sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

A fúria dos que saíram do armário

carta maior
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23/12/2015 - Copyleft

A fúria dos que saíram do armário

Essa direita troglodita ataca à traição. E sabe que figuras públicas não costumam reagir, para não alimentar a sede mesquinha dos escrevedores de intrigas.


Eric Nepomuceno
Reprodução
O que mais impressiona – e preocupa – na agressão verbal que um grupo de garotões cuja profissão principal é ser filho de pai rico lançou contra Chico Buarque na noite da segunda-feira, 21 de dezembro? Três coisas. Primeiro, a extrema fúria dessa direita desgarrada que acaba de sair do armário embutido. Segundo, a facilidade com que repetem o que dizem os grandes meios de comunicação. E terceiro, a incapacidade para qualquer gesto minimamente civilizado.
 
Chico saía de um jantar com amigos quando, ao buscar um táxi, passou a ser chamado de ‘petista’. Ouviu a repetição de clichês idiotas repetidos à exaustão pelos meios de incomunicação e pelos deformadores de opinião. A um dos garotões ele respondeu com humor. Dizia o valentão que defender o PT quando se mora em Paris é fácil. ‘Você mora em Paris?’, perguntou Chico. E o rapaz respondeu: “Não, quem mora em Paris é você!’. Chico, então, perguntou: ‘Você andou lendo a Veja?’. A ironia continua sendo uma válvula de escape. Mas para ter ironia é preciso inteligência, artigo definitivamente raro na praça.
 

 
Não foi a primeira nem a décima agressão verbal que ele e seus amigos ouvem, todas relacionadas ao PT, a Lula e a Dilma. O mais recomendável é, sempre, fazer ouvidos moucos. Mas também essa regra tem suas exceções. O episódio de segunda-feira foi inevitável: Chico estava no meio da rua, é pessoa pública, reconhecível a milhas marítimas de distância.
 
Mais grave é saber que não foi a primeira nem a decima ocasião, e também não terá sido a última. O país está polarizado como poucas vezes esteve nos últimos 50 ou 60 anos. O grau de agressividade, de furiosa intransigência dessa direita recém-saída de um imenso armário – certamente embutido – é o que mais chama a atenção. E preocupa. Muito. Dizer na cara de alguém ‘Você é um merda’ pode ter consequências sérias. Chico sabia e sabe que qualquer reação à altura não faria outra coisa que atiçar ainda mais a fúria dessa direita desembestada, fartamente alimentada pela grande imprensa. Até nisso a direita recém assumida em sua verdadeira essência é covarde. Até quando?
 
O país se acostumou às tristes cenas de violência entre torcidas organizadas no futebol. Elas pelo menos têm a decência de se uniformizar, ou seja, é fácil identificar o adversário à distância.
 
Essa direita troglodita, não. Ataca à traição. E sabe que figuras públicas como as que foram atacadas à sorrelfa não costumam reagir, para não alimentar a sede mesquinha dos escrevedores de intrigas.
 
Há poucos registros, que eu me lembre, de alguém que tenha saído do armário com tanta sede de ação. Cuidado com eles: tantas ganas reprimidas, quando subitamente liberadas, desconhecem limites.
 
Eric Nepomuceno é jornalista e escritor, estava com Chico no episódio relatado

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Os 7 principais acontecimentos de 2015

carta maior
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Os 7 principais acontecimentos de 2015

É muito difícil resumir um ano. Sendo assim, tive de escolher um critério: o de destacar acontecimentos que alteraram a ordem - ou a desordem - geopolítica


Flavio Aguiar, de Berlim.
reprodução
É muito difícil resumir um ano, ainda mais um ano tão complicado quanto este de 2015. Sendo assim, tive de escolher um critério: o de destacar acontecimentos que alteraram a ordem - ou a desordem - geopolítica mundial.
 
1) O acordo sobre o programa nuclear do Irã. Este acordo mudou a mapa-mundi pelo alcance dos seus signatários. Além do governo de Teerã, assinaram-no EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha, ou seja, os países com assento permanente e poder de veto no Conselho de Segurança da ONU mais a principal economia da Europa. A assinatura do acordo reinseriu o Irã na órbita do capitalismo ocidental, além deste país contar com o apoio da Rússia e da China, e estabeleceu um novo equilíbrio no desequilibrado Oriente Médio. A ver se ele sobrevive à eleição norte-americana de 2016, já que os republicanos afirmam que vão jogá-lo no lixo.
 
2) A reaproximação entre Cuba e EUA. Promovida explicitamente pelo Vaticano, mas também com aprovação pelo Brasil (é bom lembrar), esta reaproximação pôs fim à antiga Guerra Fria no continente americano. Agora os dois países estão fazendo movimentos na direção de acertar voos diretos entre eles. Também a ver se ele vai sobreviver à eleição norte-americana de 2016, pelo mesmo motivo do acordo anterior.
 
3) Falando em Vaticano, o Papa Francisco I afirmou-se como a liderança europeia mais à esquerda no cenário mundial, batendo até Alexis Tsipras, da Syriza, que teve de curvar-se aos ditames de Frau Merkel e da hegemonia neo-liberal na Zona do Euro.
 
4) A crise dos refugiados na Europa. Além de seu aspecto humanitário, a crise dos refugiados está mudando o panorama social e político do continente europeu. A União Europeia vem enfrentando um desafio tão grande ou maior para sua sobrevivência que a crise financeira deflagrada em 2007/2008 e continuada pelas políticas recessivas da “austeridade”. Em seu bojo vem também o fortalecimento da extrema-direita em escala continental.
 
5)A consolidação do Estado Islâmico como principal força dos sectários que agem em nome de uma interpretação beligerante e terrorista do Islã, suplantando a Al Qaida e o Boko Haram. O E.I. em 2015 deflagrou uma campanha de alcance mundial, além de dominar vasto território da Síria e também do Iraque. Lançou ataques na Tunísia, Egito, Líbano, Iêmen, Turquia, França, e ameaça a Europa inteira. Como desdobramentos de sua presença ressalta-se a afirmação internacional dos curdos  como principal força de resistência em terra, apesar da má vontade da Turquia, e a volta da Rússia a ações militares de porte fora de seu território, até mesmo em cooperação, embora difícil, com os Estados Unidos e seus aliados.
 
6)A COP21. O acordo da COP21, que também vai passar pela prova das eleições norte-americanas, uma vez que os republicanos também querem coloca-lo na lata de lixo da História, alterou o mapa-mundi. Sobretudo pelo seu aspecto vinculante em relação aos 196 signatários (algumas fontes falam em 195), e também pelo estabelecimento de um teto para o aquecimento, 2 *C acima do nível da temperatura pré-industrial, mas também de um objetivo, 1,5 *C. O protagonismo brasileiro foi fundamental para o sucesso deste encontro, que reverteu a tendência de muito falar e pouco fazer.
 
7) O controle da epidemia do Ebola. A epidemia deste vírus, que deixou atrás de si um rastro de mais de 11 mi mortos e a desorganização da vida comunitária de centenas de milhares de pessoas, atingiu uma nova fronteira, com sua disseminação em centros urbanos de porte médio e grande na África. Graças a isto ela tornou-se um risco em escala mundial, e obrigou a criação de medidas internacionais para conte-la. Em contrapartida, pela primeira vez vislumbra-se a possibilidade da criação industrial de uma vacina, graças também a esta cooperação internacional.                                                                                          
 
Voltaremos no ano que vem. Feliz Natal e até lá. 

Médicos populares de SP aderem ao ato contra o impeachment

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Médicos populares de SP aderem ao ato contra o impeachment

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15/12/2015
Núcleo paulista da Rede de Médicos Populares avalia que instabilidade provocada pelo golpe político pode comprometer o SUS e causar danos à saúde da população.
Da Redação
O núcleo paulista da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares participa nesta quarta-feira (16), às 17h, do ato em defesa da democracia e contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que terá concentração no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Em nota, os médicos populares questionam a legalidade do processo conduzido pela Câmara dos Deputados. “O processo de afastamento de um presidente da República deve ser iniciado somente mediante a comprovação de crimes contra a Constituição, o que não acontece no presente momento”, diz o texto.
Os integrantes da Rede destacam ainda que são contra as medidas de ajuste fiscal do governo, mas que é preciso mobilização para evitar que “a instabilidade gerada pelo golpe político em curso comprometa o SUS e cause danos à saúde da população”.1903195_989262481117157_913698155_n











Confira a nota na íntegra:
EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DO SUS: NÃO VAI TER GOLPE!
O núcleo paulista da Rede de Médicas e Médicos Populares se posiciona contra o processo de impeachment apresentado pela Câmara dos Deputados à presidenta Dilma Rousseff.
Durante décadas gerações de brasileiros enfrentaram a ditadura militar e lutaram pelo direito de eleger democraticamente os líderes desta nação.
O processo de afastamento de um presidente da república deve ser iniciado somente mediante a comprovação de crimes contra a Constituição, o que não acontece no presente momento.
Somos contra o ajuste fiscal e as medidas impopulares do governo, mas não podemos permitir que a instabilidade gerada pelo golpe político em curso comprometa o SUS e cause danos à saúde da população.
Como profissionais e cidadãos brasileiros questionamos a legalidade deste processo movido por interesses políticos escusos e vingança pessoal do presidente da Câmara.
Apelamos ao senso de justiça da população e das autoridades que nos representam para anular esse ato intempestivo e leviano.
Convidamos você a lutar conosco em defesa da democracia, do SUS e da luta antimanicomial no ato marcado para o dia 16/12, a partir das 17h, no vão-livre do MASP.
#NãoVaiTerGolpe

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

COP21: Sucesso histórico ou fracasso velado?

ihu
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/550255-cop21-sucesso-historico-ou-fracasso-velado

COP21: Sucesso histórico ou fracasso velado?

"Não é à toa que até as organizações mais críticas reconheceram o documento como um sucesso: ele também mostra uma mudança de expectativa em relação ao papel dos líderes mundiais, que apenas representam em escala global o que o mundo dos representados localmente constrói", escreve Ana Carolina Amaral, jornalista, mestre em Ciências Holísticas pelo Schumacher College (UK) e moderadora da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, em artigo publicado por Envolverde, 15-12-2015.
Eis o artigo
Sem definir compromissos claros ou assegurar uma meta que garanta um futuro seguro para o clima, o Acordo de Paris, adotado na noite do último sábado pelos 195 países membros da ONU, é um sucesso histórico pelo consenso conseguido entre todas as nações sobre a importância e a urgência de se agir contra as mudanças climáticas provocadas pelo homem. É a primeira vez que umaConferência das Partes da ONU sobre o Clima não deixa espaço para os negacionistas das mudanças climáticas; contorna os dificultadores e acomoda interesses conflitantes em um único texto. Até nas suas fragilidades, como as metas voluntárias em vez de legalmente obrigatórias, o acordo faz História e pode iluminar novos rumos: para o clima e para a diplomacia.
Em entrevista exclusiva após a plenária final que adotou o acordo, o presidente da Conferência e ministro de relações exteriores da França, Laurent Fabius, revelou ter estudado o processo da COP-15, em Copenhague – considerada um fracasso, em 2009, por não ter conseguido consenso em torno de um documento, que começaria a valer agora em substituição ao protocolo de Quioto. “Nós procuramos identificar as razões pelas quais houve uma série de falhas em Copenhague. Foi daí que eu e o presidente da França decidimos fazer desse modo agora.”
Como eles conseguiram
Entre os pontos da condução francesa que viabilizaram o acordo, Fabius destaca a inversão de estratégia no convite aos líderes nacionais. “Nós decidimos trazer os Chefes de Estado e de governo primeiro para dar um impulso político. E foi muito importante, porque todos eles disseram: ‘você tem que entregar’. E isso deu um mandato para as pessoas [os negociadores]. Enquanto emCopenhague, os presidentes vieram no final e, infelizmente, não podiam fazer nada se as coisas não estavam prontas.”
Assim como a presença dos Chefes de Estado na estreia, em que todos afirmaram sua vontade de chegar a um acordo pelo clima, outra novidade que criou ambiente para as negociações foi o convite para que os países apresentassem, ao longo do ano, suas metas voluntárias para redução de emissões. Vista como um sinal de respeito às soberanias nacionais, a criação do INDC (Contribuições Pretendidas Nacionalmente Determinadas) encorajou a proatividade dos países e fez com que a Conferência começasse, em 30 de novembro, com meio caminho andado: 186 países já tinham apresentado suas contribuições, com resultados que representam, se implementados, 50% do esforço necessário para evitar uma elevação da temperatura em níveis destrutivos. O Brasil foi elogiado pelas metas de combate ao desmatamento ilegal e redução de 37% das emissões na próxima década. Estados Unidos e China, os dois maiores emissores do mundo, surpreenderam ao anunciar juntos seus cortes de emissões.
Ao final da primeira semana de negociação, o texto tinha reduzido suas indefinições pela metade. Para resolver o restante, Fabius formou quatro grupos de trabalho, cada um facilitado por uma dupla de ministros, para avançar nos principais nós do documento: implementação e financiamento, nível de ambição, diferenciação de responsabilidades e aceleração das ações entre 2015 e 2020. Se os grupos não tiraram da cartola respostas mágicas para acomodar interesses conflitantes entre os países envolvidos, ao menos encontraram saídas para viabilizar uma mensagem conjunta.
O documento
A meta do Acordo de Paris é o que torna o documento ambicioso e fraco ao mesmo tempo. Ambicioso, porque se compromete com um limite entre 2°C e 1,5°C no aumento da temperatura global. Fraco, porque não traz compromissos que reflitam a meta. Segundo Suzana Kahn, cientista brasileira que integra o o IPCC (painel científico da ONU para mudanças climáticas), “é extremamente improvável que fiquemos no cenário mais seguro, de 1,5°C, sendo que a humanidade já aqueceu 1°C desde o começo da era industrial. Até mesmo 2°C é ambicioso e vai exigir esforços tremendos.”
Um dia antes do acordo ser assinado, cientistas do IPCC reclamaram que o texto era incoerente, pois não mostrava um plano para alcançar essa meta ambiciosa de temperatura. Para contar com a assinatura de todos os países, o documento se manteve genérico: não cita prazos, nem metas comuns para que as emissões de gases-estufa comecem a cair. Isso deve acontecer apenas via contribuições nacionalmente determinadas e, segundo o texto, “o mais breve possível”.
Durante as negociações, organizações como o Observatório do Clima e a Avaaz cobraram um compromisso com a descarbonização da economia até 2050. Ou seja, para viabilizar o teto de aumento entre 2°C e 1,5°C, os investimentos deveriam migrar nas próximas décadas das fontes fósseis para as renováveis. Em vez de descarbonização, no entanto, o documento final estipula para 2050 a “neutralização das emissões”, o que valida a continuidade de emissões desde que elas sejam compensadas, com a estocagem de carbono.
Embora algumas ONGs, a exemplo da Biofuelwatch, tenham se preocupado com a abertura que essa linguagem pode representar para empresas do ramo dos combustíveis fósseis oferecerem tecnologias de captura e estocagem do carbono no subsolo (CCS) – caras, inseguras e questionadas pelos cientistas do clima; o documento aposta é na estocagem natural de carbono, através da restauração florestal.
Para isso, dois mecanismos defendidos pelo Brasil são descritos no texto: o REDD+, programa que remunera os países por reduzirem suas emissões evitando o desmatamento e a degradação florestal, e um novo mecanismo de mercado para comércio de carbono – a exemplo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo criado para o Protocolo de Quioto – que não estava proposto no primeiro rascunho de Paris e foi trazido à mesa pelo Brasil, em conjunto com a União Europeia, nessa última semana. Juntos, os dois mecanismos ajudam a implementar a meta de neutralização das emissões até a primeira metade do século, apoiando financeiramente países em desenvolvimento e detentores de grandes áreas florestais.
Os dois pontos em que os compromissos mais avançaram foram a revisão das metas nacionais a cada cinco anos e a transparência na prestação de contas da redução de emissões, através de um sistema único que garanta métricas equivalentes entre os diversos países. No entanto, a questão do financiamento, considerado o principal nó do acordo porque implica uma definição sobre as diferentes responsabilidades, ficou fragilizada.
Houve aceitação geral de que o investimento financeiro deve se dividir equilibradamente para apoiar ambos os processos de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento. Porém, sem o entendimento sobre o financiamento de longo prazo, decidiu-se postegar para até 2025 o aporte de 100 bilhões de dólares anuais com que os países desenvolvidos já tinham se comprometido na COP-15, em 2009, previsto na época para durar de 2015 a 2020. O problema é que o documento não sugere que esse valor seja aumentado no fim do período, nem esclarece o que acontecerá depois. E os diversos estudos sobre os impactos do aquecimento global apontam em uníssono que esse montante é insuficiente: o mundo precisaria se preparar para custos climáticos na ordem dos trilhões.
Para começar a resolver a disputa clássica das COPs do Clima sobre as diferenciação de responsabilidades, mais uma proposta brasileira foi contemplada: a progressão do nível de responsabilidades, respeitando as diferenças históricas e capacidades atuais dos países em desenvolvimento, mas caminhando para uma convergência nos níveis de comprometimento. Com isso, tende a aumentar a participação das economias emergentes, como o Brasil, no pagamento da conta do clima.
Por fim, os mais prejudicados são mesmo os países mais vulneráveis, especialmente as ilhas. Ameaçadas de ficarem submersas em um mundo que esquente mais de 1,5°C, elas pareciam ter conseguido que o documento “não deixe ninguém para trás”, com a citação de um esforço para chegar ao aumento máximo de 1,5°C – o que rendeu à COP-21 o título de sucesso em ambição, ainda que os cientistas tenham deixado claro a improbabilidade da meta. No entanto, a menção ao limite de 1,5°C saiu cara aos pequenos países. No parágrafo que cita os cuidados para evitar e reparar as perdas e danos causadas pelas mudanças climáticas, há a citação clara, no artigo 52, de que isso “não envolve nem fornece uma base para qualquer responsabilidade ou compensação”. Isso quer dizer que os países desenvolvidos, responsáveis historicamente pelas emissões que aquecem o planeta, eximem-se de financiar a recuperação dos países mais vulneráveis, que já estão sendo prejudicados por eventos climáticos extremos.
Reações na plenária final
Nicarágua foi o único país que reclamou, entre as declarações que seguiram a adoção do acordo. Seu negociador-chefe, Paul Oquist, exigiu a eliminação do artigo 52, que exime as responsabilidades sobre perdas e danos. Ele lembrou que as metas nacionais apresentadas neste ano levam a um cenário de 3°C e, portanto, não são suficientes para cumprir o objetivo de limitar o aquecimento a 1,5°C. “Não podemos mandar nossos netos a um cenário de mais 3°C e eliminar, já em 2015, seu direito a pedir compensação pelas suas perdas”, arrematou.
Países como Arábia SauditaRússia e Venezuela, cujos discursos ainda causam apreensão pelas vezes em que já dificultaram o acordo, dessa vez seguiram a linha dos demais: comemoraram o resultado e elogiaram a condução do processo. Ainda na plenária final, mais três países anunciaram suas INDCsIlha de São CristóvãoVenezuela e Palestina, que é hoje um país observador no sistema da ONU. “Repetimos muitas vezes nessa negociação que ninguém pode ser deixado para trás. E a Palestina não pode ser deixada para trás”, declarou, emocionado, o embaixador Riyad Mansour, quando a plenária final já passava da meia-noite.
“Esta foi a última vez que a Palestina fala por último apenas como um estado observador”, ele prometeu, comprometendo-se com os esforços pela paz e pelo clima. O negociador brasileiroRaphael Azeredo, satisfeito com um acordo que reflete as posições defendidas pelo Brasil, declarou que o país “continua pensando que o multilateralismo é a melhor forma de resolver nossos problemas comuns.
Momentum
Anfitriões de revoluções históricas, os franceses sabem como criar um “momentum” – ou melhor, um clima. Isso foi visto ao longo do ano e nos 15 dias de COP-21. Aliás, “momentum for change” foi o nome de uma das agendas paralelas às negociações que buscou mostrar as iniciativas locais e intersetoriais que já sinalizam uma transição inevitável para uma economia de baixo carbono. Com tudo isso, criou-se um ambiente de proatividade, sob a mensagem de que a mudança já está em curso.
As metas são diversas, voluntárias e é factível que simplesmente não sejam implementadas. Mas aí não faltam lembretes de que o Protocolo de Quioto, mesmo sob força de lei, também não foi cumprido. Um acordo que não obriga ninguém a nada é uma prova de que os líderes globais são mesmo apenas aquilo que lhes delegamos: representantes.
Se não houvesse acordo, é provável que sairíamos de Paris falando que os anúncios voluntários de desinvestimento em fósseis já representam o fim da era do carbono. Não é o acordo, portanto, que significa essa mudança de era: é o momento em si. E ele se constrói pelos atores locais: prefeituras, governos, empresas, organizações da sociedade civil e, em especial, coalizões que combinam esses setores somando esforços locais a internacionais.
Não é à toa que até as organizações mais críticas reconheceram o documento como um sucesso: ele também mostra uma mudança de expectativa em relação ao papel dos líderes mundiais, que apenas representam em escala global o que o mundo dos representados localmente constrói. A sociedade global está se reinventando e não cabia mais na História um fracasso que ignorasse essa virada de rumo.
Acordo de Paris, longe de ser o salvador do mundo, é o salvador da diplomacia. Ele inverteu processos, prioridades e o que era sua maior fraqueza para encontrar uma lei comum aos 195 países – dada a diversidade de condições e cenários -, gerou uma novidade: a aposta na proatividade das metas voluntárias, com respeito à soberania dos países e suas diferentes capacidades. É digno da qualificação de “sucesso histórico” em tempos de um multilateralismo ameaçado pela sua própria reputação.
Já para as mudanças climáticas, o acordo só poderá ser julgado pelo seu sucesso em 2050, se alcançar a neutralização das emissões. É histórico, simplesmente, por conta do consenso inédito. De resto, não traz compromissos suficientes, nem garantias. Mas traz, sim, o necessário reconhecimento global de que a Ciência estava certa e de que cabe a todos nós, representantes e representados, fazer valer essa transição. Sem detalhar a rota, o Acordo de Paris ilumina um rumo. 

A cidade em que os jovens índios suicidam-se

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http://outras-palavras.net/outrasmidias/?p=244472

A cidade em que os jovens índios suicidam-se

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Jovens do povo Hupd’äh em um dos acampamentos do Beiradão, assistindo às gravações do documentário Beiradão/Hup Boyoh.
Em São Gabriel da Cachoeira, extremo Oeste do Amazonas, indice de mortes auto-infligidas é dez vezes maior que média nacional. Por que?
Por Jessica Mota, na Pública
Tímido, ele não olha diretamente para a câmera. Tem uma lanterna na mão para iluminar a densa noite na beira do rio Negro. Ali, quando não há lanternas, só se veem as estrelas que se apagam nas cidades grandes. Enquanto responde às perguntas de Miguel Seabra, um adulto, ele liga e desliga a lanterna, um pouco constrangido pela posição de interlocutor.
Estamos no Beiradão, nome popular dado aos acampamentos sazonais que indígenas Hupd’äh e Yuhupd’eh montam durante os meses de férias, de dezembro a março, nas beiras de praia de São Gabriel da Cachoeira. A cidade fica na região conhecida como “Cabeça do Cachorro”, no extremo noroeste do estado do Amazonas. Faz divisa com a Colômbia e a Venezuela e abriga uma população 93,2% indígena, com mais de 22 povos diferentes.
A região é marcada, historicamente, pelas missões catequizadoras empreendidas por missionários salesianos do início do século 20, que até hoje estão presentes. Além dos católicos, também estão os evangélicos. A própria cidade de São Gabriel foi fundada como missão, em 1916, pelos salesianos. Por ser região de fronteira, que se limita a oeste com a Colômbia e a norte com a Venezuela, ali também se instalaram bases do Exército Brasileiro para proteger as fronteiras da imensa São Gabriel. São mais de 109 mil km² que abrigam terras indígenas e da União, com um diminuto núcleo urbano onde a cidade realmente acontece. (Para ler mais sobre a dinâmica de São Gabriel, relembre a reportagem São Gabriel e seus demônios)
O rapaz adolescente que nos concede a entrevista improvisada no Beiradão, em fevereiro deste ano, conta que está ali com a família. “Moro em Boca do Traíra, rio Japu”, fala ele na língua Hupd’äh. A comunidade fica distante cerca de três dias de viagem numa canoa com motor e rabeta. Como tantos outros rapazes, moças, crianças, idosos e adultos, ele está ali com a família para ter acesso a documentos e benefícios sociais oferecidos pelo governo federal (bolsa-família, auxílio-maternidade, auxílio-doença, aposentadoria…). A permanência na cidade por tempos prolongados se intensificou a partir de 2004, quando foram contratados os primeiros agentes de saúde e professores da etnia. “Fizemos essa viagem para vir ver se o dinheiro da aposentadoria saiu”, diz. O dinheiro ainda não havia saído e a canoa deles, afundado. Não tinham como voltar para a comunidade, nem como pagar pela comida. O jeito era esperar.
São 452 pessoas, de 73 famílias Hupd’äh e Yuhupd’eh vivendo em 14 acampamentos em situação de extrema vulnerabilidade. As famílias Hupd’äh eram oriundas de comunidades dos rios Tiquié, Uaupés, Japu e Papuri e havia um acampamento da comunidade de Vila Fátima, que fica em Iauareté, no limite da fronteira com a Colômbia. A maior parte dessas pessoas não domina a língua portuguesa nem a maneira de lidar com as instituições burocráticas locais. Os acampamentos na beira da praia próxima ao porto da cidade não têm água potável, nem oferta de caça para se alimentarem. Ali também há alta incidência de malária, diarreia, DSTs e espaço aberto para o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Não é difícil ouvir relatos de crianças Hupd’äh mortas por desnutrição.

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Quando vão à cidade, os Hupd’äh acampam em praias próximas ao porto de São Gabriel da Cachoeira, como essa da foto. Ao fundo, se vê o caminho do rio Negro em direção às aldeias. Foto: Reprodução do documentário Beiradão/Hup Boyoh
A dificuldade em retornar para as comunidades pela demora no atendimento burocrático ou por falta de meios de transporte faz com que os Hupd’äh se endividem junto aos comerciantes locais, que os ameaçam, retêm seus cartões bancários e documentos, e os forçam a trabalhar nos roçados – é a servidão por dívida, que constitui situação análoga à escravidão. A situação não é exclusiva de São Gabriel da Cachoeira como mostra a série de reportagens especiais “Favela Amazônia”, publicada pelo Estadão. Em outubro, Moisés Freire da Cunha, um dos comerciantes que atuava em São Gabriel, foi preso pela Polícia Federal com 284 cartões do bolsa família.
Suicídios de jovens indígenas no Mapa da Violência
A entrevista do início deste artigo faz parte do curta-documentário “Beiradão/Hup Boyoh”, realizado por mim e uma documentarista independente. Estivemos em São Gabriel para registrar a situação dessas famílias. Desde o início, porém, o que havia atraído minha atenção para a cidade, havia sido o alto índice de suicídios ali cometidos. Eu queria entender por que a cidade era a líder no ranking de suicídios por habitantes no Brasil, a maior parte deles cometidos por jovens indígenas.
Em 2014, o Mapa da Violência elaborado pela Secretaria-Geral da Presidência, cujo título é “Os Jovens do Brasil”, colocou São Gabriel como a cidade com maior taxa de suicídios por 100 mil habitantes no país. Através da análise de dados fornecidos pelo Ministério da Saúde até o ano de 2012,  o relatório concluiu que a taxa de suicídios aumentou no Brasil de 2002 a 2012, chegando a ser três vezes maior do que a taxa de crescimento da população brasileira no mesmo período. O documento também classificou como preocupante o significativo aumento de suicídios na região Norte, onde houve um crescimento de 77,7% nesse período.
TEXTO-MEIO
A diferença de padrão entre suicídios da população total e da população jovem ocorre em todas as unidades da federação, mas foi também na região Norte que se constatou um grande aumento nas taxas de vitimização juvenil por suicídio. Segundo os dados do relatório, o índice mais que duplicou em relação ao restante da população. Encabeçam o ranking referente às taxas de suicídio por 100 mil jovens os estados de Roraima (12,9), Mato Grosso do Sul (12,1), Acre (10,4) e Amazonas (9,5). Em relação à população total (ou seja, jovens e adultos), as maiores taxas de suicídio por 100 mil habitantes são do Rio Grande do Sul (10,9), Santa Catarina (8,6), Mato Grosso do Sul (8,4) e Roraima (8,1).
Na listagem dos 100 municípios brasileiros com os mais altos índices de suicídio, o documento da Presidência da República atenta para o fato de que nos primeiros lugares do ranking “temos alguns municípios com taxas acima dos 30 suicídios em 100 mil casos, que é a marca de países como Lituânia ou República da Coreia, que encabeçam a listagem no nível internacional”.
Também chama a atenção nestes rankings a presença de altas taxas de suicídio em cidades com assentamentos indígenas, como São Gabriel da Cachoeira, São Paulo de Olivença e Tabatinga, no Amazonas, e Amambaí, no Mato Grosso do Sul. Em São Gabriel da Cachoeira, assim como no restante dos municípios com assentamentos indígenas (com exceção de Dourados, no MS), os suicídios cometidos por indígenas representam mais da metade no total de suicídios cometidos nestes municípios.
O documento destaca: “O total Brasil da tabela nos oferece uma primeira constatação: segundo o Censo Demográfico de 2010 tínhamos um total de 821,5 mil indígenas, o que representa 0,4% da população total do país. Mas os suicídios indígenas representam 1,0%: duas vezes e meia do que seria de se esperar pela participação demográfica. Mais ainda: esse mesmo Censo verifica que no Amazonas os indígenas representam 4,9% da população total. Mas (…) nos últimos anos, 20,9% dos suicidas são indígenas. Acima de quatro vezes que o esperado.
Em Mato Grosso do Sul, a participação indígena nos suicídios é ainda mais chocante. Enquanto eles representam 2,9% do total da população, são indígenas 19,9% das vítimas de suicídio: quase sete vezes mais.
Um último fato significativo: pelas PNADs [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE] desse período, a média de jovens indígenas de 15 a 29 anos de idade representava 26% do total da população indígena. Mas dos 475 suicídios indígenas registrados pelo SIM [Sistema de Informação sobre Mortalidade, registrado pelo SUS] nesses cinco anos, 289 eram jovens na faixa de 15 a 29 anos de idade, isto é, 60,9% do total de suicídios indígenas, mais que o dobro do que seria esperado.”
No caso de São Gabriel da Cachoeira, o índice de suicídios foi de 51,2 por 100 mil habitantes em 2012. 75% dos suicídios indígenas foram de jovens entre 15 e 29 anos. Em relação aos Hupd’äh, especificamente, um levantamento feito em 2012 por pesquisadores em diferentes comunidades, documentou 25 suicídios entre os anos de 2008 e 2012 (em 2006, eram 1.500 moradores dessas comunidades). O número representa aproximadamente um terço do total de mortes contabilizadas no mesmo período em São Gabriel da Cachoeira (73 mortes entre os anos de 2008 e 2012, segundo o Mapa da Violência). A principal forma que encontram para dar fim a suas vidas são o enforcamento e o envenenamento. Até 2005, a prática do suicídio era inexistente entre os Hupd’äh.
Experiências e reflexões
A experiência no Beiradão me mostrou que para refletir acerca dos suicídios cometidos por indígenas da etnia Hupd’äh em São Gabriel da Cachoeira é importante considerar tanto as dimensões simbólicas desse povo, como a situação social a que estão submetidos hoje, com contatos mais frequentes e prolongados com a vida urbana. Um fato parece se destacar nessa realidade: a violência permeia todas as situações de convívio na cidade.
Minha impressão é de que o jovem Hupd’äh vive hoje sob tensão entre dois espaços, carregados por conteúdos simbólicos. Em um deles, eles são os moradores tradicionais da floresta, integrados às comunidades, os jovens que percorrem os caminhos da mata com os anciãos para aprender sobre a caça, a coleta de frutos e as propriedades das plantas. “Nós caçamos lá porco, cotia, nambu… Aqui é mais diferente. Só compra frango no dia do almoço.  Um ranchinho que pegou com dinheirinho. É assim aqui na cidade”, como nos contou em português o indígena Miguel Seabra, que também faz parte dessa etnia.
O outro espaço é a cidade, uma realidade em que são vistos de forma pejorativa e incômoda pelas pessoas que ali circulam. Não são aceitos. Nesse tempo e espaço que ocupam na cidade, os Hupd’äh ficam submetidos a uma lógica de extrema dependência e vulnerabilidade em relação aos atores locais. Eles são alvo de violências cometidas por comerciantes e outros moradores citadinos, por agentes públicos do governo federal e, em última instância, pela própria ausência de um tratamento social e institucional que respeite sua identidade enquanto povo indígena.
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Crianças da etnia Hupd’äh brincam com estilingues e pedras na beira do rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira. Foto: Reprodução do documentário Beiradão/Hup Boyoh

Marilena Chauí: o impeachment e o ódio de classe

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Marilena Chauí: o impeachment e o ódio de classe

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“Tentam preparar uma gigantesca vitória do capital”, diz professora, na USP: “Começou em agosto de 2013. A classe dominante quer — e uma classe média proto-fascista apoia”
Por Marilena Chauí

Este texto é a transcrição da fala feita em 16/2, no ato público de intelectuais contra o impeachment. Publicado sem revisão da autora
“Queria, por um segundo, retomar o que disse Paulo Arantes e manifestar a preocupação que tenho desde agosto de 2013 e manifesto em público, em privado e por escrito. Agosto foi o instante no qual se deu a virada em relação ao que se passara no movimento vitorioso do Passe Livre. Quando os meninos tentaram, com seus símbolos e bandeiras, comemorar na avenida Paulista, foram batidos e ensanguentados por pessoas vestidas com a bandeira do Brasil e que diziam: ‘meu partido é o meu país’.
TEXTO-MEIO
Já vimos, os mais velhos, esta cena acontecer no Brasil, em 1964. O processo de impeachment é apenas a cereja no bolo de um processo muito mais longo e complicado que vem ocorrendo. Queria lembrar que certos projetos de lei que tramitam na Câmara e no Senado deveriam ter sido objeto também de manifestações gigantescas. A mudança na maioridade penal. A ‘Lei Anti-terrorismo’, que não vai pegar apenas nós, que estamos reunidos aqui. Os primeiros, mostra a fala do Ronaldo Caiado, serão os meninos do MST.
Está sendo preparada no Brasil uma gigantesca vitória, na luta de classes, do capital. A tentativa de impeachment apenas coroa este longo processo. Não é por acaso que, quinze dias atrás, Fernando Henrique Cardoso deu uma entrevista na qual dizia: ‘o mercado é favorável ao impeachment’. Acho fantástico um sociólogo daquele porte dizer ‘o mercado’… (risos), como se fosse um ente existente em si, por si, uma entidade metafísica! (apalusos). A classe dominante quer e a classe médio proto-fascista, que existe neste país, apoia. No Brasil, o autoritarismo não é uma questão política, mas uma característica estrutural de uma sociedade oligárquica, vertical, hierarquizada, que opera exclusivamente com os princípios da desigualdade e do mando e obediência. É esta sociedade que está sendo puxada para colocar a cereja em cima do bolo.
Por isso, o ato unitário e apartidário é essencial como defesa da democracia. Significa, no Brasil, a defesa dos explorados, dos humilhados, dos oprimidos, daqueles que são, há mais de quinhentos anos, o sustentáculo da riqueza deste país e a fonte de todo o sofrimento existente aqui. É contra eles que a classe dominante está se mobilizando neste país, tendo sempre como seu acompanhante favorito esta classe média autoritária e proto-fascista.
Amigos, amigas, temos uma tarefa histórica. Não é apenas esta luta aqui e agora para impedir o golpe. É uma luta na qual nós vamos explicar que se o golpe vier, não só os experimentos de justiça social vão desaparecer. Se o golpe vier, nós teremos, por conta de toda a discussão em torno do terrorismo internacional, uma ditadura que nos fará imaginar que a de 1964 foi pão doce com bolacha (aplausos e risos).
Este ato não é apenas para nós garantirmos a nós mesmos que não estamos passivos. Este ato é e tem de ser, para nós, o primeiro passo de uma luta histórica que começa contra o golpe e prossegue como luta pela democracia e por justiça social. A luta continua!”