sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Aumentam protestos contra o Fórum Econômico Mundial

fonte - adital
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?idioma=PT&cod=63842


26.01.12 - Mundo
Aumentam protestos contra o Fórum Econômico Mundial
 
Sergio Ferrari
Colaborador de Adital na Suiça. Colaboração E-CHANGER
Adital


Tradução: ADITAL
Os indignados instalam seu iglu em Davos* Campanha "Direitos sem Fronteiras” passeia com cães invisíveis* A denúncia ao poder econômico como arma de resistência
Sergio Ferrari, desde Davos, Suíça
Os indignados fizeram uma surpresa e se instalaram em Davos, centro turístico alpino suíço que, entre os dias 25 e 29 de janeiro, acolhe o Fórum Econômico Mundial. Sem convite algum, nem carta credencial, nem reserva em hotel 5 estrelas, deram asas à imaginação para não perder a ocasião de comunicar sua própria crítica ao sistema planetário dominante.
A escassos metros da estação de trens de Davos Dorf e a menos de um quilômetro da zona cercada de máxima segurança que rodeia o Centro de Congresso, onde se reúne o Fórum, construíram um iglu de resistência, desde o qual, durante uma semana, lançarão sua mensagem de protesto.
"O objetivo é fazer a cada dia uma ação simbólica”, explica uma das dirigentes juvenis do movimento. Por exemplo, na quarta-feira, 25, dia da abertura do principal evento da economia mundial, "lançamos vários balões grandes com consignas antineoliberais”.
A vida diária no iglu não é simples. Muito menos as notes, com temperaturas de vários graus abaixo de zero, no inverno alpino, nessa cidade montanhosa situada a mais de mil metros de altitude.
Para enfrentar o frio e para contar com um centro de reunião informal, os "occupy” levantaram perto do iglu duas carpas circulares um pouco mais protegidas e instalaram uma velha casa móvel nas proximidades.
O grupo de ocupantes renova-se constantemente. E não faltam jovens candidatos que em ordenados turnos chegam das diferentes cidades da Suíça para assegurar a continuidade do protesto. Estarão lá até o sábado, 28. Uma semana simbólica para recordar à opinião pública mundial, segundo enfatizam, que o "movimento de indignados continua existindo em milhares de lugares do mundo inteiro”. Uma espécie de memória ativa de uma nova consciência cidadã planetária em construção, assinalam.
Cães invisíveis com nomes de multinacionais suíças
Convocados sob a consigna "levemos atadas as multinacionais em uma coleira”, uma meia centena de membros de organismos não-governamentais e de associações de solidariedade com o Sul comoveram a cidade do Fórum Econômico Mundial, na quarta-feira, dia da abertura.
Os militantes da Campanha "Direitos sem Fronteiras” passearam durante duas horas pela pequena cidade com cães invisíveis atados pela coleira, aos que nomearam "Nestlé”, "Axpo”, "Glencore” ou "Syngenta”.
Ao mesmo tempo, repartiam informação explicativa e intercambiavam com os transeuntes. Muitos deles delegados ao Fórum Econômico Mundial que, entre curiosos e surpresos, perguntavam pro que aquela ação.
Tudo isso em pequenos grupos, ante a proibição de manifestações públicas na cidade de Davos, ocupada durante o Fórum por forças policiais, militares e de segurança.
A Campanha "Direito sem Fronteiras”, que reúne a mais de cinquenta organizações de cooperação ao desenvolvimento, solidariedade, sindicais e de direitos humanos do país, acaba de ser lançada em novembro de 2011.
Promove uma petição que será apresentada em junho de 2012 às autoridades nacionais, exigindo que as multinacionais suíças que atuam nos países do Sul devam respeitar os direitos humanos e ecológicos segundo as exigências e padrões suíços. E propõe regras jurídicas obrigatórias a ser cumpridas.
"É inimaginável que no Fórum Econômico Mundial de Davos, onde se projeta o mundo de amanhã”, os direitos fundamentais não ocupem um lugar essencial, enfatizava em representação dos manifestantes Denièle Gosteli, da Anistia Internacional – Suíça, sublinhando que essas multinacionais cometem graves violações aos direitos humanos e ambientais e as vítimas de suas práticas, em geral, "não têm direito a nenhum recurso jurídico”.
Um dos exemplos mais reiterados pela Campanha é a agroquímica suíça Syngenta, que "tem grandes lucros no Sul vendendo pesticidas proibidos na Europa, por atentar à saúde da população camponesa”, segundo explica um dos documentos do grupo.
Nesse clima de criativo protesto cidadão, nesse fim de semana, "El ojo público sobre Davos”, observatório criado pelas ONGs suíças, divulgará em Davos o prêmio à "pior empresa transnacional do mundo”. Entre as candidatas com maior possibilidade de obter a triste menção encontra-se justamente a agroquímica Syngenta.
[*Em colaboração com E-CHANGER, ONG suíça de cooperação solidária, membro da Campanha "Direito sem Fronteiras” - http://www.droitsansfrontieres.ch/]

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