sábado, 4 de abril de 2015

Vinte filmes sobre a ditadura no Brasil

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Vinte filmes sobre a ditadura no Brasil

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Obras examinam prisões políticas, censura, resistência popular, lutas camponesas e operárias, tortura. No 51º aniversário do golpe, guia para compreender um período sombrio
Por Shellen Galdino, no Plaggiado
Diversos foram mortos, outros tantos torturados, outros tiveram que se exilar. Uma momento que jamais deve se repetir, porém, deve ser lembrada. Embora muitos ainda querem enterrar e não julgar os torturadores, existem diversos que lutam contra a volta deste momento e julgamento dos responsáveis.
Os anos de chumbo passaram por diversos momentos, neste sentido, é válido conferir uma síntese histórica: Cronologia da Ditadura Militar e algumas fotos.
Este período marcou profundamente a história do Brasil, onde parte da comunicação e da mídia apoiaram o golpe exemplo disso é a Folha de São Paulo e a Rede Globo. Assim como as empreiteiras Camargo Côrrea e Odebrecht. Vejam esta reportagem no Brasil de Fato: As quatro irmãs
Em contra partida, quem criticava a ditadura, era censurado, quando não torturado ou morto. Diversos livros proibidos, diversas vozes caladas, diversos filmes proibidos. De todo modo, o cinema brasileiro existem produções consideráveis sobre a temática, principalmente de forma mais recente, com o incentivo do Governo Federal através da Comissão Nacional da Verdade e do Cinema pela Verdade, mas, os filmes ainda são modestos para a necessidade de debater este período.
“É preciso dizer que o que ocorreu comigo não é exceção, é regra. Raros os presos políticos brasileiros que não sofreram torturas. Muitos, como Schael Schneiber e Virgílio Gomes da Silva, morreram na sala de torturas. Outros ficaram surdos, estéreis ou com outros defeitos físicos. As provas das torturas trazemos no corpo”. (Frei Tito)
Aqui, segue 20 filmes interessantes para ajudar a compreender nossa história.
TEXTO-MEIO
1. MANHÃ CINZENTA (1968), Olney São Paulo – Em plena vigência do AI-5, o cineasta-militante Olney São Paulo dirigiu este filme, que se passa numa fictícia ditadura latino-americana, onde um casal que participa de uma passeata é preso, torturado e interrogado por um robô, antecipando o que aconteceria com o próprio diretor. A ditadura tirou o filme de circulação, mas uma cópia sobreviveu para mostrar a coragem de Olney São Paulo, que morreu depois de várias sessões de tortura, em 1978.


2. PRA FRENTE, BRASIL (1982), Roberto Farias – Um homem comum volta para casa, mas é confundido com um “subversivo” e submetido a sessões de tortura para confessar seus supostos crimes. Este é um dos primeiros filmes a tratar abertamente da ditadura militar brasileira, sem recorrer a subterfúgios ou aliterações. Reginaldo Faria escreveu o argumento e o irmão, Roberto, assinou o roteiro e a direção do filme, repleto de astros globais, o que ajudou a projetar o trabalho.


 
3. NUNCA FOMOS TÃO FELIZES (1984), Murilo Salles – Rodado no último ano do regime militar, a estreia de Murilo Salles na direção mostra o reencontro entre pai e filho, depois de oito anos. Um passou anos na prisão; o outro vivia num colégio interno. Os anos de ausência e confinamento vão ser colocados à prova num apartamento vazio, onde o filho vai tentar descobrir qual a verdadeira identidade de seu pai. Um dos melhores papéis da carreira de Claudio Marzo.


4. CABRA MARCADO PARA MORRER (1984), Eduardo Coutinho – A história deste filme equivale, de certa forma, à história da própria ditadura militar brasileira. Eduardo Coutinho rodava um documentário sobre a morte de um líder camponês em 1964, quando teve que interromper as filmagens por causa do golpe. Retomou os trabalhos 20 anos depois, pouco antes de cair o regime, mesclando o que já havia registrado com a vida dos personagens duas décadas depois. Obra-prima do documentário mundial.


5. O QUE É ISSO, COMPANHEIRO? (1997), Bruno Barreto – Embora ficcionalize passagens e personagens, a adaptação de Bruno Barreto para o livro de Fernando Gabeira, que narra o sequestro do embaixador americano no Brasil por grupos de esquerda, tem seus méritos. É uma das primeiras produções de grande porte sobre a época da ditadura, tem um elenco de renome que chamou atenção para o episódio e ganhou destaque internacional, sendo inclusive indicado ao Oscar.

 
6. AÇÃO ENTRE AMIGOS (1998), Beto Brant – Beto Brant transforma o reencontro de quatro ex-guerrilheiros, 25 anos após o fim do regime militar, numa reflexão sobre a herança que o golpe de 1964 deixou para os brasileiros. Os quatro amigos, torturados durante a ditadura, descobrem que seu carrasco, o homem que matou a namorada de um deles, ainda está vivo –e decidem partir para um acerto de contas. O lendário pagador de promessas Leonardo Villar faz o torturador.


7. CABRA CEGA (2005), Toni Venturi – Em seu melhor longa de ficção, Toni Venturi faz um retrato dos militantes que viviam confinados à espera do dia em que voltariam à luta armada. Leonardo Medeiros vive um guerrilheiro ferido, que se esconde no apartamento de um amigo, e que tem na personagem de Débora Duboc seu único elo com o mundo externo. Isolado, começa a enxergar inimigos por todos os lados. Belas interpretações da dupla de protagonistas.


8. O ANO EM QUE MEUS PAIS SAIRAM DE FÉRIAS (2006), Cao Hamburger – Cao Hamburger, conhecido por seus trabalhos destinados ao público infantil, usa o olhar de uma criança como fio condutor para este delicado drama sobre os efeitos da ditadura dentro das famílias. Estamos no ano do tricampeonato mundial e o protagonista, um menino de doze anos apaixonado por futebol, é deixado pelos pais, militantes de esquerda, na casa do avô. Enquanto espera a volta deles, o garoto começa a perceber o mundo a sua volta.


9. HOJE (2011), Tata Amaral – Os fantasmas da ditadura protagonizam este filme claustrofóbico de Tata Amaral. Denise Fraga interpreta uma mulher que acaba de comprar um apartamento com o dinheiro de uma indenização judicial. Cíclico, o filme revela aos poucos quem é a protagonista, por que ela recebeu o dinheiro e de onde veio a misteriosa figura que se esconde entre os cômodos daquele apartamento. Denise Fraga surpreende num papel dramático.
10. TATUAGEM (2013), Hilton Lacerda – A estreia do roteirista Hilton Lacerda na direção é um libelo à liberdade e um manifesto anárquico contra a censura. Protagonizado por um grupo teatral do Recife, o filme contrapõe militares e artistas em plena ditadura militar, mas transforma os últimos nos verdadeiros soldados. Os soldados da mudança. Irandhir Santos, grande, interpreta o líder da trupe. Ele cai de amores pelo recruta vivido pelo estreante Jesuíta Barbosa, que fica encantado pelo modo de vida do grupo.


11. BATISMO DE SANGUE (2007) – Apesar do incômodo didatismo do roteiro, o longa é eficiente em contar a história dos frades dominicanos que abriram as portas de seu convento para abrigar o grupo da Aliança Libertadora Nacional (ALN), liderado por Carlos Marighella. Gerando desconfiança, os frades logo passaram a ser alvo da polícia, sofrendo torturas físicas e psicológicas que marcaram a política militar. Bastante cru, o trabalho traz boas atuações do elenco principal e faz um retrato impiedoso do sofrimento gerado pela ditadura.


12. HÉRCULES 56
Na semana da independência de 1969 o embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, foi sequestrado. Em sua troca foi exigida a divulgação de um manifesto revolucionário e a libertação de 15 presos políticos, que representam diversas tendências políticas que se opunham à ditadura militar.



13. O DIA QUE DUROU 21 ANOS (2012) – de Camilo tavares, este documentário narra os interiores – desconhecidos pela maior parte da sociedade brasileira – da participação dos Estados Unidos na preparação e execução do golpe militar em 1964, através de documentos sigilosos que ficaram secretos durante anos. Mostra que os Estados Unidos estava decidido a invadir o Brasil para que o golpe tivesse sucesso.



14. DOSSIÊ JANGO (2013), de Paulo Henrique Fontenelle, este documentário traz à tona o conturbado período em que o ex-presidente João Goulart viveu no exílio e as nebulosas circunstâncias de sua morte. Partindo deste fato, o documentário alimenta o debate em torno da necessidade de investigação e de esclarecimento público deste período terrível de nossa História: a era das ditaduras militares latino-americanas.



15. ZUZU ANGEL (2006), de Sérgio Rezende, narra o Brasil dos anos 1960. A ditadura militar faz o país mergulhar em um dos momentos mais negros de sua história. Alheia a tudo isto, Zuzu Angel (Patrícia Pillar), uma estilista de modas, fica cada vez mais famosa no Brasil e no exterior. O desfile da sua coleção em Nova York consolidou sua carreira, que estava em ascensão. Paralelamente seu filho, Stuart (Daniel de Oliveira), ingressa na luta armada, que combatia as arbitrariedades dos militares. Resumindo: as diferenças ideológicas entre mãe e filho eram profundas. Ela uma empresária, ele lutando pela revolução socialista e Sônia (Leandra Leal), sua mulher, partilha das mesmas idéias. Numa noite Zuzu recebe uma ligação, dizendo que “Paulo caiu”, ou seja, Stuart tinha sido preso pelos militares. As forças armadas negam e Zuzu visita uma prisão militar e nada acha, mas viu que as celas estavam tão bem arrumadas que aquilo só podia ser um teatro de mau gosto, orquestrado pela ditadura. Pouco tempo depois ela recebe uma carta dizendo que Stuart foi torturado até a morte na aeronáutica. Então ela inicia uma batalha aparentemente simples: localizar o corpo do filho e enterrá-lo, mas os militares continuam fazendo seu patético teatro e até “inocentam” Stuart por falta de provas, apesar de já o terem executado. Zuzu vai se tornando uma figura cada vez mais incômoda para a ditadura e ela escreve que não descarta de forma nenhuma a chance de ser morta em um “acidente” ou “assalto”.



16. EM BUSCA DE IARA (2013), de Flávio Frederico, este documentário relata a trajetória excepcional de Iara Iavelberg. Apesar de ter uma situação financeira confortável, ela decidiu abandonar a família e investir na luta armada durante a ditadura militar. Iara teve uma relação amorosa com o capitão Carlos Lamarca, e morreu em 1971, aos 27 anos de idade.



17. CONDOR (2007), de Roberto Mader, trata sobre a operação de mesmo nome. Condor foi o nome dado à cooperação entre governos militares sul-americanos que resultou no sequestro e assassinato de milhares de pessoas e no exílio de tantas outras. Uma análise contemporânea destes eventos, trazendo uma história de terrorismo de estado mas também de pessoas e da procura pela verdade e justiça.


18. DEMOCRACIA EM PRETO E BRANCO (2014), de Pedro Asbeg, narra o principalmente o ano de 1982. A ditadura militar completava dezoito anos de opressão e censura, a MPB sobrevivia de metáforas e o Corinthians era dominado pelo mesmo presidente em um período igualmente longo. Foi neste contexto de política, futebol, rock que foram vividos alguns dos mais importantes momentos recentes de nosso país. É sobre esse período de sonhos, conquistas, utopias e desilusões que trata “Democracia em Preto e Branco”.



19. CIDADÃO BOILESEN (2009), de Chaim Litewski, conta como o empresariado financiou a Operação Bandeirante (OBAN), principal órgão de repressão da ditadura militar brasileira. Através da surpreendente vida do ex-presidente da Ultragaz, Henning Boilesen, assassinado pela guerrilha em 1971, o documentário revela a ligação política e econômica entre civis e militares no combate à luta armada. Com dezenas de entrevistados, vasto material iconográfico e inéditos documentos até então secretos. Cidadão Boilesen discute o período mais brutal da recente história brasileira.



20. ELES NÃO USAM BLACK-TIE (1984), de Leon Hirszman. Em São Paulo, em 1980, o jovem operário Tião e sua namorada Maria decidem casar-se ao saber que a moça está grávida. Ao mesmo tempo, eclode um movimento grevista que divide a categoria metalúrgica. Preocupado com o casamento e temendo perder o emprego, Tião fura a greve, entrando em conflito com o pai, Otávio, um velho militante sindical que passou três anos na cadeia durante o regime militar.

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