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A greve geral foi vitoriosa em Porto Alegre; um avanço para a luta dos trabalhadores
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A greve geral foi vitoriosa em Porto Alegre; um avanço para a luta dos trabalhadores
ESCRITO POR CLOVIS OLIVEIRA |
SEGUNDA, 15 DE JULHO DE 2013 |
A Grande Porto Alegre parou no dia 11 de julho. Já havia passado das 20h e os ônibus e o metrô ainda não estavam circulando.
O clima era de feriado em alguns bairros como o Bom Fim e a Cidade Baixa, com as ruas e os cafés que ficaram abertos cheios de gente. A região central da cidade ficou relativamente deserta, com a maior parte do comércio fechado. Os grandes estabelecimentos ficaram fechados em toda a cidade.
É verdade que a greve foi decidida de manhã cedo, quando nenhum ônibus saiu das garagens, e isto contribui para explicar porque os locais de trabalho ficaram em sua maioria com as portas fechadas. Mas também é verdade que a ação dos piquetes de rodoviários foi efetiva, sem que precisasse ser furado um só pneu, e que os sindicatos foram decisivos para paralisar as suas bases. O clima político era de greve, mais forte do que as greves gerais dos anos 80.
No turno da tarde, o Centro de Porto Alegre foi percorrido nas mais variadas direções pelas passeatas das categorias em greve e das centrais sindicais CSP/CONLUTAS, CUT, CTB e Força Sindical, que não raro se cruzaram nos seus trajetos. A CSP/CONLUTAS não participou do ato público das demais centrais (1000 participantes no Largo Glênio Peres), por discordar da reforma política e do plebiscito, transformado por estas organizações no grande eixo da greve geral.
A passeata mais numerosa iniciou às 14h no Largo Zumbi dos Palmares, e foi animada pela CSP/CONLUTAS, Bloco de Luta pelo Transporte Público, CEDS, PSTU, PSOL, MRS, A CUT PODE MAIS, FAG e Alicerce. Eram municipários de Porto Alegre (SIMPA) o maior contingente, trabalhadores em educação dos dois núcleos locais do CPERS/Sindicato, funcionários dos Correios, Justiça Estadual (SINDJUS), hospitais (Alerta Saúde/Oposição de Verdade), funcionários públicos estaduais (Sindicato do DETRAN e SINDISEP/RS), previdenciários (SINDSPREV) e várias outras categorias, além de muitos estudantes.
A passeata que iniciou com 300 participantes no Largo Zumbi dos Palmares foi aumentando de tamanho ao longo do trajeto: Borges de Medeiros, Salgado Filho, Dr.Flores, Voluntários da Pátria, Mauá, Volta do Gasômetro, chegando na Câmara Municipal por volta das 17h30, com mais de 2 mil participantes, que se juntaram aos outros mil, a maioria jovens militantes do Bloco de Luta pelo Transporte Público, que lá se encontravam ocupando os jardins, a rampa de entrada, os corredores internos e o plenário dos vereadores.
A ocupação da Câmara Municipal, iniciada às 17h da quarta-feira, foi movida pelo objetivo arrojado de só sair daquele lugar depois da conquista do Passe Livre Estudantil nos ônibus de Porto Alegre e de serem abertas as contas das empresas de transporte.
Toda a área da Câmara Municipal fervia da agitação dos jovens e dos militantes sindicais. Bicicletas entravam e saiam da área, porque delas dependia em muito o transporte no dia da greve, algumas delas estacionadas dentro do plenário, ao pé da mesa da presidência. As paredes do plenário estavam literalmente forradas de cartazes e faixas com as bandeiras de luta e com críticas ao parlamento. As cadeiras das mesas e do plenário estavam de posse dos seus novos ocupantes. A discussão política era muito animada. Em todos os cantos funcionavam as comissões. A da cozinha (com os encarregados apreendendo a fazer a comida), segurança e muitas outras. Fora da Câmara Municipal, os ocupantes faziam a triagem dos que entravam e era vista a presença ameaçadora de 30 soldados da SWAT da Brigada Militar, armados com revólveres, fuzis e capacetes, que pareciam estar na iminência de invadir a área ocupada.
É pouco provável que os ocupantes da Câmara Municipal saiam dali vitoriosos com o passe livre estudantil nas mãos. Mas, se isto dependesse apenas do arrojo para definir e executar as ações, e da disposição de luta, podemos afirmar que o Bloco de Luta pelo Transporte Público teria alguma chance. A imensa maioria dos seus integrantes é de jovens da universidade, beirando os 20 anos, com muita energia para lutar, permeados aqui e ali, por algum militante sindical ou político de bem mais idade, alguns na faixa dos 60 anos.
O Bloco de Luta onde participam anarquistas, trotskistas, autonomistas e inclusive petistas é a grande novidade positiva da luta de classes no Rio Grande do Sul e é o responsável maior pela construção das condições políticas que garantiram o sucesso da greve geral em Porto Alegre. É um movimento jovem e vigoroso, que vai longe, e que precisa ser apoiado sem restrições pelo movimento sindical e popular.
Abaixo, os cinco principais pontos pautados pelos ocupantes da Câmara
Uma avaliação sobre o CPERS/Sindicato na greve geral
A Diretoria do Centro dos Professores do Estado do RS chamou um ato público isolado na parte da manhã, na Praça da Matriz, que contou com 500 participantes (inclusive de outros sindicatos), e não mobilizou durante a tarde, que foi o grande momento das manifestações de rua, optando por convocar assembleias dos 42 núcleos regionais para às 14h, do 11 de julho, a fim de preparar a assembleia geral da categoria da sexta-feira, a nosso ver uma saída equivocada, de cunho corporativista.
O 39º Núcleo (zona sul de Porto Alegre), dirigido majoritariamente pelo CEDS (Centro de Estudos e Debates Socialistas), fez a sua assembleia na terça-feira para abrir espaço à participação na passeata do dia 11 de julho, que foi do Largo Zumbi dos Palmares até a Câmara Municipal. O 38º Núcleo (zona norte de Porto Alegre) fez uma assembleia no dia da greve geral, às 14h (no mesmo horário da concentração no Largo Zumbi dos Palmares), que contou com 23 associados na sede do CPERS, da qual o CEDS não participou, por discordar de uma atividade voltada para dentro do sindicato em um dia de greve geral.
A convocação das assembleias regionais do CPERS para o dia da greve geral, que teve atos públicos em grande parte das cidades de porte médio do estado, muitos deles com a participação dos núcleos do Sindicato, foi uma oportunidade perdida em vários outros núcleos, que poderia ter sido utilizada para contagiar os trabalhadores estaduais da educação com o estímulo gerado pela luta geral dos trabalhadores.
Clovis Oliveira é do Centro de Estudos e Debates Socialistas (CEDS).
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