem sua sobrevivência física, cultural e ambiental colocada sob risco devido ao empreendimento e que não temos asseguradas as nossas condições de vida, a nossa liberdade e o nosso patrimônio quando um empreendimento destas proporções vem a impactar seriamente terras e povos indígenas. O impacto é ainda maior e mais grave devido ao fato de que as terras indígenas ainda não contam com a devida regularização fundiária prometida pelo Estado brasileiro.
Os impactos sociais advindos do possível desemprego é mais um dos impactos gerados pelo empreendedor e sua irresponsabilidade diante da população matogrossense. Os índios não são culpados pelo desemprego dos trabalhadores, mas sim o empreendedor, que trouxe para nossa região mais pessoas do que ela poderia suportar.
Esta retratação também se faz necessária porque a população local desconhece as ameaças pelas quais nossas quinze mil pessoas estão passando e a afirmação do empreendedor nos coloca em uma posição de vulnerabilidade frente a população local, o que poderá desencadear atos de violência e aumentar atos de preconceito e descriminação.

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