sábado, 15 de agosto de 2015

Movimentos sociais e sindicais reúnem esforços e mobilizam em defesa da democracia

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ADITAL JOVEM
14.08.2015
Movimentos sociais e sindicais reúnem esforços e mobilizam em defesa da democracia

Cristina Fontenele
Adital
Agendado para 20 de agosto próximo, o Dia Nacional de Lutas mobilizará os/as brasileiros/as em "defesa da democracia, dos direitos sociais e trabalhistas e da Petrobras”. Encabeçado pelos movimentos sociais e sindicais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), as manifestações terão como pauta "Não ao ajuste fiscal” e "Fora Cunha” [em referência ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha] e são realizadas ainda como reação à onda opositora conservadora e antidemocrática que se mobiliza em prol da tentativa de golpe de Estado contra o governo democraticamente eleito da presidenta Dilma Rousseff. Apoiam também o ato o PT (Partido dos Trabalhadores), PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e o PCdoB (Partido Comunista do Brasil).
ctbEm entrevista à Adital, o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, acredita que o ato do dia 20 terá uma grande repercussão. "As manifestações de rua demonstram uma conscientização popular e representa um grito de liberdade”. Ele avalia que o quadro político atual vem se agravando em decorrência de fatores externos, como a grave crise mundial, sobretudo na Europa e Estados Unidos, impactando principalmente a classe trabalhadora, com reflexos no aumento do desemprego e cortes nos investimentos públicos.
Somado ao contexto internacional, Araújo comenta que a agenda conservadora da Câmara tem sido nociva aos interesses dos trabalhadores, que poderão sofrer um "golpe profundo” em seus direitos conquistados, se aprovados projetos como o da Terceirização, por exemplo. "As análises apontam que esse é o Congresso mais conservador desde 1964 [ano do golpe civil-militar]”, diz.
Em relação ao cenário nacional, o presidente da CTB defende a legitimidade de um governo eleito pelo voto popular. Ele lembra que as eleições foram difíceis, mas que "a direita não se dá por vencida”, e acrescenta: "quem tiver interesse em concorrer às eleições, que espere até 2018”. O dirigente destaca ainda que os sindicatos não "abrem mão” do combate à corrupção, mas que esta não deve levar o país à estagnação. "Temos que ter preocupação e responsabilidade. Não queremos voltar ao tempo da inflação de 80% ao mês”.

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"Quem tiver interesse em concorrer às eleições, que espere até 2018”, diz o presidente da CTB, Adilson Araújo ao defender a legitimidade das eleições.

O presidente da CTB enfatiza que romper com a dependência do FMI (Fundo Monetário Internacional), inserir o Brasil no grupo do BRICS (bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), foram exemplos de conquistas importantes para construir um ambiente de mais autonomia e de polarização. Ele diz que houve uma melhoria na autoestima da classe trabalhadora, o que advém de conquistas como a valorização do salário mínimo e políticas sociais.
À Adital, a presidenta da UNE [União Nacional dos Estudantes], Carina Vitral, diz que a expectativa para o dia 20 é grande. A crítica ao ajuste fiscal, que cortou quase R$ 10 bilhões do orçamento da Educação, é uma das pautas da mobilização. "Os estudantes sabem que ganharam direitos nos últimos anos e não querem colocar isso em risco”, destaca.

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Os jovens vão as ruas dia 20 em defesa da educação.

"Que os ricos paguem pela crise!”

Na pauta contra o ajuste fiscal, os movimentos defendem o ajuste de contas com base nos mais ricos, com taxação das grandes fortunas, dividendos e remessas de lucro, além de uma auditoria da dívida pública. Também pedem a segurança dos direitos trabalhistas, como a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e a valorização dos aposentados, com uma previdência pública, universal e sem progressividade.
Sobre o conservadorismo de Eduardo Cunha (Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB – Rio de Janeiro), na visão dos movimentos, o presidente da Câmara dos Deputados representa o "retrocesso e um ataque à democracia”, pois transformou o espaço numa "Casa da Intolerância e de retirada de direitos”. Dessa forma, protestam contra a terceirização, a redução da maioridade penal, a "contrarreforma política” (financiamento empresarial de campanha, restrição de participação em debates) e a entrega do pré-sal às empresas estrangeiras. Defendem uma Petrobras 100% estatal.
Em São Paulo, a manifestação está marcada para às 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste.
"Fora Dilma”
Neste domingo, 16, também estão marcadas manifestações em todo país, coordenadas por movimentos caracterizados pelo conservadorismo e pautas difusas e reacionárias, como o "Vem Pra Rua”, "Revoltados Online” e "Movimento Brasil Livre”. Com a bandeira "Fora Dilma”, os participantes deverão pedir o impeachment da presidenta Dilma.

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Segundo o presidente da CTB, Adilson Araújo, bandeiras conservadoras incitam o ódio e não contribuem para o crescimento do país.

Para o presidente da CTB, a elite "nunca soube conviver com as diferenças” e que bandeiras "ultraconservadoras”, a exemplo do pedido de retorno à ditadura militar, incitam o ódio, não resolvem os problemas e nem contribuem para encontrar o crescimento. "A elite que vai às ruas está disposta a fomentar o ódio, o racismo, a xenofobia. Isto é contrário à consciência de liberdade”. Ele cita como exemplo de violência e intolerância o recente caso envolvendo um atentado contra imigrantes haitianos, na cidade de São Paulo, em 1º de agosto.
Já a presidenta da UNE comenta que o dia 16 conta com a participação de um setor mais velho da sociedade, não envolvendo, portanto, a maioria da juventude.
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Cristina Fontenele

Estudante de Jornalismo pela Faculdades Cearenses (FAC), publicitária e Especialista em Gestão de Marketing pela Fundação DomCabral (FDC/MG).
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